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terça-feira, 19 de junho de 2018

Junho Violeta alerta sobre a prevenção do ceratocone


Em estágios mais avançados, o único tratamento para a doença é o transplante de córnea


Com o tema “Esfregar e coçar os olhos prejudica a visão”, foi iniciada a campanha Violet June, ou Junho Violeta, na tradução para o português, no início deste mês. O objetivo é divulgar informações sobre os riscos do ceratocone. “Coçar muito os olhos, pré-disposição genética ou ter parentes com ceracotone são fatores de risco para a doença, que é uma distrofia corneana que gera ectasia, ou seja, é quando nossa córnea passa a ter um formato irregular e fica mais fina”, explica a oftalmologista da Clínica Canto, Ana Paula Canto.

O ceratocone é a distrofia mais comum da córnea e afeta uma em cada duas mil pessoas, segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. A doença costuma surgir entre os 13 a 18 anos e tende a se estabilizar aos 35. “Normalmente, o ceratocone ocorre nos dois olhos, de maneira assimétrica, quer dizer, é mais avançado em um dos olhos”, ressalta a oftalmologista.

Embora não tenha cura, a doença tem tratamento. Por isso, é importante o diagnóstico precoce para evitar a sua progressão. Em casos iniciais, o uso de óculos é suficiente para a melhora da visão. Mas, em situações mais avançadas, pode ser necessária uma lente de contato rígida ou anéis intraestromais. “Temos diversas opções de lentes de contato no mercado e elas costumam funcionar muito bem. Já os anéis intraestromais são colocados no meio da córnea e ajudam a regularizar o ceratocone e a melhorar a visão quando os óculos e as lentes não resolverem”, explica Geraldo Canto, oftalmologista da Clínica Canto.

Em alguns casos, também é realizado um procedimento denominado crosslink para evitar a progressão do ceratocone. “O método consiste na aplicação de um medicamento associado a raios ultravioletas em frequência específica, que colabora para que as fibras de colágeno da córnea se aproximem e fiquem mais fortes, diminuindo as chances de progressão da doença”, revela o oftalmologista. Já em estágios mais avançados, o paciente pode ser submetido ao transplante de córnea. “Quando nenhum outro procedimento conseguir ajudar na melhora da visão do paciente, pode ser indicada a realização do transplante.”


Sintomas do ceratocone

A deformidade na córnea causada pela ceratocone provoca um distúrbio na visão, fazendo com que ela fique mais embaçada e fora de foco. “É comum um dos primeiros sintomas ser alterações frequentes no grau dos óculos, normalmente dos graus de astigmatismo e miopia. Mas, muitos pacientes só vêm até o consultório quando percebem que os óculos não estão mais resolvendo e a doença já está mais avançada”, conta Ana Paula Canto.

Para evitar a doença, a recomendação é nunca coçar os olhos, principalmente se há casos de familiares com a doença. “Também é fundamental consultar um oftalmologista regularmente, pois somente ele poderá identificar a doença mesmo antes do paciente perceber os sintomas”, orienta a oftalmologista.






Clínica Canto



População LGBTI deve ter cuidados específicos durante atendimento médico


Abordagem precisa acolher diversidade e considerar as equidades de acordo com a orientação sexual do paciente, com o objetivo de não provocar constrangimento e tornar a consulta mais produtiva


Devido à falta de conhecimentos, muitos profissionais de saúde cometem equívocos no atendimento ao se depararem com pessoas LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, mulheres transexuais, homens trans e pessoas intersexo). Por se tratar de uma população vulnerável e invisibilizada mesmo dentro da área médica, os profissionais de saúde geralmente cometem equívocos já no cumprimento ao paciente. Porém com as orientações do Grupo de Trabalho de Gênero, Sexualidade, Diversidade e Direitos da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) é possível tornar a consulta mais efetiva e resolutiva, a fim de proporcionar melhor qualidade de vida e bem-estar às pessoas atendidas.

“Existem habilidades e atitudes que médicos de família e comunidade, assim como de outras especialidades, podem adotar em todos os atendimentos para oferecer um bom acolhimento a qualquer pessoa. Deve-se abordar a homossexualidade, a bissexualidade e a assexualidade como 'orientações afetivo-sexuais', pois o desejo e o afeto nas relações humanas existem independentemente da opção que cada um possa fazer por declarar ou não, às outras pessoas, os relacionamentos que tem ou que deseja ter.  Portanto é errado falar em 'opção sexual' ”, explica Ana Paula Andreotti Amorim, médica de família e comunidade, membro do Grupo de Trabalho da SBMFC.

