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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Brasil sem Carnaval: como encontrar equilíbrio mesmo sem esta válvula de escape?

Mestre em Psicologia Positiva, Flora Victória, dá dicas para lidar com o isolamento no Carnaval

 

Se alguém dissesse há alguns anos que o Brasil não iria ter Carnaval em 2021, você acreditaria?

Fato inédito, afinal, desde que as festas carnavalescas começaram por aqui — o que, segundo pesquisadores, ocorreu com a chegada dos portugueses, no século 16 — o Carnaval nunca deixou de ser celebrado.


Praticando a resiliência

A inesperada chegada da pandemia fez os planos para o feriado mais esperado do ano serem cancelados. Além da festa, que deixa de acontecer, a pandemia também impactou toda uma cadeia produtiva numerosa de trabalhadores que dependiam da grandeza do evento. E até mesmo quem não é folião de carteirinha pode se sentir afetado por não ter a famosa pausa antes do ano “começar de verdade”.

A notícia nada animadora deixa uma lição: é fundamental aprender maneiras saudáveis de superar os obstáculos. “É importante desenvolver habilidades positivas, ao longo da vida que nos ajudem a lidar melhor e de maneira mais leve com esses imprevistos”, explica Flora Victoria, mestre em psicologia positiva aplicada pela Universidade da Pensilvânia.

Essas habilidades positivas são o que podemos chamar de resiliência. Segundo a especialista - de uma maneira simples - a resiliência é a nossa capacidade de retornar ao estado anterior depois da exposição a alguma situação de estresse.

Para lidar com o momento com mais leveza, Flora lista quatro dicas, com base na Psicologia Positiva:


Atitude positiva

Há uma teoria na Psicologia Positiva chamada ´broaden and build,´ que entende que as emoções positivas aprimoram o repertório de ação do pensamento de um indivíduo. De todas as situações negativas, poderemos sempre extrair algo positivo, tendo em mente que se trata de uma situação passageira e outros Carnavais virão.


A hora é agora

Engajar em atividades positivas é uma forma de lidar bem com o trabalho normal e a ausência de festas no Carnaval. A teoria desenvolvida pelo psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi, chamada de Flow, estimula que vivamos o presente a fim de atingir um estado mental em que estejamos totalmente envolvidos no agora. Ou seja, nada de ansiedade pelo Carnaval que não é possível em 2021, o agora merece ser vivido mesmo que fora do planejado.


Sem solidão

A falta do Carnaval de rua não significa isolamento total e nem a necessidade de sofrer pela impossibilidade da festa. Até a normalização da situação, há formas de estar em contato com os amigos de maneira que ninguém se coloque em risco. Resiliência é a palavra!


Gratidão

Uma das emoções positivas mais poderosas. Trata-se de enxergar o lado positivo da vida em ações cotidianas, como simplesmente acordar, ou até em algo que à primeira vista seja negativo, mas que pode sempre levar ao aprendizado. Quanto maior a prática, menores são as distâncias entre os neurônios e mais fáceis as sinapses entre eles. Portanto, a gratidão pode ser absorvida pela prática e levar a melhores níveis de serotonina e à sensação de bem-estar – mesmo sem a euforia do Carnaval.


Gatilhos emocionais: como evitá-los a partir de você

As situações que geram reações adversas vão acontecer sem que você tenha controle; mas, se quiser, você pode decidir como vai reagir ao que está acontecendo

 

Você está num dia normal, como qualquer outro, caminhando por uma calçada. E, então, sem querer, esbarra num desconhecido. Ele pede desculpas e segue em frente, mas o cheiro de seu perfume imediatamente te leva de volta a um momento do passado. Você reconhece aquele odor; é o mesmo daquele rapaz que praticava bullying com você no colégio! Pronto: isso basta para que uma sensação de mal-estar e de angústia invada seu peito e acabe com sua manhã. 

Você já se viu numa situação como essa – em que um acontecimento ou gesto aparentemente corriqueiros fizeram com que se sentisse completamente desestabilizado(a)? Em que você sentiu que teve uma reação mental ou emocional muito forte ao acontecido, mas não saberia explicar o motivo? E, principalmente, em que se sentiu completamente vulnerável, como se fosse uma criança desprotegida frente ao ocorrido? 

Pois bem, se você se identificou com o que acabei de descrever, muito provavelmente, já viveu uma situação que disparou, em você, uma reação adversa, compulsiva e automática – ou seja, um gatilho.  O termo, emprestado da psicologia, ficou famoso nas redes sociais, onde os “avisos de gatilho” se tornaram recorrentes. Isso porque, como forma de alerta, muitos usuários dessas plataformas passaram a adotar a expressão para avisar, de antemão, que aquele conteúdo tem potencial de despertar emoções difíceis ou complexas. 

É claro que isso também fez acender a discussão sobre o que é ou não um gatilho (muita gente se queixa que há exageros), mas, independentemente disso, a verdade é que todos nós, mais dia, menos dia, somos pegos desprevenidos por acontecimentos que desafiam a nossa razão e provocam sentimentos inesperados. Basta uma cena de filme, um capítulo de um livro, uma música ou mesmo a fala de alguém que a gente gosta e pronto: nós nos deparamos com uma série de emoções doloridas e conectadas a eventos do passado, mas que não parecem fazer muito sentido do ponto de vista lógico/racional. 

