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terça-feira, 31 de julho de 2018

Sarampo assusta o Brasil

Amazonas e Rondônia são responsáveis por quase 100% dos casos, mas no Rio de Janeiro, São Paulo e Pará também houve ocorrências



O sarampo é uma doença viral, altamente contagiosa, que pode evoluir com complicações graves. A despeito de evitável por uma vacina disponível, segura e eficaz, ainda é importante causa de morte no mundo, principalmente em crianças.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que em 2016 tenham ocorrido 90.000 óbitos relacionados ao sarampo . No Brasil, foram confirmados 822 casos da doença e 3831 estão sendo investigados.

A região Norte do país é a mais atingida, com 97% dos casos, principalmente no Amazonas e em Rondônia. Mas estados do Sudeste, como São Paulo e Rio de Janeiro, também registraram ocorrências de sarampo.


A doença

A Comissão Nacional Especializada de Vacinas da FEBRASGO (Federação Nacional das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) detalha que o sarampo é uma doença infecciosa causada por um vírus RNA da família Paramyxoviridae, gênero Morbillivirus. A transmissão ocorre a partir do contato direto de gotículas de secreções respiratórias de pessoas infectadas. É altamente contagiosa; sem imunidade, 90% adquirem a infecção em contato com um caso de sarampo.

O período de incubação dura de 7-21 dias até o aparecimento do exantema. Os sintomas clássicos do sarampo incluem, além do exantema, febre alta, tosse, coriza e conjuntivite. O exantema característico inicia poucos dias após o surgimento da febre e se caracteriza por ser maculopapular, eritematoso, generalizado, frequentemente pruriginoso, iniciando na face e progredindo em direção aos membros inferiores. As manchas de Koplik na mucosa oral são patognomônicas da doença, mas não são frequentemente visualizadas. A transmissão de uma pessoa para outra inicia quatro dias antes do quadro de exantema e persiste por mais quatro dias.

As complicações mais frequentes são diarreia, otite, pneumonia (pelo próprio vírus do sarampo ou secundariamente, por bactérias) e encefalite. É geralmente mais grave em desnutridos, gestantes, recém-nascidos e pessoas portadoras de imunodeficiências. Em gestantes, pode causar aborto espontâneo e parto prematuro, embora não sejam conhecidos casos de malformações congênitas associadas à infecção pelo sarampo .

Tratamento

Não existe tratamento específico.


Epidemiologia no mundo

Segundo a OMS, até junho de 2018, foram mais de 130 mil casos suspeitos e quase 82 mil confirmados. A doença ocorre em todos os continentes. Chama atenção o número de casos na Europa, com quase 22 mil casos confirmados em 2018, sendo as maiores incidências na Ucrânia, Sérvia, Itália, Geórgia, Romênia, França e Rússia, relacionados ao principal genótipo circulante, B3 .


Epidemiologia na América

Nas Américas são 1.209 casos confirmados em 2018, em 11 países. A grande maioria dos casos ocorreram na Venezuela (surto desde julho de 2017), seguida do Brasil, Estados Unidos e Colômbia. Principal genótipo circulante: D8 .


Prevenção

A vacina sarampo é a forma mais eficaz de prevenir a infecção. Atualmente utiliza-se a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e/ou a tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela).

Outras medidas:
  • cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;
  • lavar as mãos com frequência com água e sabão, ou então, utilizar álcool em gel;
  • não compartilhar copos, talheres e alimentos;
  • procurar não levar as mãos à boca ou aos olhos;
  • evitar aglomerações ou locais pouco arejados, sempre que possível;
  • manter os ambientes frequentados sempre limpos e ventilados;
  • evitar contato próximo com pessoas doentes.


Vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)

Composta por vírus vivos atenuados, é uma vacina bastante segura e efetiva. Para o componente sarampo é relatada uma efetividade de aproximadamente 93% com uma dose e 97% com duas .

O PNI recomenda a vacina tríplice viral de rotina para todas as crianças com um ano de idade e uma segunda dose aos 15 meses com a vacina tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela).

A tríplice viral também está recomendada e disponível na rede pública até os 29 anos (em duas doses, com um mês de intervalo) e em dose única até os 49 anos de idade. Para profissionais da saúde, disponibilizada em duas doses, independente da idade .

As Sociedades científicas brasileiras, incluindo a FEBRASGO, preconizam duas doses da vacina, independente da profissão ou da idade [8-10].


Importante saber: uso da vacina no Brasil

No Brasil, o estado de São Paulo foi o primeiro a introduzir a vacina tríplice viral no ano de 1992 e, no restante do País, em 2003. Em 2013, a primeira dose de tríplice viral foi mantida aos 12 meses e incluída a tetra viral como segunda dose, recomendada, agora, aos 15 meses de idade. Em 2017, pela situação epidemiológica da caxumba, foi ampliada a faixa etária de recomendação da tríplice viral na rede pública para pessoas com até 49 anos. Para profissionais da saúde e aqueles até os 29 anos, ficou disponibilizada em duas doses.

Desde 2003, houve campanhas de vacinação contra sarampo e rubéola e foram utilizadas vacinas tanto duplas como tríplices virais. Frequentemente, essas vacinas aplicadas não são/foram registradas em Cadernetas de Vacinação.


Pós-exposição

A vacina administrada até 72 horas após contato pode prevenir a doença. A imunoglobulina humana padrão (IG) aplicada até seis dias após o contato pode prevenir ou modificar a doença.


Eventos adversos da Vacina

Em geral leves e transitórios. Artralgias e dores articulares em 25% dos adultos suscetíveis. Não há evidência na literatura de que a vacina cause autismo ou espectro autista.


