O recorte Trabalho
e Ocupação comprova que, a partir dos 65 anos, a composição da renda pessoal
sofre mudanças e desencadeia uma série de repercussões. Muitos chegam à
maturidade dispostos e com desejo (e necessidade) de trabalhar. O desafio é compreender
as novas ferramentas tecnológicas e manter a mente atualizada. Entre os
entrevistados, 52% são aposentados (índice de 91% entre os 75+); 15% são
funcionários de empresas em tempo integral (o maior índice, de 18%, está entre
os com 55 a 64 anos).
Nesse exato minuto, enquanto milhões debatem a
forma de lidar com a geração millennials, o planeta envelhece. Os
números não mentem. No mundo, há 962 milhões de pessoas com mais de 60 anos; no
meio do século XXI, a população sênior passará dos 2,1 bilhões, de acordo com a
Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil de 2050, os prateados serão mais
de 68,1 milhões, enquanto as crianças e adolescentes com até 14 anos serão 18,8
milhões, segundo a Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos,
em expectativas bastante conservadoras. Esse progresso demográfico – um
verdadeiro telhado branco no mundo, que cresce 3% ao ano – é resultado do
aumento da longevidade e da queda da taxa de natalidade, que deriva na redução
da proporção de crianças e no aumento na população madura. Classificado como Tsunami
Prateado, esse mar de gente deve ser visto como um desafio, mas
também uma força positiva para a economia e uma oportunidade social; sobretudo
no Brasil, onde já temos mais avós do que netos.
Para entender, de forma aprofundada, os brasileiros
com mais de 60 anos e o impacto dessa revolução socioeconômica no país, a
pesquisa quantitativa e qualitativa Tsunami Prateado– conduzida pela
Pipe.Social e Hype60+, com 2.242 seniores. O mapeamento traz um panorama
inédito sobre o estilo de vida, autoimagem, hábitos de consumo e relação com a
cidade dos brasileiros prateados – além de mapear tendências de consumo focado
nessa população. Para uma análise completa, a pesquisa se divide em três
capítulos: Raio X de quem são e como vivem os prateados brasileiros;
Tensões
da longevidade: desafios da extensão do tempo; e Envelhecimento
2.0: um novo olhar para a maturidade. A pesquisa quantitativa e
etnográfica foi realizada nos meses de julho e agosto.
TRABALHO & OCUPAÇÃO | Sempre fui
financeiramente independente e agora não é diferente, gerencio minhas rendas e
meus gastos–73% dos prateados entrevistados se identificam com
essa frase. A pesquisa comprova que, a partir dos 65 anos, a composição da
renda pessoal sofre mudanças e desencadeia uma série de repercussões. Muitos
chegam à maturidade dispostos e com desejo (e necessidade) de trabalhar. O
desafio é compreender as novas ferramentas tecnológicas e manter a mente
atualizada. Entre os entrevistados, 52% são aposentados (índice de 91% entre os
75+); 15% são funcionários de empresas em tempo integral (o maior índice, de
18%, está entre os com 55 a 64 anos).
56% dos brasileiros 55+ se identificam
com a frase “minha rotina na semana é bem intensa, com muitas atividades fora
de casa”; 21% são autônomos; e 8% empresários. Esses dados mostram que a rotina
está longe do imaginário coletivo do idoso isolado em casa. A pesquisa mostra
que 47% afirmam ter descoberto, recentemente, talentos que nem sabia que
possuía; 59% acham importante continuar os estudos e a conexão com as novidades
da área profissional que exerce/exercia.
Mesmo ativos, há relatos de preconceito em setores
da economia que historicamente não incluem os maduros nos planos de carreira;
entre os entrevistados com mais de 55 anos, 24% afirmaram que não existem vagas
no mercado de trabalho para pessoas maduras. A geração baby
boomersé a primeira a se aposentar mais tarde, ou seja, querem
estar ativos por mais tempo e veem os novos formatos de trabalho como uma oportunidade
para continuar na ativa por menos horas; administrar o trabalho com lazer sem
impactar os sonhos da aposentadoria – e ter uma renda necessária ao
planejamento financeiro para a longevidade. O trabalho voluntário ganhar espaço
na rotina: 23% afirmam realizar alguma atividade voluntária semanal; entre os
75+, 12% afirmam que esse trabalho é diário; 34% desejam, no futuro, se dedicar
a trabalhos voluntários.