Isso acontece porque, inconscientemente, os gatilhos nos remetem a situações que vivemos principalmente na infância e com as quais não lidamos muito bem ou que simplesmente ficaram adormecidas no nosso inconsciente. Como resultado, revivemos essas emoções aqui, no presente – mas, claro, da maneira mais infantil possível, afinal, se o ocorrido nos fez voltar a uma época tão remota, é de se esperar que a gente se sinta como uma criança indefesa ao lidar com ele. Mas, então, o que fazer para lidar melhor com essas situações que, embora tão sensíveis, são também tão comuns?

 

É possível evitar os gatilhos?

Num mundo ideal, as pessoas todas teriam empatia e cuidado suficientes para não adotar gestos e falas com potencial de gatilho. Mas é claro que não vivemos num mundo ideal! Podemos e precisamos, sim, promover debates e campanhas de sensibilização, focados na responsabilização; ou seja, podemos ensinar as pessoas a pensar duas vezes antes de ‘fazer e acontecer’, para que compreendam que esses gestos têm impacto no seu entorno. Mas essa mudança não vai acontecer do dia para a noite. 

Para além disso, há uma questão de poder aqui: se eu me incomodo e me machuco com o que o outro faz, e espero que o outro mude para não mais me machucar, estou entregando, a ele, todo o poder sobre como eu me sinto e reajo a essa interação. E a minha participação? E a parte que me cabe dentro desta relação, fica onde? 

Por isso, a melhor maneira de lidar com um gatilho é a partir de nós mesmos e da nossa autoconsciência. Alguns gatilhos emocionais vão ser disparados, infelizmente, sem que possamos evitá-los; mas não podemos dar tanto poder ao outro, o outro não pode ser responsável por nos tirar do cerne. A prática do autoconhecimento nos permite justamente isso, ou seja, perceber que aquilo é ou pode ser um gatilho, perceber que nos causa uma emoção negativa e dolorida e, então, decidir o que podemos e queremos fazer a respeito – em vez de simplesmente responder no automático. 

A minha proposta, aqui, é que a gente recorra à autoconsciência para inverter o jogo: não está na mão dele fazer diferente, está na minha. A autorresponsabilização é uma escolha saudável para evitar a vitimização. O que o outro fez ou faz é dele. Nós não temos como impedi-lo, mas temos como decidir, com atenção e intenção: ‘eu sei que ele está fazendo para me ferir e, por isso, não vou permitir que isso aconteça’ ou ‘isso que ele faz sempre me magoa, mas, daqui em diante, não vou mais permitir me magoar’. Mas essa escolha só pode ser tomada se estivermos, antes de tudo, atento aos nossos pensamentos e emoções. 

Assim sendo, a autoconsciência, um exercício a ser praticado diariamente e que nunca tem fim, pode ser um meio muito eficaz para evitar os ressentimentos causados pelos gatilhos. Todo dia, você pode parar por um instante para se perceber. É uma das maneiras de praticar o autoconhecimento, e, essencialmente, tudo o que você precisa fazer é decidir que vai se olhar com honestidade e isenção. Ou seja, é seu o compromisso de se perguntar e responder, com abertura e sem autocrítica, o que você está realmente pensando e sentindo, e quais comportamentos têm vontade de adotar em resposta a isso (em vez de simplesmente adotá-los por impulso). Isso, por si só, é suficiente para que comece a se conhecer de verdade para assumir a responsabilidade por si.

 



Heloísa Capelas - CEO do Centro Hoffman e, há quase três décadas, está à frente do Processo Hoffman no Brasil – treinamento de autoconhecimento aplicado em 15 países e que já teve seus resultados cientificamente atestados. Por sua sala de aula já passaram mais de 12 mil alunos, entre os quais algumas das principais lideranças e gestores do mercado nacional. Criadora do “Universo do Autoconhecimento”, primeira plataforma de treinamentos e conteúdo online sobre o tema, e autora dos best-sellers “O Mapa da Felicidade” e “Perdão, a Revolução que Falta”, Heloísa é reconhecida como uma das principais especialistas do país em autoconhecimento, inteligência emocional e inovação pessoal. Heloísa Capelas é Coordenadora da Câmara Feminina do Instituto Êxito de Empreendedorismo.

 

5 atividades para auxiliar no processo de aprendizado do seu filho

 Especialista dá dicas para auxiliar os pais que estão com os pequenos estudando em casa

 

Com a pandemia, o ensino a distância acabou virando uma realidade. O problema é que a grande maioria dos pais e responsáveis vem enfrentando dificuldades para auxiliar seus filhos no processo de aprendizado. Por isso, tentar entender esse processo e usar algumas estratégias podem fazer toda a diferença. “As escolas estão voltando em modelo híbrido, mas, para os pais que não se sentem seguros, existem algumas dicas que ajudam e muito na hora de incentivar os pequenos a aprender mesmo estando em casa”, afirma a pedagoga e psicopedagoga do Centro de Excelência em Recuperação Neurológica (CERNE), Na Carimê Naldino Cassou. A primeira coisa quando o assunto é estudar, segundo Carimê, é pensar em um espaço confortável e bem iluminado, livre de barulhos e brinquedos que possam distrair as crianças: “Os eletrônicos podem ser grandes aliados, porém, devem ser usados da forma correta. Caso contrário, devem estar fora do alcance da criança. No espaço de estudo você pode colocar quadros, painéis e varal com anotações”. 

