Excesso de exposição à radiação solar é o
principal causador da doença
O câncer de pele é o tumor de maior incidência
no Brasil. Até o final de 2016, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima em
média 181 mil novos casos, sendo 83.850 em homens e 97.580 em mulheres. Deste
total, quase 6 mil casos são do tipo melanoma cutâneo, que tem o pior
prognóstico e maior taxa de mortalidade. Para conscientizar a população sobre a
importância de cuidar da pele para prevenir o surgimento da doença, no início
do Verão é realizado o Dezembro Laranja, campanha criada
pela Sociedade Brasileira de Dermatologia para a prevenção do câncer de pele.
O Centro de Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz apoia a
iniciativa e alerta sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.
Os cânceres de pele podem
ser divididos em não melanoma (carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular)
e melanoma. O carcinoma basocelular é o mais frequente na população
brasileira e menos agressivo. Costuma apresentar áreas com protuberância, com
borda mais elevada e cor mais avermelhada, com pequenos vasos de sangue. Já o
carcinoma espinocelular, segundo mais frequente, porém, mais agressivo que o
basocelular, tem como característica sinais com aparência endurecida, uma
úlcera que lembra um machucado que não cicatriza.
Segundo o cirurgião oncológico, especializado
em câncer de pele, do Centro de Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr.
Eduardo Bertolli, as regiões mais comuns para o aparecimento dos dois tipos de
carcinoma são as áreas mais expostas ao sol, como rosto, cabeça, pescoço,
nariz, lábios e dorso das mãos. De acordo com o médico, o tratamento destes
dois tipos de câncer de pele é cirúrgico, na maioria das vezes. “O câncer de
pele não melanoma raramente gera metástase. Porém, se não identificado
precocemente, pode causar uma lesão maior e precisar de ressecção[i] mais agressiva na cirurgia, causando
sequelas estéticas e até funcionais, dependendo da área afetada”, explica.
Em relação ao melanoma cutâneo, sua
incidência é mais baixa do que os carcinomas, porém, este tipo é o mais grave.
Ainda este ano devem ser registrados 3 mil novos casos em homens e 2.670 casos
em mulheres. Geralmente o melanoma cutâneo acomete os mais jovens, entre 30 a
40 anos, surgindo por meio de uma pinta ou um sinal em tons acastanhados, que
com o tempo altera de cor e tamanho, podendo até sangrar. Em um estágio mais
grave, o tumor pode gerar metástase nos órgãos e gânglios. “A incidência do
melanoma cutâneo vem aumentando no mundo inteiro. Mesmo as pessoas que nunca
tiveram uma pinta ou lesão na pele podem, em algum momento da vida, desenvolver
a doença”, diz o cirurgião. Quando diagnosticado precocemente, a chance de cura
do melanoma é alta, podendo chegar a mais de 90%.
O principal fator de risco para o
desenvolvimento do câncer de pele é a exposição a radiação solar excessiva e
sem proteção, que provoca alterações celulares na pele. Pessoas de pele clara,
com pintas e manchas, idosos e aquelas que possuem histórico de câncer de pele
na família estão mais sujeitos a desenvolver a doença. Assim como, quem também
se expôs muito ao sol ao longo da vida.
O bronzeamento artificial também oferece alto
risco de desenvolvimento de câncer de pele, mais do que a exposição aos raios
solares. Isso ocorre porque elas emitem altos níveis de UVA, a radiação
ultravioleta, de maior risco para a doença. Porém, desde 2009, quando foram
consideradas cancerígenas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), as câmaras
de bronzeamento foram proibidas no Brasil, único país a ter essa iniciativa e
por isso referência no combate ao câncer de pele.
Prevenção
Procurar evitar a exposição excessiva à
radiação solar, UVB (responsável pela queimadura avermelhada da pele) e UVA
(ultravioleta), principalmente entre 10h e 16h, é uma das recomendações de
diversas sociedades médicas espalhadas pelo mundo. A radiação UVA penetra
profundamente na pele e é a principal responsável pelo câncer da pele. Sua
intensidade varia pouco ao longo do dia, sendo intensa não somente em dias de
sol, mas também com o céu nublado, por isso é fundamental utilizar protetor
solar diariamente. Já a radiação UVB é mais intensa durante o Verão, devido as
elevadas temperaturas. “Peles claras, que produzem menos melanina, estão
suscetíveis a queimaduras causadas pelo sol e pelos raios UVB, e durante dias
ensolarados a pele também recebe a radiação UVA, a mais perigosa. Durante o
Verão, essas radiações estão mais presentes e a exposição ao Sol costuma ser
maior, pois se põe mais tarde. Porém, em dias com o tempo mais fechado, a
radiação UVA atravessa as nuvens. Por isso, é indispensável a proteção”, diz
Dr. Bertolli.
Adotar medidas simples de proteção – filtro
solar, boné, chapéu, guarda-sol – e o cuidado com o excesso de exposição solar,
não excluí a importância do acompanhamento anual e periódico com um
dermatologista. “A consulta com um dermatologista é essencial para o
monitoramento de manchas, pintas e sinais que podem identificar o câncer de
pele. Existem regiões do corpo em que a pessoa sozinha não consegue
visualizar”.
Quem tem tatuagem deve
redobrar os cuidados. As tintas escuras usadas nas imagens podem encobrir
possíveis lesões percursoras do câncer de pele. A pigmentação da tatuagem
também pode atrapalhar a detecção da doença em alguns casos. O melanoma possui
uma alteração celular com muito pigmento, assim como as tatuagens, dificultando
a análise da estrutura celular durante os exames patológicos.
Hospital
Alemão Oswaldo Cruz – www.hospitalalemao.org.br
[i] intervenção
cirúrgica para extração total ou parcial de um órgão ou de uma neoformação
patológica