ECONOMIA PRATEADA | De acordo
com definição do Oxford Economics, a economia prateada é a soma de todas as
atividades econômicas associadas às necessidades das pessoas com mais de 50
anos – e os produtos e serviços que elas consomem diretamente ou virão a
consumir no futuro. Dados do Bank of America Merrill Lynchapontam
que a silver economytem movimentado, no mundo, cerca de US$ 7,1
trilhões anuais, o que confere à economia prateada o status de terceira maior
atividade econômica do mundo. O consumidor brasileiro maduro movimenta cerca de
R$ 1,6 trilhão por ano. No país, 86% dos brasileiros com mais de 55 anos têm
renda própria; entre os com 75 anos ou mais, esse índice é de 93%.
Entre as principais fontes de renda na faixa etária
de 55 anos a 64 anos, estão a aposentadoria (39%), trabalho profissional (49%),
rendimentos de aluguéis (6%), aplicações financeiras (3%) e plano de
previdência privada (2%); entre os com mais de 65 anos, as porcentagens são
69%, 22%, 3%, 2% e 4%, respectivamente. Seis em cada 10 dos brasileiros 55+ têm
uma renda individual que representa 50% da renda bruta familiar. Os prateados
brasileiros são bancarizados – 93% na média geral; 98% entre os da classe A; e
83% das classes C, D e E – e investem em produtos e serviços para o futuro.
O poder de compra dos sêniores deve superar os R$
30 trilhões no mundo, em 2020 – de acordo com a pesquisa Consumer
Generations. Na prática, eles estão no centro da economia familiar
e são responsáveis pela maior fatia da renda da família e da gestão financeira
do lar. Entretanto, a relação dos seniores com compra e consumo já não é a mesma.
A partir dos 75 anos, a relação de compra de um produto ou serviço passa a ser
menos emocional: apenas 25% afirmam que é um momento de prazer; 33% afirmam que
é necessário e só sai para comprar quando precisa; 24% associam com uma
oportunidade de conversar e ver outras pessoas; e 7% classificam como um
momento complicado pelas filas, dificuldade de enxergar o preço, vendedores com
pouca paciência. Esses índices, na faixa etária de 55 a 64 anos, são: 49%, 44%,
18% e 4%, respectivamente; dos 65 a 74 anos, respectivamente, 42%, 51%, 16% e
3%.
Há menos prazer em comprar para si próprio e ocorre
a terceirização dessa necessidade. Enquanto de 55 a 64 anos, 40% respondem que
gostam de comprar coisas para si (vestuário, beleza e objetos pessoais), entre
os com mais de 75 anos esse índice cai para 22%. Os espaços de compra também
mudam com a idade; para os com mais de 75 anos, a rotina no bairro é um drive
de compra e 61% afirmam que preferem lojas de rua e espaços abertos como feiras
livres; 34% preferem shopping e centros comerciais; 3% compram pela internet.
De 55 a 64 anos, esses índices são 26%, 61% e 13% respectivamente; de 65 a 74
anos, são 30%, 60% e 9%, respectivamente. Nesse contexto, o atendimento é um
atributo que ganha valor entre os prateados mais velhos – embora o preço
acessível lidere em todas as faixas etárias, com 76% entre 55 e 64 anos; 75%
até 74 anos; e 74% acima de 75 anos. Na segunda posição está a qualidade do
produto com 73%, 68% e 55%, respectivamente. Os serviços de entrega em casa são
valorizados: 37% têm o hábito de comprar dessa forma, sendo 79% comida pronta,
56% medicamentos e 47% eletrodomésticos, móveis e produtos para a casa.
METODOLOGIA DA PESQUISA
A pesquisa Tsunami60+contou com duas fases. Na
primeira, um mapeamento comportamental e econômico do segmento 60+ que contou
com workshope mentorias com especialistas do setor para desenho
de temas, fontes e editorias de conteúdo; desk researchmundial com temas e
tendências do setor em áreas de consumo e novas tecnologias, além de imersão em
pesquisas conduzidas por vários institutos nacionais e estrangeiros; produção
de artigos e conteúdos específicos para o setor do consumo prateado, assinados
por cinco especialistas do tema; e entrevistas em profundidade com mais de 10
especialistas nacionais e internacionais para debater as tendências detectadas
pelo mapeamento.