Já para se criar o hábito de estudo, é importante que exista um cronograma para auxiliar na organização no tempo de estudo. A rotina deve ser bem estabelecida, de preferência com a supervisão de um adulto. Para isso, crie um cartaz ou um quadro com o horário e a duração de cada atividade. Independentemente da idade, toda criança no processo de aprendizagem necessita de atenção e mediação.  “Evite fazer outras tarefas paralelas ou mexer no celular enquanto está orientando o seu filho. Isso pode gerar ansiedade para a criança e prejudicar o processo. Disponibilize para ele um tempo de qualidade”, complementa. Mesmo com toda a organização e preparação citadas acima, ainda é normal ouvir: “meu filho não quer fazer as tarefas”; para esses casos, crie um quadro de recompensas usando adesivos para apresentar suas conquistas.  “Recompensá-los pelo esforço também os incentiva a continuarem estudando mesmo com todas as dificuldades que a pandemia nos trouxe”, finaliza a pedagoga. 

E para te ajudar ainda mais em todo esse processo, a especialista preparou 5 atividades que vão dar mais qualidade e incentivo a aprendizagem dos pequenos. Confira:

 

  • Ambiente letrado

Construa com seu filho um ambiente letrado. Deixe expostas as atividades realizadas para que ele consiga visualizá-las e, sempre que possível, retome oralmente para recordação.

 

  • Desenho do box

A hora do banho é um momento que sempre necessita de supervisão. Aproveite e deixe esse momento mais divertido, realizando desenhos no box de vidro para estimular a imaginação. Treine também o desenho do corpo, explorando todas as partes do esquema corporal.

 

  • Calendário

Construa com seu filho um calendário do mês e explore diferentes intervenções, como: realizar contagem oralmente, marcar recompensas, datas comemorativas, bem como atividades da rotina diária da família.

 

  • Momento de leitura

Estipule um horário para realizar a leitura e manuseio de livros, gibis, revistas, jornais, receitas, encartes de mercado, ou seja, diferentes portadores de texto. Estimule a imaginação e explique a função de cada tipo de texto. 

 

  • Nomear objetos da casa

Para facilitar o desenvolvimento da alfabetização, construa pequenos crachás e nomeie objetos da casa. Pode destacar a letra inicial com uma cor diferente e sempre que passar pelo objeto solicite que a criança diga o nome em voz alta. Pergunte quantas letras tem, qual a é a primeira letra, última letra etc.

 

  • Circuito

Atividades motoras são de extrema importância para o processo de aprendizagem. Seja criativo e crie circuitos em casa, solicitando que passem por baixo de cadeiras, pulem objetos, andem sobre linhas. Além de ajudar na motricidade, tais atividades trabalham a atenção.

 


Centro de Excelência em Recuperação Neurológica (CERNE)

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Ansiedade e insônia: possíveis sintomas que podem acometer crianças na volta às aulas presenciais

Psiquiatra Marco Antonio Abud fala sobre algumas ações que podem minimizar os sintomas da sensação de falta de segurança quanto ao futuro


Após tantos meses sem frequentar o ambiente físico da sala de aula, as crianças seguem na expectativa para a retomada de suas rotinas nas escolas em 2021. Mesmo com a pandemia da Covid-19 ainda em curso e sem sinais de que deve terminar tão cedo, as escolas já começam a receber seus alunos em suas dependências. Essa expectativa traduz o anseio de muitas crianças, adolescentes e pais pela volta da "normalidade" - se é que poderemos retornar a ela.

Porém, a chegada desse dia envolve um período de mudanças, tanto para alunos quanto para professores. Por mais que essas alterações de rotina sejam positivas - sabe-se o quão benéfico é a convivência entre alunos, colegas e mestres - essa expectativa tem o poder de promover um grande gasto de energia na mente das pessoas, o que gera ansiedade. "Nós teremos que nos readaptar às rotinas e talvez conhecer novas, como medidas de isolamento, esquemas híbridos de aulas, entre outros. É comum que nesse período haja sintomas de ansiedade e alterações de sono nas crianças e adolescentes", explica Marco Antônio Abud, médico psiquiatra e fundador do canal Saúde da Mente

Para Abud, algumas situações pedem algumas atitudes por parte dos pais para tentar minimizar a ansiedade. O médico exemplifica o caso do comportamento do filho menor, que de repente tornou-se mais pegajoso, com receio de se separar da mãe. "Isso também ocorre nesses casos. Porém nesse momento é importante validar o sentimento da criança antes de aconselhá-la.. Isso significa reconhecer e dar o direito a ela de sofrer, de se expressar", afirma. O médico ainda reforça que ações de empatia também podem surtir um efeito positivo. "Você pode expressar para a criança que você mesmo já sentiu algo parecido e deixe claro que existe um espaço aberto para que ela possa conversar contigo sobre isso".

A forma de falar é outro aspecto fundamental. "É importante que sejam comunicadas as regras de volta às aulas, planos e horários que a escola passou para os pais. Isso deve ser feito de uma forma que a criança entenda, com clareza. E, também, é fundamental deixar um espaço para que ela faça perguntas sobre as dúvidas que surgirem", reforça o Dr. Marco Abud.

