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terça-feira, 16 de outubro de 2018

Será que meu filho está viciado na internet?


Em mundo globalizado e cada vez mais conectado, é quase impossível proibir crianças e adolescentes de usarem a tecnologia. Porém, se seu filho (a) fica excessivamente preocupado com o sinal do wi-fi quando sai de casa, sente necessidade cada vez maior de ficar conectado, anda muito irritado (a) ou depressivo (a), apresenta ataques de ansiedade quando não pode usar o celular, passa mais tempo online do que em passeios ou com os amigos e mente sobre o tempo gasto com a internet, atenção!

Estes podem ser indícios de que a dependência da internet está se instalando. Segundo um estudo publicado no Cyberpsychology, Behavior and Social Networking, que avaliou 89 mil pessoas em 31 países, a dependência da internet afeta cerca de 6% da população global.

Para a neuropsicóloga Thaís Quaranta, os pais realmente precisam prestar mais atenção na questão do uso da tecnologia pelos filhos. “As crianças e adolescentes costumam adotar os padrões de comportamentos da família, ou seja, dos pais. Assim, se os pais usam demasiadamente o celular, a internet, as mídias sociais ou até mesmo o vídeo game, estão contribuindo para que a criança ou o adolescente siga este mesmo padrão”, comenta.

E por falar nos pais, um estudo divulgado este ano, avaliou a associação entre o vício de adolescentes na internet com o relacionamento parental. Os resultados mostraram que a pouca disponibilidade materna é um preditor da dependência. “Este é um achado muito importante, pois corrobora com a percepção que temos das dinâmicas familiares atuais. Pais cada vez mais ocupados e menos presentes. Os eletrônicos, em muitos casos, acabam sendo usados para preencher esse espaço, essa ausência parental”, reflete Thaís.


Um cérebro vulnerável
 
O grande problema, de acordo com a neuropsicóloga, é que um cérebro em formação, como é o caso das crianças e dos adolescentes, é mais vulnerável à dependência. “Há inúmeros efeitos negativos bem documentados pela literatura. Depressão, isolamento social, ansiedade, distúrbios do sono, déficit de atenção e queda do desempenho escolar. Todas essas condições podem ser causadas quando o uso da tecnologia ultrapassa os limites”, explica Thaís.

Outro ponto levantado pela neuropsicóloga é que houve uma mudança importante relacionada a inversão da hierarquia geracional. “Hoje, as crianças e adolescentes já nascem em um mundo altamente tecnológico. É muito comum que ensinem os pais a usarem o celular, o computador e outros dispositivos. Esse conhecimento digital pode criar um ambiente familiar menos equilibrado, dificultando que os pais delimitem o uso da tecnologia, pois perdem a autoridade”, diz.


Pais precisam se empoderar
 
O mais importante é que os pais, em um primeiro momento, avaliem o próprio comportamento em relação ao uso da tecnologia. Não é possível exigir da criança ou do adolescente um modelo diferente daquele que existe.

"sso quer dizer que se os pais usam o celular na hora das refeições em família, por exemplo, e dedicam mais tempo para a tecnologia do que para os próprios filhos, a mudança precisa começar por eles. Depois, é fundamental retomar a autoridade e impor limites. Crianças e adolescentes precisam disso”, ressalta Thaís.

Veja algumas dicas da neuropsicóloga para ajudar os pais na educação digital, evitando que a tecnologia se torne um problema. Confira:
 
  1. Dose certa: Proibir o uso não irá funcionar. Assim, é preciso definir o tempo que poderá ser dedicado ao vídeo game, mídias sociais, internet, etc. Os pais podem e devem controlar o conteúdo acessado. Hoje em dia é possível colocar senhas e usar aplicativos para bloquear conteúdos inapropriados para menores de idade. Lembrando que para crianças menores de 2 anos, o uso de qualquer tipo de dispositivo é contraindicado, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria.
  2. Atenção aos comportamentos: Ninguém melhor que os pais para conhecerem os seus filhos. Portanto, mudanças nos comportamentos, queda do desempenho escolar, perda ou ganho de peso, alterações no sono, irritabilidade e ansiedade devem ser investigados, pois podem ter relação com o uso abusivo da tecnologia.
  3. Presença e disponibilidade: Crianças e adolescentes precisam de pais presentes e disponíveis. Não adianta a mãe ou pai sentar para brincar com a criança com o celular na mão. É preciso dedicar um tempo de qualidade e isso implica em estar disponível por completo, inclusive sem o celular por perto ou a TV ligada. 
  4. Locais estratégicos: Uma dica importante é não instalar computadores no quarto das crianças e adolescentes e, se possível, nem televisores. Claro que temos os dispositivos móveis, como celulares e tablets, que também devem ter o uso supervisionado pelos pais.
“A tecnologia, a internet e as mídias sociais fazem parte do mundo atual e do contexto social em que vivemos. O mais importante é fazer um bom uso e estar consciente de que os pais são responsáveis por limitar e supervisionar o uso, assim como são os modelos de comportamento para os filhos. Além claro de prestar atenção aos sinais que possam indicar um atitude de dependência destes dispositivos”, finaliza Thaís.


Vício em jogos pode ser considera um transtorno psicológico?


Você conhece alguém que passa horas e horas na frente da tela do computador ou no videogame jogando sem parar? Se sim, já se perguntou se esse hábito é normal? Com a popularização dos jogos para computador e consoles, o número de adeptos cresceu, conquistando pessoas de diferentes idades. Segundo a Pesquisa Game Brasil, realizada entre fevereiro e março de 2018 pela Sioux Group, agência de tecnologia interativa, 75,5% dos brasileiros jogam algum tipo de game, independente da plataforma.

