Mila Gaudencio, consultora financeira do will bank, aponta questões sociais e raciais que impactam o peso da ascensão financeira
Em um cenário onde
duas pessoas compartilham o mesmo cargo, salário e oportunidades, por que uma
delas consegue realizar sonhos e prosperar financeiramente enquanto a outra
permanece estagnada ou leva mais tempo para alcançar os mesmos objetivos? É
neste contexto que, muitas vezes, se encontram as pessoas que são os primeiros
da família a ascender social e financeiramente.
Um dos principais
efeitos dessa questão está conectado com seu grupo mais próximo: a família.
Embora conselhos como “não empreste seu cartão” ou “não assuma dívidas de
familiares” sejam comuns, eles estão apenas na superfície de um problema mais
profundo, especialmente para aqueles que são a primeira geração de suas
famílias a alcançar ascensão financeira. De acordo com dados do estudo de
Dismorfia Financeira, 16% dos brasileiros já emprestaram o cartão de crédito ou
pediram dinheiro emprestado para amigos e familiares.
Mila Gaudencio,
consultora financeira do will bank, entende que ser o primeiro da família a
alcançar sucesso financeiro é uma conquista significativa, mas também traz a
pressão de ser o pilar da esfera familiar. “O caminho até o sucesso costuma
ser, para muitos, pavimentado pelo sacrifício de familiares que, mesmo com a
escassez de recursos, investiram tudo o que tinham. As sensações de empatia e
dívida moral são compreensíveis diante da situação, mas o sucesso só se
sustenta se for equilibrado com limites. O maior desafio é encontrar maneiras
de ajudar sem comprometer a própria estabilidade”, explica.
Esses desafios, segundo Mila, têm raízes de uma herança histórica do Brasil que envolvem questões sociais e raciais. “A história do Brasil, marcada pela exploração e abolição sem reparação, gerou um contexto em que a ascensão individual, principalmente para pessoas negras, é cercada por expectativas e pressões. A ausência de políticas de inclusão econômica, social e educacional dos libertos, junto à persistência de práticas discriminatórias, criou um legado de desigualdade que persiste até hoje”, ressalta.
Para conseguir
equilibrar sucesso e responsabilidade familiar, a consultora do will bank traz
dicas para aqueles que são os primeiros da família a ascender financeiramente:
1. Converse
sobre limites: abra um diálogo com seus familiares sobre suas metas e como você
pode ajudar de forma sustentável.
2. Tenha um
fundo específico para familiares: separe uma quantia mensal destinada a ajudar,
sem comprometer seu orçamento principal.
3. Eduque sua
família: compartilhe conhecimentos sobre gestão financeira para que todos
entendam a importância da educação financeira. Quando a família se educa
financeiramente, os pedidos de ajuda diminuem e todos crescem juntos.
4. Priorize
sua saúde financeira e emocional: Lembre-se de que seu bem-estar é fundamental
para continuar crescendo e apoiando os outros.
O sucesso
financeiro deve ser uma oportunidade para gerar impacto positivo, mas precisa
ser equilibrado, com limites claros. “Quem cresce quando você cresce?”: a
resposta não deve ser um fardo. Ao crescer, é possível encontrar equilíbrio
para apoiar a família sem se afundar em dívidas, transformando o crescimento
individual em um legado coletivo e duradouro.
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