Esse tipo de conduta auxilia o cérebro a sentir que há segurança, há algo previsível, na visão do médico. Abud fornece algumas dicas nesse sentido. "Você pode fazer pequenos rituais com seus filhos, como sempre dar um abraço nele antes dele entrar na escola. Isso dá uma sensação de controle".

Ajudar a criança a ver o lado positivo das coisas - e também da mudança - é fundamental. "Uma forma de fazer isso é fazer algumas perguntas como "o que você vai querer fazer primeiramente quando chegar na escola? ". Isso ajuda a mostrar que existe um aspecto positivo na mudança, apesar do clima de incerteza. Nós teremos que nos adaptar às novas rotinas".

Porém, Marco Abud pede atenção redobrada aos pais para identificar qual é o momento certo de buscar ajuda médica. "É normal haver momentos de adaptação, mas eles não podem interferir no dia a dia das crianças, nas suas atividades rotineiras. Ela não pode ter dificuldade de fazer aquilo que ela se propõe a fazer em termos de rotina, atividade extracurriculares e lições de casa", complementa. De acordo com o especialista, se a criança ou o adolescente começarem a ter crises de choro e ansiedade na hora de ir para a escola - e isso durar mais do que duas semanas - é importante fazer uma avaliação com um profissional de saúde mental. Quando o retorno vier, que todos estejam mentalmente saudáveis para encarar os desafios de 2021.


Combate à pandemia ensina lições para erradicação das doenças tropicais negligenciada

 

Enfermidades que afetam 1,7 bilhão de pessoas no mundo, sobretudo pobres, recebem pouca atenção da indústria e baixo investimento público; projetos de pesquisa buscam compreender mecanismos de parasitas e desenvolver medicamentos baratos, seguros e eficazes (pesquisa de tracoma no Nepal; foto: OMS)

Enquanto o mundo luta contra a pandemia de COVID-19, um conjunto de 20 doenças conhecidas há muitos anos, mas ainda sem tratamentos eficazes ou vacinas, mata até 500 mil pessoas por ano, a imensa maioria pobres. O combate às chamadas doenças tropicais negligenciadas (DTNs), que afetam uma em cada cinco pessoas, ganhou um novo plano de ação da Organização Mundial da Saúde (OMS), com metas para serem cumpridas até 2030. Além disso, como forma de engajar o público na causa, mais de 300 organizações celebraram, em 30 de janeiro, o Dia Mundial para Doenças Tropicais Negligenciadas.

A erradicação ou mesmo a diminuição dos casos dessas 20 enfermidades, que incluem leishmaniose, doença de Chagas, dengue e zika, passa necessariamente pela compreensão dos agentes infecciosos e pelo desenvolvimento de medicamentos e vacinas seguras, eficazes e acessíveis. Por isso, especialistas apontam como essencial o investimento em pesquisa e desenvolvimento.

“Hoje há mais de 1,7 bilhão de pessoas no mundo afetadas por essas doenças, que causam não apenas mortes, mas uma grande morbidade, tirando muitos anos de vida útil de quem sobrevive. O Brasil, que reúne grande parte das 20 doenças tropicais negligenciadas, é líder na América Latina em casos de doença de Chagas, leishmaniose, hanseníase, dengue e esquistossomose”, disse à Agência FAPESP Adriano Andricopulo, professor do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP).

O pesquisador coordena o projeto “Descoberta de fármacos baseada na estrutura do receptor e do ligante para a Leishmaniose e a Doença de Chagas a partir de produtos naturais bioativos”, financiado pela FAPESP e pelo Medical Research Council, do Reino Unido, numa parceria com a Universidade de Dundee, na Escócia.

Andricopulo é ainda pesquisador e coordenador de transferência de tecnologia do Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos (CIBFar), um CEPID apoiado pela FAPESP no IFSC-USP. Atualmente, o grupo conta com dez candidatos a medicamento contra Chagas e cerca de 20 para leishmaniose.


Consórcio internacional

O CIBFar integra o consórcio formado pela USP e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para a descoberta de medicamentos contra malária e doenças negligenciadas. Financiado pela FAPESP e pelas organizações sem fins lucrativos Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi) e Medicines for Malaria Venture (MMV), o projeto faz parte do Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE) da FAPESP.

O objetivo do consórcio, firmado no fim de 2020, é desenvolver moléculas que possam ser candidatas a testes clínicos para leishmaniose, Chagas e malária. Esta última não faz parte da lista de 20 doenças tropicais negligenciadas da OMS, por já contar com alternativas farmacológicas e mesmo uma vacina, ainda que com uma eficácia de cerca de 30% em quatro doses (leia mais sobre o consórcio em: agencia.fapesp.br/32127/).

“Eu costumo dizer que a malária não é uma doença tropical negligenciada, mas é uma doença que afeta pessoas negligenciadas”, diz Luiz Carlos Dias, professor do Instituto de Química (IQ) da Unicamp e coordenador do projeto.

Segundo dados da OMS, em 2018 a malária matou 405 mil pessoas, 67% delas crianças com menos de cinco anos. O parasita é conhecido por criar resistência rapidamente a medicamentos. E os disponíveis atualmente precisam ser ministrados em três doses ou mais. Por isso, o grupo liderado por Dias busca um fármaco que seja seguro para crianças e mulheres grávidas, os grupos mais vulneráveis, e que possa ser administrado por via oral em uma única dose. No caso da doença de Chagas, uma vez que não há boas opções farmacológicas atualmente, o grupo admite uma alternativa que seja fracionada em mais doses.

