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quarta-feira, 16 de maio de 2018

Depressão infantil existe e pode atrapalhar o aprendizado da criança


Psicopedagoga fala sobre o problema e como os professores podem ajudar nesses casos
 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão é um transtorno mental que acomete mais de 350 milhões de pessoas em todo o mundo. Quem sofre com esse tipo transtorno pode vir a ter problemas em todas as áreas da vida, seja no trabalho, na escola ou no meio familiar. Apesar da grande maioria da população achar raro, os casos de depressão em crianças e adolescentes aumentam a cada dia. Dados revelados recentemente pela OMS mostraram que esse transtorno é a principal causa de incapacidade de realização das tarefas do dia a dia entre jovens de 10 a 19 anos. Aqui no Brasil estima-se que 1 a 3% da população entre 0 e 17 anos tenha algum quadro depressivo.

Uma criança pode ficar tão deprimida quanto um adulto, o grande problema é que, na maioria das vezes, tal comportamento pode ser interpretado de outra forma pelos pais ou responsáveis, prejudicando o aprendizado e a vida social da criança. Por esse motivo, segundo Ana Regina Caminha Braga, psicopedagoga, especialista em educação especial e em gestão escolar, pais e professores devem estar sempre atentos ao comportamento e as emoções da criança. “É muito importante manter uma relação próxima com a criança, ouvindo suas histórias e perguntando como foi seu dia, tentando entender a situação e ajudando a resolver o problema da melhor maneira possível”, explica.

Antigamente, crianças com depressão não tinham um auxílio adequado, ou profissionais capacitados para orientações. Hoje, o quadro é outro. Já existem profissionais prontos para identificar e diagnosticar o problema, criando programas que ajudem os pequenos a enfrentar tais dificuldades, ajudando na retomada de uma vida normal. Ainda segundo a especialista, crianças com quadro depressivo necessitam de uma ajuda especial para encontrar o prazer em estar em sala de aula. “O professor deve estar atento ao que acontece em sala, ao comportamento dos seus alunos, para poder ajudar de forma adequada cada criança, fazendo com que ela goste e se interesse em estar ali”, detalha.

Para Ana Regina, a atuação da equipe pedagógica também é de suma importância em todo esse processo. “O trabalho com essa criança tem que ser em conjunto. Precisamos articular para que ela se sinta confortável em todas as áreas, assim como estar atentos aos efeitos que esse trabalho vem causando. Só assim vamos conseguir possibilitar a recuperação efetiva da criança com depressão”.

Agora, se você quer evitar que seu filho tenha algum tipo de quadro depressivo, é importante ficar muito atento, pois as crianças desenvolvem muito cedo seu autoconceito em relação aos outros. “As crianças precisam de muita atenção. Elogie e incentive quando ela estiver fazendo alguma coisa. Ela precisa entender que é importante, que tem pessoas que gostam dela, que a respeitam e querem seu bem”, completa a especialista.



Crianças também podem ter AVC


Frequentemente associado a adultos, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode ocorrer em qualquer faixa etária. Recém-nascidos e crianças com doenças cardíacas, alterações dos vasos cerebrais ou doenças genéticas que propiciem a formação de trombos (coágulos que impedem a circulação do sangue) são mais propensas a sofrer com a enfermidade.

As causas do AVC infantil são distintas das que acometem adultos. Também diferem entre aqueles que ocorrem durante a gestação ou nas primeiras semanas de vida, os chamados AVCs perinatais, e os que acontecem após esse período.

“No caso de AVC perinatal, existem fatores de risco relacionados à gestante, como a hipertensão arterial sistêmica e diabetes, pré-eclâmpsia, uso de drogas ilícitas, e outros relacionados ao recém-nascido, como distúrbios hematológicos (no sangue), doenças cardíacas, infecções, traumas e desidratações. Já, entre os fatores de risco associados ao AVC na infância e adolescência, são mais comuns as doenças arteriais, as cardíacas e as hematológicas”, explica a neurologista Ana Carolina Coan, vice-coordenadora do Departamento Científico de Neurologia Infantil da ABN (Academia Brasileira de Neurologia).

