A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) entende ser desnecessária qualquer proposta de emenda constitucional voltada à redução da jornada de trabalho. Em primeiro lugar, porque seria matéria redundante, pois a minirreforma trabalhista de 2017 já estabelece prerrogativas plenas aos trabalhadores e empregadores de definirem a carga horária, em livre e soberana negociação, de acordo com as peculiaridades do ramo de atividade, fluxos operacionais específicos de cada empresa, fatores regionais e de mercado. E há numerosos setores e empresas no País nos quais a jornada já é menor e de apenas cinco dias semanais.
Mais grave do que a redundância seria a imposição
legal de uma jornada menor, que, desde 2017, já pode ser estabelecida
livremente nos acordos coletivos e individuais. Porém, o caráter compulsório de
uma carga horária reduzida desrespeitaria direitos conquistados por todas as
partes envolvidas e interferiria de modo contundente nos modelos de trabalho de
numerosas empresas brasileiras, em especial do setor industrial, aumentando
custos, impactando a produção, a logística e as estratégias de abastecimento do
mercado.
A criação de empregos, frequentemente citada como
justificativa para a redução legal da jornada, está mais diretamente ligada ao
crescimento econômico sustentável. O Brasil enfrenta desafios significativos em
termos de produtividade, que está estagnada há duas décadas. Uma redução impositiva
da jornada poderia agravar esse quadro, especialmente para micro e pequenas
empresas, que são fundamentais para nossa economia.
O futuro do trabalho no Brasil deve ser construído
sobre bases sólidas de diálogo e negociação. Precisamos encontrar um equilíbrio
entre a proteção dos direitos e a necessidade de manter nossa economia
competitiva e dinâmica. As negociações entre as partes interessadas, em
especial por meio de convenções coletivas entre as entidades representativas
das distintas áreas de atividade, respeitando marcos legais básicos, continuam
sendo o melhor caminho para adaptar as relações trabalhistas às realidades
específicas de cada setor e região do País.
Associação
Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).
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