“Os desafios são imensos. Em diversos momentos tivemos séries químicas muito promissoras, mas, à medida que os testes avançam descobrimos um possível efeito adverso. Quando isso ocorre, fazemos ajustes, mas isso pode gerar outro efeito indesejado, como perda de eficácia, por exemplo. Chega uma hora que é melhor descartar a possibilidade e começar tudo de novo com outra série química. É uma régua muito comprida a que nos submetemos”, explica o pesquisador, que atualmente realiza ensaios in vitro tanto para malária quanto para doença de Chagas.


Lições da pandemia

Para Dias, a pandemia de COVID-19 tem mostrado como investimentos de longo prazo, compartilhamento de informações e recursos humanos qualificados fazem a diferença no combate a doenças infecciosas. Além disso, o combate ao novo coronavírus mostrou que é possível acelerar as fases de desenvolvimento de medicamentos e vacinas sem diminuir a segurança e a eficácia.

“O Brasil tem cientistas excepcionais e muita capacidade instalada, mas nos últimos anos perdeu muitas verbas para pesquisa. A pandemia tem mostrado a importância de investimentos maciços e contínuos, além de uma indústria nacional de insumos farmacêuticos. Hoje temos uma dependência muito grande da Índia e da China, principalmente, para esses produtos”, afirma o pesquisador.

Para Charles Mowbray, diretor de pesquisa e desenvolvimento da DNDi, uma das financiadoras do consórcio, além do desenvolvimento mais rápido de medicamentos e vacinas, a pandemia mostrou a necessidade de múltiplas abordagens em paralelo, como medicamentos e vacinas, para enfrentar desafios como resistência e novas variantes dos patógenos.

“Temos ainda de garantir que novos avanços que aplicam as últimas tecnologias sejam disponibilizados para todos que precisam, não apenas para aqueles que podem pagar por elas”, aponta o cientista.

Andricopulo acredita que já haveria soluções terapêuticas para grande parte das doenças tropicais negligenciadas se houvesse uma mobilização semelhante à que está ocorrendo agora para o combate à pandemia de COVID-19. “No entanto, os investimentos em pesquisas nessa área são muito limitados. No século 21, não foi produzido nenhum medicamento inovador para qualquer uma das 20 doenças tropicais negligenciadas. Esse é um grande problema”, diz (leia mais em: agencia.fapesp.br/29753/).

Nos últimos anos, no entanto, iniciativas sem fins lucrativos como a DNDi e a Fundação Bill & Melinda Gates têm investido na busca por medicamentos baratos e eficazes contra essas doenças. O pesquisador da USP lembra ainda medidas de incentivo à indústria farmacêutica, que historicamente não investe no desenvolvimento de medicamentos para essas doenças porque não têm expectativa de lucro. Os projetos de desenvolvimento de novos fármacos nessa área levam em conta que eles devem ser doados ou vendidos a governos a preço de custo.

Desde 2008, a Food and Drug Administration (FDA, agência norte-americana que regula medicamentos) reduz em até um ano o tempo de liberação de fármacos potencialmente lucrativos (para câncer ou doenças cardiovasculares, por exemplo) se a empresa que submeteu o pedido faz investimentos em pesquisas para doenças negligenciadas.


Ciência básica

É impossível desenvolver medicamentos, contudo, sem a compreensão dos agentes que causam as doenças, ou seja, dos vírus, bactérias e parasitas. Projetos financiados pela FAPESP nos últimos anos têm buscado realizar esse trabalho, alguns em colaboração com parceiros internacionais como o Medical Research Council e o Newton Fund, do Reino Unido.

Um exemplo é o Centro Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE), projeto coordenado por Ester Sabino, professora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP. Originalmente destinado ao estudo de doenças como dengue e zika, o CADDE que tem sido fundamental, ainda, no combate ao novo coronavírus (leia mais em: agencia.fapesp.br/34968/).

“O convênio com o Reino Unido é uma experiência de muito sucesso, que inclusive está sendo ampliada. Tínhamos chamadas em períodos específicos e agora elas estão em fluxo contínuo. Ou seja, em qualquer momento do ano pesquisadores do Estado de São Paulo podem submeter propostas em colaboração. Hoje temos várias redes, com gente de peso do Brasil e do Reino Unido, formando grupos em que há um respeito cada vez maior à comunidade científica brasileira”, conta Angela Kaysel Cruz https://bv.fapesp.br/pt/pesquisador/868/, professora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) e coordenadora da área de Biologia II da FAPESP.

A pesquisadora atuou como membro de comitês de assessoramento e grupos de trabalho da Divisão de Pesquisa em Doenças Tropicais da OMS entre 1997 e 2006. Atualmente, coordena o Centro Reino Unido-Brasil para o Estudo da Leishmaniose (JCPiL), que tem diferentes linhas de pesquisa sobre o parasita causador da doença, como a compreensão da diversidade genética, virulência, mecanismos de resistência, entre outros.

