Considerada
problema mundial de saúde pública, insuficiência já atinge uma em cada dez pessoas
no mundo; no Brasil, mais de 126 mil dependem de hemodiálise
A doença renal crônica atinge 10% da população do
planeta e é considerada atualmente um problema de saúde pública em todo o
mundo. No Brasil, mais de 126 mil pessoas fazem diálise, dependem de máquinas
para substituir os rins, segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia
(SBN). Celebrado desde 2006, o Dia Mundial do Rim chama a atenção para o
crescimento das estatísticas e estimula os cuidados com a saúde renal. A data é
celebrada em toda quinta-feira de março. Neste ano, será no dia 14, com ações
em diversos países. No Brasil, a campanha já ganhou adesão de personalidades,
entre elas, o cantor Leonardo.
Um dos
principais desafios para conter o avanço da doença renal crônica é que ela é
“silenciosa” em suas fases iniciais e, na maioria dos casos, só é diagnosticada
quando as funções dos rins já estão severamente comprometidas. “As pessoas
podem perder até 90% da capacidade renal antes de identificarem os sintomas.
Quando a doença é descoberta no começo, o tratamento com medicamento e mudanças
no estilo de vida podem estacionar o processo ou retardar sua progressão,
evitando a necessidade de hemodiálise ou transplante”, afirma o médico
nefrologista Bruno P. Biluca, da Fenix Alphaville.
Todas
as pessoas, em qualquer idade, estão sujeitas a desenvolver a insuficiência
renal, mas o risco é maior depois dos 50 anos, para os hipertensos, diabéticos,
obesos e aqueles que têm histórico da doença na família, explica o
especialista. “A informação e a prevenção ainda são os melhores remédios para
preservar a saúde dos rins, por isso, a importância de campanhas como as que
são realizadas no Mês do Rim. Ainda é muito pequeno o número de pessoas que
fazem exames de urina e sangue anualmente e esses testes, simples e muito
acessíveis, já são suficientes para identificar que há algo errado com os
rins”, diz Biluca. O médico esclarece as principais dúvidas sobre as doenças
renais, seus sintomas, prevenção e tratamento:
O que é a doença renal crônica?
A insuficiência renal crônica é a perda lenta e
gradual do funcionamento dos rins, órgãos responsáveis pela produção de urina,
pelo equilíbrio químico do organismo e pela eliminação do excesso de líquidos e
sais minerais do corpo. Os rins também ajudam a controlar a pressão arterial,
participam da formação dos glóbulos vermelhos do sangue e dos ossos.
Quais são os fatores de risco?
A diabetes e a hipertensão são os principais fatores
de risco para a doença renal crônica. Juntas, essas doenças estão ligadas a
pelo menos 60% dos casos de pacientes em diálise no País. Outro fator
importante é a obesidade. Os obesos têm muito mais chances de ter pressão alta
e níveis elevados de glicose no sangue, e a possibilidade de desenvolverem DRC
é oito vezes maior. Idosos e pessoas com histórico de doença renal na família
também estão no grupo de risco. O uso indiscriminado de anti-inflamatórios e o
fumo contribuem para desencadear problemas renais.
Como identificar que há algo de errado com os rins?
A doença renal crônica,
em geral, é assintomática nos seus estágios iniciais e alguns sinais podem ser
confundidos com outros problemas, como a dor nas costas, inchaço nas pernas,
fraqueza, náusea e vômitos. Na dúvida, o melhor é consultar um médico. Outros
sintomas são alterações na cor da urina (mais escura ou avermelhada), urina com
espuma ou com odor forte, dificuldade de urinar, queimação ou dor quando urina
e urinar muitas vezes, principalmente à noite e em pequenas quantidades.
Como é
feito o diagnóstico?
Dois exames indicam alterações no funcionamento dos rins, o
de urina tipo 1 e a dosagem de creatinina no sangue. Apesar de muito simples e
acessíveis, a maioria das pessoas ignora a importância de fazer essa
investigação regularmente. Assim como a mamografia e o exame de próstata são
realizados anualmente para diagnosticar precocemente o câncer, esses testes
devem ser incluídos na rotina de saúde.
A
insuficiência renal crônica tem cura?
Ainda não há cura para a doença renal crônica, que é
progressiva e irreversível. O diagnóstico precoce aumenta as chances de
estabilizar a perda das funções renais, retardar sua progressão, diminuir os
sintomas e evitar outras complicações, como problemas no coração, nos ossos e
anemia. No estágio inicial, o tratamento é conservador, com o uso de
medicamentos, adoção de uma dieta adequada, controle de doenças associadas e
mudanças no estilo de vida. Quando a doença atinge fases mais avançadas, é
preciso fazer hemodiálise (filtração do sangue por uma máquina) ou transplante.
É
possível prevenir?
A saúde dos rins está diretamente ligada à saúde do organismo
em geral e a adoção de um estilo de vida mais saudável ajuda a proteger o órgão
de lesões. Isso inclui a prática de exercícios físicos regularmente e uma
alimentação equilibrada e o mais natural possível, evitando produtos
industrializados, o excesso de sal, açúcares e gorduras, e reduzindo o consumo
de carne vermelha. Para se proteger dos fatores de risco, é importante fazer o
controle da pressão arterial, colesterol e glicose. Outras dicas são manter o corpo sempre
hidratado, não fumar ou usar medicamentos sem indicação médica.
A DOENÇA
RENAL EM NÚMEROS
1 a cada 10
Pessoas sofrem com
problemas renais crônicos no mundo
126.583
Pessoas em tratamento
dialítico no Brasil
40 mil
Novos pacientes em
hemodiálise no País em 2017
1 em cada 5
Homens e uma em cada
quatro mulheres entre 65 e 74 anos tem doença crônica no mundo
R$ 2,2 bilhões
Foram gastos pelo SUS com
tratamento de substituição da função renal (TRS) em 2015, cerca de R$ 200
milhões com transplante e R$ 2 bilhões com diálise.
Fontes: Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Sociedade
Internacional de Nefrologia (ISN) e Jornal Brasileiro de Nefrologia
SAIBA
MAIS
O Dia Mundial do Rim foi instituído pela Sociedade
Internacional de Nefrologia (ISN) e pela Federação Internacional de Fundações
Renais (IFKF) em 2006 e é celebrado sempre na segunda
quinta-feira de março. A cada ano, é escolhido um tema para as
ações. Nesta edição, será “Saúde dos Rins para Todos” e o objetivo é reduzir o
impacto da doença renal.
Foto: Reprodução
O cantor
sertanejo Leonardo em cena de vídeo da SBN sobre a
campanha do Dia Mundial do Rim 2019
Bruno P.
Biluca - médico nefrologista: prevenção e diagnóstico
precoce
são fundamentais contra aumento das estatísticas
Fenix
Alphaville