Diante dessa nova realidade, a Organização Mundial da Saúde (OMS) revisou seu manual de classificação de doenças e incluiu este ano a compulsão por jogos virtuais como um distúrbio na condição de saúde mental. Por dez anos, a entidade monitorou o comportamento de players até chegar à conclusão de que alguns deles apresentavam um distúrbio mental, preferindo jogar a qualquer outra atividade ou hobby. A agência de saúde da ONU afirma que os casos são raros e atingem cerca de 3% dos jogadores.

A inclusão dos games no Manual de Doenças da OMS é um grande avanço e permitirá que pessoas que sofrem com essa desordem possam encontrar tratamentos adequados, seja por meio do serviço público ou particular. Assim como em outros transtornos, é necessário buscar por cuidados psicológicos adequados. Porém, por desconhecimento, más experiências ou preconceito, muitos ainda resistem em procurar auxílio profissional, o que ocasiona em uma piora no quadro e pode desencadear outros problemas, como a depressão, por exemplo.

Para ser considerado um vício, o comportamento compulsivo deve ser recorrente por pelo menos um ano. O principal sintoma da desordem se dá quando uma pessoa abre mão de tarefas simples do cotidiano como trabalhar, estudar, se alimentar corretamente ou cuidar da sua higiene pessoal, para continuar jogando.

Para facilitar o acesso a um tratamento adequado, a partir de novembro, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) permitirá que profissionais de psicologia realizem sessões de terapia online. Para quem está pensando em buscar por ajuda via web, é importante frisar que conhecer a empresa que está oferecendo esse tipo de serviço é essencial.

Para aqueles que pensam em recorrer ao auxílio de psicólogos a fim de resolver esse tipo de distúrbio, a internet se tornará uma ótima aliada. Porém, se tiver qualquer dúvida em relação à dependência por jogos eletrônicos, a dica é buscar por atendimento o quanto antes. Se os games têm interferido na sua rotina, talvez tenha chegado a hora de buscar por um especialista para garantir que sua qualidade de vida não seja afetada.






Milene Rosenthal - co-fundadora da TelaVita, marketplace de saúde que conecta profissionais da psicologia a pacientes e psicóloga especializada em Terapia Cognitiva com certificações em Cybercounsellor pela Universidade de Toronto.



Descubra se os alimentos realmente podem nos viciar


Médica explica a compulsão alimentar e o que fazer para eliminá-la


Quem nunca ouviu falar em alguém que não passa um dia sequer sem comer um chocolatinho? Ou que diz sentir dor de cabeça se não tomar uma xícara de café pela manhã? É por esses e outros depoimentos que, desde a década de 1960 existem diversos estudos que avaliam se realmente somos passíveis do vício ao alimento.

A médica Tassiane Alvarenga, endocrinologista e metabologista, conta que temos uma região cerebral chamada núcleo accumbens que é onde está o nosso sistema de recompensa, com vias responsáveis pela sensação de prazer que vem desde ver uma bela paisagem, saborear um alimento, praticar atividade física, entre outros. “O prazer é quimicamente determinado, ou seja, é preciso que uma substância química liberada pelo corpo ative essas vias para que possamos sentir esse bem-estar”, diz.

Mas, como isso se aplica aos alimentos?
Segundo a médica, o único alimento que tem comprovação científica de que realmente vicia é a cafeína. Artigos recentes falam em vício em comida em geral, mais do que em açúcar.
E para que isso ocorra, depende de quatro fatores:

- A substância: “comidas processadas e industrializadas, ricas em açúcar, sal e gorduras têm mais chances de causar compulsão do que frutas, por exemplo”, diz a Dra. Tassiane.

- O modo como essa substância é absorvida pelo organismo: como exemplo, a médica cita a folha da coca que, ao ser mastigada, não é viciante, mas quando refinada em cocaína, vicia rapidamente. “Os carboidratos simples, pela rápida absorção, podem ativar áreas cerebrais que predispõe ao vício.”

- Predisposição genética: 90% das pessoas se expõem ao álcool durante a vida, mas entre 5 a 10% viram alcoólatras por terem essa hereditariedade. 

- Personalidade, comportamento e situações de vida: tédio, stress e mau humor em pessoas com a personalidade mais impulsiva, levam ao comer emocional, pois alimentos ricos em açúcar ativam a área de prazer e recompensa do cérebro. “É gratificante, predispõe ao vício.”

É por isso que, para tratar a compulsão alimentar é preciso olhar esses quatro fatores, evitando o contato com a substância, melhorando a absorção de nutrientes no organismo com a substituição dos refinados pelos integrais – por exemplo --, tratando a hereditariedade e o comportamento.

“A pessoa pode achar o gatilho da compulsão e mudar seus hábitos para ganhar mais vida e saúde”, conta a médica, que é contra vilanizar alimentos. “Todos os nutrientes trazem benefícios, mas precisam da dose certa para isso”, conclui.







Dra. Tassiane Alvarenga - Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU;Residência Médica em Clínica Médica pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP; Residência Médica em Endocrinologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FM USP); Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia- SBEM; Membro da Endocrine Society, SBEM e ABESO; Faz parte do Corpo Clínico  da Santa Casa de Misericórdia de Passos.


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