“Os parasitas da leishmaniose, da doença do sono e da doença de Chagas são todos da mesma família, mas têm comportamentos muito diferentes entre si. São seres muito bem adaptados, que surgiram na Terra praticamente junto com os mamíferos. Essa é uma das razões pela qual ainda são tão difíceis de combater”, afirma Marcelo Santos da Silva, pesquisador do Instituto de Biociências de Botucatu, da Universidade Estadual Paulista (IBB-Unesp).

Silva coordena um projeto financiado pela FAPESP na modalidade Jovem Pesquisador que estuda um grupo especializado de moléculas presentes nesses parasitas. O trabalho busca compreender o papel delas no ciclo de vida dos tripanossomatídeos, a fim de verificar a possibilidade de serem exploradas futuramente como alvos de medicamentos.

“Enfrentar as doenças tropicais negligenciadas é um grande desafio, que não será solucionado por uma única organização. Unir cientistas comprometidos do mundo todo é o caminho do sucesso e elogio a FAPESP por essa abordagem. Parcerias como a da DNDi com a Fundação ajudam a trazer consciência sobre a necessidade de pesquisa e desenvolvimento para essas doenças, descobrir novos medicamentos e ajudar a capacitar mais jovens pesquisadores, que continuarão esse trabalho ao longo de suas carreiras”, encerra Mowbray, da DNDi.
 


André Julião

Agência FAPESP 

https://agencia.fapesp.br/combate-a-pandemia-ensina-licoes-para-erradicacao-das-doencas-tropicais-negligenciadas/35136/


Anúncio da vacina no Brasil pode ser suspiro para mães com filhos em cas

Crianças em idade escolar sofrem com isolamento social ocasionado pela pandemia


Desde o início da pandemia da Covid 19 no país, milhares de trabalhadores tiveram que trocar o local de trabalho e passar a trabalhar de casa, a fim de diminuir o contágio da doença.

E dentre aqueles que entraram para o grupo do home-office, um dos que mais provavelmente sentiu os impactos dessa nova forma de trabalho foram as mães com filhos pequenos em casa. Isso porque as crianças em idade escolar necessitam de muita atenção e, principalmente, supervisão.

Com as aulas em regime remoto, as mães precisam acompanhar os filhos durante esses momentos, ou pelo menos certificar de perto que a criança está cumprindo com a sua obrigação. Além disso, precisam parar várias vezes para garantir a alimentação, a higiene, o cuidado dentro de casa, visto que o nível de estresse desses pequenos subiu nesses tempos de isolamento, o que em certos casos levam algumas crianças a deixarem a casa – e até mesmo as mães, de cabeça pra baixo.

Certamente, a maioria das mães está quase em seu limite. Sem contar os casos em que as mães precisam trabalhar, mas os filhos não podem ir às aulas, já que a maioria das escolas ainda não possuem previsão de voltar. Ainda assim, existe a preocupação das mães em como os filhos estão em casa, se estão cumprindo com as tarefas ou sendo bem orientados.

Por este motivo, a volta às aulas chega a ser um clamor urgente em muitas casas, pois agora, com o anúncio da vacina no país, as expectativas dessas mães com o retorno se tornam ainda maiores.

“Sabemos que não será imediatamente, porque os grupos prioritários recebem antes a vacinação. Mas essa notícia foi ótima, porque isso mostra que, em breve, as coisas podem voltar ao normal, sobretudo dentro de nossas casas. A escola faz muita falta para essas crianças, e o seu retorno é muito importante. As aulas presenciais devem e precisam voltar”, afirma Márcia Machado, empresária e mãe de dois filhos.

Apesar das medidas de isolamento, muitas mães optam por levar os filhos às praças e parques abertos, por exemplo, para que essas crianças ainda tenham contato com outras da sua idade e não descarreguem todo o seu estresse em casa. Nesses momentos, o cuidado ainda deve ser crucial.

Máscaras devem ser usadas o tempo todo durante as brincadeiras, mesmo em ambientes abertos. Certificar que as crianças também não estão em grupos muito numerosos também é importante para evitar a disseminação dos vírus.

Caso as mães, pais ou responsáveis tenham tempo para supervisionar, o ideal é chamar a criança para higienizar as mãos a cada 30 minutos, para que diminua a probabilidade de contágio e as normas de higiene continuem vigorando mesmo nessas ocasiões.

Meu filho não quer tomar a vacina, o que fazer?

É normal que crianças menores tenham mais resistência à vacinação, por causa de dor, desconfortos e até mesmo medo. Mas neste momento, é necessário conversar com a criança, e mostrar para ela os benefícios que ela terá quando se vacinar contra a Covid 19.

O ideal é estimular a criança que a vacinação trará benefícios para ela, como poder voltar à escola para rever seus amigos ou brincar normalmente com seus coleguinhas, sem o uso da máscara, por exemplo. Isso pode animar os ânimos dos pequenos.

Outra dica é abordar porque a vacinação é importante, pois assim ela estará protegendo a si mesma e também as pessoas que ela mais ama, como os seus familiares e amigos.

Trate de forma clara com a criança quando ela questionar de dor, e tente contornar a conversa, dizendo que pode ser só uma “picadinha”, mas que ela ficará muito saudável depois disso.

Dialogue com a criança sobre o assunto sempre que ela perguntar sobre, para que assim ela consiga tomar consciência da necessidade da vacinação, e quem sabe, alertar também as pessoas a sua volta para fazerem o mesmo.

