Levantamento mostra que os chamados “guerreiros de final de semana” apresentam taxas de mortalidade reduzidas e semelhantes aos regularmente ativos na comparação com os sedentários
Será que os “guerreiros de fim de semana”, pessoas que usam apenas o sábado e o domingo para praticar alguma atividade física, obtêm algum benefício à saúde tanto como aqueles(as) que realizam exercícios e movimentam o corpo diariamente? Um estudo coordenado pelo Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) mostrou que sim. A pesquisa foi realizada em parceria com a Universidade de Harvard (EUA), o Imperial College of London (Inglaterra), a Universidade de Santiago do Chile (Chile), a Universidade de Jiangnan (China) e a Universidade Internacional Valenciana (Espanha), e os achados foram publicados nesta quarta, 6, na renomada revista científica JAMA Internal Medicine.
“Os benefícios da atividade física para prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer são amplamente conhecidos e disseminados. As recomendações de atividade física sugerem que adultos devem acumular pelo menos 150-300 minutos de atividade física de intensidade moderada, ou 75-150 minutos de atividade física de intensidade vigorosa, ou ainda uma combinação equivalente das intensidades das atividades. Contudo, os benefícios dos exercícios realizados em uma ou duas sessões por semana em comparação às realizadas de forma regular, em três ou mais sessões semanais, permanecem pouco conhecidos, o que nos motivou a estudar”, diz Leandro Rezende, professor da Unifesp e um dos responsáveis pelo estudo.
Nesse sentido, os pesquisadores utilizaram dados do estudo The National Health Interview Survey, um estudo de coorte com mais de 400 mil adultos para investigar se a realização de atividades físicas realizadas pelos guerreiros de final de semana em comparação aos regularmente ativos e sedentários possuem diferenças importantes em relação à mortalidade por todas as causas, por câncer e doenças cardiovasculares.
“Pudemos observar, então, que os guerreiros de fim de semana apresentam taxa de mortalidade por todas as causas, câncer e doenças cardiovasculares menores quando comparados aos adultos fisicamente inativos, isto é, aqueles que não atingiam as recomendações de atividade física”, descreve Rezende.
O professor e pesquisador da Unifesp destaca ainda que
“ao realizar a comparação entre esse público e os regularmente ativos, o
resultado foi semelhante, ou seja, a frequência com que os participantes
realizavam suas atividades físicas não produziram diferenças importantes nas
taxas de mortalidade estudadas, o que nos indica a conclusão de que as pessoas
que alcançam as recomendações de atividade física podem obter benefícios de
saúde, independentemente da frequência semanal, sendo o mais importante a busca
pelos exercícios e movimentos do corpo como grandes aliados à saúde”, finaliza.