O sintoma mais comum do AVC infantil é a paralisia de um dos membros ou de lado do corpo. Dificuldade de falar ou compreender o que ouvem e na articulação da fala, tontura, desequilíbrio e visão dupla também são observados. Diferente do que ocorre no adulto, em crianças outros sintomas comuns são crises epilépticas, dores de cabeça, confusão, irritabilidade e alterações do comportamento.

Nos episódios perinatais, o sintoma mais comum é a crise epiléptica. O recém-nascido pode apresentar-se sonolento ou com alteração do padrão da respiração. Muitas crianças ficam assintomáticas nas primeiras semanas ou meses de vida.

“Após o período neonatal, a criança pode apresentar qualquer sintoma ou sinal neurológio súbito”, reforça a neurologista.

O diagnóstico é feito a partir de exame de imagem, como tomografia. Em casos de recém-nascidos, eles podem eventualmente ser identificados em exame de ultrassom pré-natal.

O AVC na infância se diferencia dos ocorridos em adultos em relação aos fatores de risco, sintomas e também em relação ao tratamento. No caso de adultos, existe a possibilidade de usar medicação nas primeiras horas após o acidente, para dissolver o coágulo e diminuir as chances de sequelas neurológicas. Em crianças, a segurança e eficácia do uso dessa medicação ainda não foram determinadas.

Caso o responsável perceba que a criança ou o adolescente está tendo um AVC, deve encaminhá-la rapidamente para um serviço de emergência médica.

“Após esses primeiros cuidados da fase aguda, é importante prosseguir com a investigação das possíveis causas associadas ao AVC, além do início, o mais precocemente possível, de terapias de reabilitação, como fisioterapia, fonoterapia e terapia ocupacional. Esse passo é muito relevante, pois o AVC na infância apresenta impacto significativo no neurodesenvolvimento, com a possibilidade de dificuldades físicas e intelectuais a longo prazo”, explica a médica.

A boa notícia é que, em alguns casos, o AVC pode ser evitado. Há alguns fatores de risco associados aos AVCs na infância, como doenças gestacionais maternas que podem ser identificados e tratados, evitando-se, assim, a sua ocorrência.




Será que educar a criança em casa é bom para o seu desenvolvimento?


Você já deve ter ouvido falar do movimento dos pais que optam por educar as crianças em casa em vez de mandá-las para a escola. O homeschooling, termo adotado da língua inglesa, que quer dizer educação domiciliar, está rendendo várias polêmicas no Brasil, uma vez que por aqui não é uma prática legal, mas já é realizada por cerca de 5 a 6 mil famílias, segundo dados da Associação Nacional de Educação Domiciliar (ANED).

Segundo o parecer do Ministério da Educação, a educação domiciliar fere a Constituição Federal, Lei de Diretrizes e Bases Educacionais (LDB) e Estatuto da Criança e Adolescente (ECA).

Mas, apesar disso, o movimento ganha seguidores todos os dias, ou seja, pais que preferem educar os filhos em casa a mandá-los para escolas.
Os principais argumentos de quem é a favor do homeschooling é que a educação no Brasil está falida e defasada e que a escola é um ambiente cheio de violência e ameaças, como drogas e bullying.


Mas, afinal, o que será que dizem os especialistas em educação e em desenvolvimento infantil?

Para a neuropsicopedagoga Viviani Zumpano, que tem 20 anos de atuação em educação e é professora de pós-graduação na área, a escola é um espaço fundamental na vida da criança.

“É o lugar onde ela vai aprender as habilidades sociais, que são cruciais para a vida. A escola é onde a criança irá socializar, aprender a lidar com as frustrações, problemas, fazer amizades, dividir e entender que não é o centro do mundo, ou seja, é um dos ambientes em que ela terá a oportunidade de desenvolver a resiliência, habilidade  fundamental para que a criança se fortaleça para enfrentar os desafios da vida”.