 


Fonte: Márcia Machado - empresária, influenciadora digital e moderadora do Grupo Amor de Mãe BH. Casada, mãe de 2 filhos e boadrasta de 2 crianças.


Quando deve-se iniciar a reposição hormonal?

Médica ginecologista Marcella Marinho detalha todos os passos para a mulher fazer a terapia e ter melhor qualidade de vida


A partir dos 35 anos toda mulher inicia um processo de declínio hormonal. Ao longo dos anos e progressivamente, essa menor produção natural dos hormônios começa a causar sinais e sintomas de maneira singular em cada organismo.

A médica ginecologista Marcella Marinho explica que a menopausa é culturalmente o grande marco, e é mais fácil de ser lembrada por se tratar de um evento único: trata-se da última menstruação. “Porém, muitas são as mulheres que entre os 48 e 55 anos sofrem com as consequências desse declínio hormonal. Esse período de transição da vida reprodutiva à senilidade, chamamos de climatério”, esclarece.

Segundo Dra. Marcella, os principais hormônios impactados nesta fase da vida da mulher são os estrogênios, embora também a testosterona seja afetada — sim, a mulher também tem esse hormônio.

Ela alerta para a importância da mulher realizar seus exames com uma periodicidade mais exigente e com um especialista, não apenas pelos desagradáveis sintomas como ondas de calor, sangramento irregular, fadiga, libido diminuída, distúrbios do sono, secura vaginal, incontinência urinária, dor na relação sexual, dificuldade de perder peso, perda da elasticidade da pele, irritabilidade, sintomas depressivos e falta de concentração e memória.

Segundo a médica, tratar esses sintomas e promover a qualidade de vida da mulher já é um benefício incontestável. Mas também é muito importante saber que o estradiol é um hormônio que atua em outros órgãos do corpo, como protetor cardiovascular, mantém a densidade mineral óssea, atua no estímulo de colágeno na pele, reduz o LDL (colesterol ruim), aumenta o HDL (colesterol bom), eleva a capacidade de concentração e memória, estimula o sono REM, mantém a elasticidade das artérias, melhora a resistência à insulina, entre outros benefícios.

Dra. Marcela ainda informa que a reposição hormonal bem indicada pode promover saúde e diminuir o risco de doenças cardiovasculares, osteoporose, doença de Alzheimer, obesidade, distúrbios da memória, diabetes, cardiopatias e também alguns tipos de câncer, como o colorretal.


Quando fazer o tratamento

A reposição hormonal é indicada para alívio sintomatológico, promover qualidade de vida e prevenir outras doenças e seus agravos. Segundo a Dra. Marcella Marinho, a clínica é soberana na decisão de quem deve ou não fazer a terapia. “Os exames complementares de sangue e imagem são ferramentas para acompanhar com segurança este tratamento”, recomenda.

A médica ginecologista ainda ressalta que algumas mulheres não apresentam queixas e passam por esse período com tranquilidade. Porém, isso não significa que elas não precisem manter hábitos saudáveis e seus exames em dia. “A ausência de sintomas nem sempre significa imunidade à doenças. E o climatério é uma fase que aumenta o risco de neoplasias, como câncer de mama, ovário ou útero.  Por isso, é importante manter o rastreamento, pois um diagnóstico precoce será o grande diferencial de sucesso nos tratamentos”, adverte.

Segundo o último consenso publicado pela Sociedade Brasileira de Climatério em 2018 são contraindicações ao uso de terapia de reposição hormonal o sangramento vaginal não explicado, doença hepática ativa grave, antecedentes de câncer de mama ou de endométrio, doença coronariana, acidente vascular cerebral, demência, porfiria cutânea tarda e hipertrigliceridemia. O lúpus eritematoso sistêmico e o risco elevado de doença tromboembólica venosa são consideradas contraindicações relativas. Portanto, nesses casos, cabe ao médico optar pela administração transdérmica após realizar uma avaliação e expor claramente ao paciente todos os riscos e os benefícios. “É uma decisão em conjunto”, finaliza Dra. Marcella Marinho.

 



Marcella Marinho - especialista em ginecologia e obstetrícia pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). É pós graduada em Laparoscopia e Histeroscopia pelo Hospital do Servidor Estadual (IAMSPE), em Sexualidade Humana pela USP, em Ciências da Longevidade Humana – Grupo Longevidade Saudável e pós graduanda em Nutrologia pela Instituto Israelita de ensino e pesquisa Albert Einstein. Realiza acompanhamento preventivo de mulheres, priorizando o atendimento integral em todas as fases da vida, da adolescência até a menopausa. Como obstetra, dedica-se em estar junto a gestante para acompanhar a evolução da gestação e do trabalho de parto. Para mais informações,

Instagram @dramarcellamarinho 


Pesquisadores brasileiros identificam células cerebrais mais vulneráveis ao Alzheimer

Estudo inédito foi publicado recentemente na Nature Neuroscience

 

Um estudo inédito sobre a vulnerabilidade seletiva no nível dos neurônios individuais e com o mapeamento das primeiras células acometidas pela doença de Alzheimer foi publicado na revista científica Nature Neuroscience, no dia 27 de janeiro de 2021, com o título "Markers of vulnerable neurons identified in Alzheimer disease”. O trabalho foi realizado por um grupo de pesquisadores, composto por cinco brasileiros da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em parceria com cientistas da University of California San Francisco (UCSF), dos Estados Unidos. 