Contraindicações e precauções

Alergia grave a qualquer componente da vacina; gestação, imunossupressão, doença aguda moderada a grave, transfusão de sangue. Alergia a ovo, mesmo grave, não é considerada contraindicação [8-10].


Importância do médico ser vacinado e prescrever a vacinação

A vacinação do médico e outros profissionais da saúde é recomendada, não só para protege-los, mas também para que não sejam fonte de infecção para seus pacientes, além de um incentivo para seus pacientes se vacinem.


Alerta Sarampo em 2018

O CVE- Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”, da SES de São Paulo, em alerta do dia 18 de junho, informa que: frente ao cenário epidemiológico a situação do sarampo corresponde ao Nível 3 de Resposta e Alerta, e recomenda: ALERTA TOTAL A QUALQUER CASO SUSPEITO DE DOENÇA EXANTEMÁTICA. Casos suspeitos de sarampo e/ou rubéola devem ser notificados em 24h; investigados em 48h; coletar o material biológico para diagnóstico laboratorial e implementar as medidas de prevenção e controle de maneira ampla e oportuna .




Juarez Cunha

Isabella de Assis Martins Ballalai




 
*** REFERÊNCIAS
OMS. Organização Mundial da Saúde. Disponível em: http://www.who.int/immunization/diseases/measles/en/
Cunha J, Krebs LS, Barros E. Vacinas e imunoglobulinas: consulta rápida. Porto Alegre: Artmed; 2009.
CEVS. Centro Estadual de Vigilância em Saúde. Estado do Rio Grande do Sul. Disponível em:http://www.cevs.rs.gov.br/upload/arquivos/201806/13142928-13-06-18-alerta-sarampo.pdf
CDC. Centers for Disease Control and Prevention. EUA. Disponível em: https://www.cdc.gov/measles/vaccination.html
Programa vacinal para mulheres. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia; 2017. 170p. (Série Orientações e Recomendações FEBRASGO; no.13/Comissão Nacional Especializada de Vacinas).
SBIm. Sociedade Brasileira de Imunizações. Calendários. Disponível em: https://sbim.org.br/calendarios-de-vacinacao
CVE. Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”. Estado de São Paulo. Disponível em:http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-de-transmissao-respiratoria/sindrome-da-rubeola-congenita-src/doc/sarampo18_alerta_18junho.pdf


Este documento tem o suporte da Comissão Nacional Especializada de Vacinas da FEBRASGO. Presidente: Dr. Júlio César Teixeira 



Contraceptivos de longa duração, mais seguros e eficazes


Com menos efeitos colaterais e comprovadamente mais eficazes, os contraceptivos de longa duração (LARCs), além de evitar gravidez indesejada, regulam o ciclo menstrual, ajudam na prevenção de doenças e podem ser usados continuamente por períodos prolongados.

Menos utilizados do que o preservativo e a pílula anticoncepcional, também são alternativas com melhor custo-benefício e ainda descartam a possibilidade de a mulher esquecer de tomá-los, já que são implantados no útero.

Existem quatro tipos de LARCs, o DIU (Dispositivo Intrauterino) em cobre e o em cobre e prata, o SIU (Sistema Intrauterino) e o implante subcutâneo. Funcionam impedindo que o espermatozoide chegue ao óvulo, evitando a fecundação ou, no caso do implante, inibindo a ovulação.

O ginecologista Andre Malavasi, Coordenador dos Representantes Credenciados da SOGESP (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo), apresenta algumas diferenças entre os métodos:

“O SIU contém um hormônio que é liberado continuamente, diminuindo o fluxo menstrual e podendo até prevenir a endometriose e a adenomiose, ou seja, o crescimento do tecido do endométrio fora do útero.  O que os difere é a durabilidade. Os DIUs podem durar, de acordo com o tipo, de 5 a 10 anos”.

As taxas de falhas dos LARCs são inferiores ao preservativo, à pílula e até à vasectomia.

“O SIU possui taxa de falha de 0,2%, enquanto o DIU de cobre e prata com cobre possui taxa de 0,9%. No implante, é de 0,05%.

A vasectomia falha em 0,15% dos casos. Então, o implante é três vezes mais eficaz que a cirurgia. A pílula anticoncepcional, se tomada de forma correta, ou seja, sem esquecer nenhum dia e ingerir nos mesmos horários, pode não evitar a gravidez em 0,3%. Se, por acaso, a mulher ficar um dia sem tomar, estiver sendo medicada com antibióticos, tiver diarreia ou vômito, essa taxa chega a 3% de falha”, compara Malavasi.



Outra vantagem dos LARCs é econômica. Malavasi faz as contas e mostra que o anticoncepcional de longa duração sai mais em conta do que as pílulas.

“O SIU custa R$ 900 e dura 5 anos Uma cartela de pílula sai por R$ 20. Multiplicando 20 por 12 meses, teremos R$ 240. Vezes cinco anos, R$ 1200”.

Porém, outro dado chama a atenção de médicos e usuárias de métodos contraceptivos. “Nenhum contraceptivo de longa duração causa trombose, enquanto as mulheres que fazem uso da pílula podem desenvolvê-la, além de sobrepeso, obesidade, varizes e, se a mulher é fumante ou apresenta trombofilia”, alerta Malavasi.

Menos 1% das brasileiras fazem uso dos LARCS e o médico pondera que “o principal motivo é o desconhecimento das vantagens do método e falta de acesso a eles, mas é importante frisar que existe uma ideia errada de que o DIU, por exemplo, causa infecções. Contraindicações? Apenas para grávidas, mulheres que têm ou já tiveram câncer ou que estão com infecção uterina aguda ou apresentam outras doenças graves”.


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