Além disso, de acordo com a neuropediatra Dra. Karina Weinmann, a escola proporciona ao cérebro estímulos muito diferentes daqueles que a criança tem em casa.

“Por melhor que seja a educação domiciliar, os estímulos oferecidos no ambiente escolar são mais ricos do ponto de vista do desenvolvimento infantil. Além da perda do conteúdo pedagógico, não estar na escola retira da criança diversas oportunidades de aprender com as diferenças, com experiências de convivência em grupo, afetando seu desenvolvimento afetivo, cognitivo, motor e cultural”.


Diversidade de valores e crenças
 
Para Viviani, o modelo de educação domiciliar impede a criança de conhecer valores e crenças diferentes daqueles preconizados dentro do núcleo familiar. “A criança ou o adolescente também terá dificuldade de lidar com a pluralidade de ideias, já que irá conviver apenas com a família ou pessoas escolhidas pela família”, diz.

“Naturalmente escolhemos ou nos aproximamos de pessoas com as quais temos mais afinidades. Entretanto, no futuro, seja na universidade ou no ambiente de trabalho, por exemplo, precisamos estar preparados para lidar com adversidades, opiniões diferentes e pessoas diferentes. Quem não frequentou a escola certamente terá muito mais dificuldade para gerenciar essas situações, já que conviveu e escolheu sempre pessoas muito parecidas ou com valores muito similares”, comenta Viviani.   


Socialização é prejudicada
 
Os defensores da educação domiciliar alegam que há outros espaços e maneiras de socializar, as crianças, portanto, não precisam da escola para fazer isso. Mas, segundo Dra. Karina, é inegável o fato de que a escola é determinante para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social infantil.

“Sabemos que é na escola que será construída parte da identidade de ‘ser’ e de ‘pertencer’ ao mundo, isso dificilmente acontecerá com crianças educadas em casa, por terem um contato com outras crianças mais restrito. Além disso, se esse contato ocorrer com crianças em ambiente familiar reduz ainda mais a efetividade desse processo”, comenta Dra. Karina.

A socialização é um processo fundamental para a criança desenvolver a empatia, se colocar no lugar do outro e isso acontece naturalmente no dia a dia da vida escolar. Em casa, cercado apenas pelos pais e irmãos, certamente será muito mais difícil ensinar o conceito prático de aceitar e conviver com as diferenças”, diz Viviani.


Superproteção
 
Embora os adeptos da educação domiciliar argumentem que o sistema de ensino no Brasil está defasado, um dos motivos mais importantes para eles não mandarem os filhos para a escola é protegê-los da violência, drogas e bullying.

“É compreensível que os pais queiram proteger os filhos destes aspectos. Entretanto, precisamos lembrar que um dia essas crianças irão crescer, irão para a faculdade, para o mercado de trabalho e inevitavelmente precisarão lidar com todas essas situações. Ao privá-los da vida escolar, esses pais estão atrasando ou tirando dessas crianças a oportunidade de desenvolver as habilidades necessárias para lidar com essas situações, ou seja, lidar com a vida como ela é”, conclui Viviani,

“A educação domiciliar pode também exacerbar a inabilidade de social associada à dificuldade de expressão da fala e linguagem, produto da sociedade moderna, motivo que enche os consultórios de pediatras e neuropediatras atualmente, completa Dra. Karina.

“Quanto às críticas dos adeptos do homeschooling, Viviani reflete que não há como negar que o sistema educacional no Brasil precisa ser revisto e tem falhas. “Mas, precisamos lembrar que não existe escola perfeita, porque a escola atende à coletividade, à diversidade e não ao indivíduo. Por isso, sempre irão ter fatores positivos e negativos em uma intervenção escolar e no processo de aprendizagem”, conclui a neuropsicopedagoga.


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