A autora-sênior, Profa. Lea Tenenholz Grinberg, do Departamento de Patologia da FMUSP e associada ao Departamento de Neurologia da UCSF, diz que “alguns neurônios sucumbem à doença anos antes dos primeiros sintomas aparecerem, enquanto outros parecem impermeáveis à degeneração que as cerca e perduram até os estágios finais da doença. Tornou-se uma questão premente para nós entender os fatores específicos que tornam algumas células seletivamente vulneráveis à patologia de Alzheimer, enquanto outras se mostram capazes de resistir a ela por anos”. 

“A crença inicial era que, uma vez que essas proteínas tóxicas associadas à doença de Alzheimer se acumulam em algum neurônio, é sempre 'fim de jogo' para a célula, mas nosso laboratório tem descoberto que esse não é o caso”, afirmou a Profa. Lea T. Grinberg. 

Durante a pesquisa foram estudados tecidos cerebrais de pessoas que morreram em diferentes estágios da doença de Alzheimer, obtidos no Biobanco para Estudos do Envelhecimento da FMUSP e no Banco de Cérebro de Doenças Neurodegenerativas da UCSF com técnicas de análise de RNA nuclear e neuropatologia quantitativa. 

 “As descobertas sustentam a ideia de que o acúmulo de proteína é um impulsionador crítico de neurodegeneração, mas nem todas as células são igualmente suscetíveis. Planejamos continuar estudando os fatores de vulnerabilidade seletiva, uma abordagem nova que pode direcionar para o desenvolvimento de terapias para retardar ou prevenir a propagação do Alzheimer”, explica a Profa. Lea T. Grinberg. 

Participaram como coautores do estudo pesquisadores da FMUSP que integram o Biobanco para Estudos do Envelhecimento, o Laboratório de Patologia Cardiovascular (LIM 22), o Laboratório de Envelhecimento (LIM 66) e também do Serviço de Verificação de Óbitos da Capital – USP. São eles: Prof. Carlos Augusto Gonçalvez Pasqualucci, Profa. Claudia Kimie Suemoto, Profa. Renata Elaine Paraizo Leite, Profa. Roberta Diehl Rodriguez, e ainda Helmut Heinsen, Professor Visitante na FMUSP, da University of Würzburg, da Alemanha. Além da colaboração dos pesquisadores da UCSF, Prof. Martin Kampmann, como co-autor-sênior, Antonia Piergies, Rene Sit, Michelle Tan, Norma Neff, Song Hua Li, Alexander Ehrenberg, William W. Seeley e Salvatore Spina.

 


Artigo na íntegra publicado pela Nature Neuroscience em https://www.nature.com/articles/s41593-020-00764-7


 

Quando procurar o dentista durante a pandemia?

Saúde bucal não pode ser deixada de lado e ações preventivas pedem uma visita ao profissional para que danos maiores possam ser evitados. Veja quando é imprescindível procurar um profissional.


O medo do contágio do Covid-19 tem feito muitos evitarem o dentista em vista do receio de contaminação. No entanto, com as medidas certas de higiene e profilaxia, os consultórios dentários se tornam ambientes controlados e seguros, que não oferecem risco ao paciente.

“Com a observação da assepsia e os cuidados constantes, podemos dizer que o risco de contágio é zerado, já que o ambiente torna-se antisséptico”, diz Olívia Kiehl, dentista que atua na área de odontologia preventiva.

Ela explica que no consultório onde atende é realizada a assepsia do local, objetos, superfícies e ar condicionado. Também o atendimento é feito com intervalos entre os horários, tempo necessário para todo aerossol que fica no ar decantar. Além disso, é realizada a higienização do chão e superfícies com álcool 70° e um spray virucida e bactericida. O mesmo spray foi ainda acoplado ao ar condicionado, que pulveriza o ambiente eliminando toda partícula que possa gerar contaminação.

A profissional alerta que os cuidados devem ser redobrados pelo paciente em outros ambientes compartilhados, já que no consultório todas as medidas são tomadas.

Anuladas as chances de contaminação, a visita periódica ao dentista - pelo menos a cada seis meses - é necessária, mesmo sem sinais de dor ou desconforto visíveis na região bucal.

“Uma doença periodontal por exemplo danifica o tecido que suporta os dentes. Essa doença, no entanto, é indolor, o que leva ao desconhecimento de sua existência. Os primeiros sintomas aparecem somente quando os dentes começam a amolecer, quando infelizmente é muito tarde, pois a estrutura óssea já estará comprometida”, explica a dentista. Ela enfatiza que a prevenção é fundamental para diagnosticar doenças em estágio precoce.

A profissional, no entanto, aponta que existem situações emergenciais que determinam uma ida imediata ao dentista. São elas:

  • Tártaro ao redor da gengiva
  • Uma bolinha de pus, como se fosse uma espinha na gengiva
  • Aftas que durem mais que 7 dias
  • Aftas na borda da língua e embaixo da língua
  • Inchaço, depois de alguma dor de dente, na região facial.
  • Amolecimento de algum dente, mesmo que apenas por um período curto
  • Quando o Implante estiver “balançando”.

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