Na segunda fase, pesquisa quantitativa e
quantitativa – com abordagem etnográfica –com brasileiros prateados (acima de
55 anos). A análise foi conduzida em dois momentos, sendo o primeiro composto
por vivências nas residências de pessoas com mais de 60 anos, tendo por
objetivo conhecer in locoo estilo de vida, perfil, comportamento de consumo,
estrutura familiar e rotina. No segundo momento, reuniões com minigrupos com
convidados do anfitrião 60+, conduzido em residência para aprofundar a dinâmica
da rede de influência, temas relevantes e relação com o envelhecimento. No
campo qualitativo, 88 pessoas foram entrevistadas entre mulheres e homens das
classes AB e C, residentes nas capitais Belo Horizonte, São Paulo, Rio de
Janeiro, Porto Alegre e Recife; no quantitativo, a pesquisa contou com 2.242
pessoas – sendo 1.407 com idades entre 55 e 54 anos; 620 de 65 a 74 anos; e 215
com mais de 75 anos. Foram 550 entrevistados da classe A; 1.212 da classe B; e
480 das classes C, D e E. As entrevistas foram conduzidas nas regiões Sul,
Sudeste, Nordeste, Norte e Centro-Oeste.
Na fase quantitativa foram incluídos brasileiros a
partir de 55 anos para que se pudesse comprovar as tendências comportamentais
identificadas em idades posteriores – ou seja, entre os indivíduos de 60 a 64
anos, período em que se tende a viver sem grandes mudanças de opinião e
atitude. Dessa forma, no relatório, o grupo de 55 a 64 anos representa
tendências de comportamento para a longevidade. O report ressalta
que as mudanças sentidas em função da idade nos 60+ sofrem grandes alterações
nos 75+.
Para uma análise completa, a pesquisa se divide em
três capítulos. No primeiro, um Raio X de quem são e como vivem os prateados
brasileiros, mapeando aspectos como saúde e cuidados; relações
afetivas e sexualidade; trabalho e ocupação; tecnologia (posse e uso); relação
com a cidade; lazer e viagens; compra e consumo. No segundo capítulo, as Tensões da
longevidade: desafios da extensão do tempo. Nele, análises
sobre mais tempo na aposentadoria (planejamento financeiro e espaço de
trabalho); mais tempo no consumo (ofertas e marcas para os 60+); mais tempo na
cidade (espaços e agendas para os 60+); mais tempo em família (ninho cheio e
geração sanduíche); e mais tempo no corpo (desafios com a saúde e dependência).
No terceiro capítulo – Envelhecimento 2.0: um novo olhar para a maturidade
– o propósito de vida versus papéis (a busca pelo
pertencimento) e oportunidades do envelhecimento (novos negócios e ofertas).
COORDENADORAS
DA PESQUISA
Layla Vallias -
cofundadora do Hype60+, núcleo de inteligência de marketing especializado no
consumidor sênior. Foi diretora do Aging 2.0 São Paulo, organização de apoio a
empreendedores com soluções para o envelhecimento em mais de 20 países.
Mercadóloga de formação, com especialização em Marketing Digital pela
Universidade de Nova York; trabalhou com desenvolvimento de produto na Endeavor
Brasil.
Livia
Hollerbach - cofundadora da Pipe.Social,
vitrine de negócios de impacto no Brasil, e da Alas Conhecimento+Estratégia,
consultoria de pesquisa e inovação. Publicitária com pós-graduações em
Antropologia Social (Universidad de Barcelona); em Coolhunting (Universidad
Ramon Llu); e em Dinâmica dos Grupos (Sociedade Brasileira de Dinâmica dos
Grupos). No campo de pesquisa há mais de 15 anos, foi gerente de projetos na
Expertise e na Voltage no Brasil; e executiva de contas na Millward Brown
Barcelona. Foi cofundadora de A Corrente do Bem no Brasil, que integra o
movimento colaborativo internacional Pay It Forward Day.
Mariana
Fonseca - cofundadora da Pipe.Social, vitrine de negócios
de impacto no Brasil, e da Mariposa, empresa que conduz curadoria e produção de
conteúdo sobre tendências, tecnologias e impacto. A jornalista é especialista
em Globalização, Mídia e Internacionalização pela Universidade Panthèon Assas,
em Paris; conta com formações em Tecnologias Exponenciais e Inovação pela
Singularity University, na NASA, no Vale do Silício e pelo TIP, Hebrew University,
em Israel. Além de cursos especializados como Creating Shared Valued, da
Harvard Business School. Ajudou a criar e foi editora-chefe do Porvir –
plataforma que mapeia inovação em educação no mundo. Foi cofundadora de A
Corrente do Bem no Brasil, que integra o movimento colaborativo internacional
Pay It Forward Day. Foi editora-assistente do Le Monde Diplomatique Brasil e
trabalhou com engajamento cívico pela Webcitizen, TEDxSP e TEDxAmazonia.
REALIZADORES
HYPE60+
PIPE.SOCIAL