Além disso, as pessoas transexuais devem sempre ser chamadas pelo nome com o qual se identificam. O uso do nome social é um direito dentro do Sistema Único de Saúde e das instituições públicas. Mesmo os serviços de saúde privados podem ser processados judicialmente caso não respeitem o nome social, pois apesar de não haver lei específica, há jurisprudência no tema.

Ana Paula ressalta que a população LGBTI sofre preconceitos específicos e em intensidades variadas. Algumas violências são frequentes mesmo dentro dos serviços de saúde, como negação de direitos, omissão de cuidados, estigmatizações e constrangimentos, além de diversas formas de violências verbais, morais, institucionais e até físicas. É muito comum profissionais de saúde deslegitimarem a identidade das pessoas LGBT, como por exemplo recomendar que uma pesoa reconsidere a forma como se reconhece.

“Outro tópico importante a ser lembrado é que as pessoas travestis e transexuais não mudam o seu gênero, mas elas podem sentir necessidade de realizar uma transição social para o gênero com o qual melhor se identificam. A formação em gênero e sexualidade dentro das universidades ainda é escassa e a maioria dos profissionais se forma sem saber como atender às necessidades de saúde da população LGBTI. Um passo importante de uma política pública seria tornar recomendável ou até obrigatório este conteúdo dentro dos cursos de saúde”, informa a médica de família e comunidade.



Sociedade Brasileira de Dermatologia faz campanha de conscientização sobre o vitiligo



A modelo e universitária Eliane Medeiros, que tem vitiligo, gravou filme para esclarecer e diminuir o preconceito sobre a doença



Eliane Medeiros (21 anos) é modelo profissional, estudante de Direção de Artes e tem vitiligo. Seu depoimento no filme https://youtu.be/6PT9Gu3_Qfw (1”15’) mostra que leva uma vida normal e se aceita como é, com suas manchas. Para ela, a única diferença que existe é que a sua pele é sensível, e precisa de mais cuidados, além de utilizar o filtro solar. A doença, que ainda não tem cura, acomete cerca de 1% da população mundial e 0,5% da brasileira, e não é transmissível.

O vitiligo é facilmente diagnosticado pela presença de manchas brancas em qualquer área da pele, que não têm melanócitos, células responsáveis pela formação da melanina, pigmento que dá cor à pele. Por conta dessas características, pessoas que têm vitiligo costumam enfrentar muito preconceito. Pensando nisso, a Sociedade Brasileira de Dermatologia aproveitou o dia 25 de junho, Dia Mundial do Vitiligo, para promover uma campanha de conscientização da doença. As ações da SBD têm como objetivo esclarecer e diminuir o preconceito acerca do assunto.

Durante o filme, Eliane Medeiros fala sobre os preconceitos que já passou e faz um alerta para a população. “Ninguém quer ser rejeitado ou deixado de lado por uma característica que é sua. Antes de você se afastar de algo ou praticar algum tipo de atitude pejorativa, você precisa se informar. Vitiligo não passa”, diz ela. O depoimento de superação da modelo também faz parte do filme. “Foi um processo bem doloroso, mas hoje eu consigo me aceitar da forma como eu sou. Eu me acho bonita, eu me acho interessante. Comecei a enxergar o meu trabalho como uma forma de transformação social. Você também pode ser feliz e bonita do jeito que você é, tendo vitiligo ou tendo qualquer outra característica”, afirma.

Os cuidados necessários que as pessoas que possuem vitiligo precisam ter é se proteger do sol, usando medidas fotoprotetoras, evitar roupas apertadas, ou que provoquem atrito ou pressão sobre a pele, e controlar o estresse. Esses fatores podem precipitar o aparecimento de novas lesões e acentuar as já existentes. “As lesões provocadas pela doença, não raro, impactam significativamente na qualidade de vida e na autoestima. Por isso, na maioria dos casos, recomenda-se o acompanhamento psicológico, para prevenir o aparecimento de novas lesões e garantir efeitos positivos nos resultados do tratamento”, explica a Dra. Ivonise Follador, médica dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
 
É uma doença genética e autoimune, mas nem todos os motivos que desencadeiam a autoimunidade já foram esclarecidos. Além disso, alterações ou traumas emocionais também podem estar entre os fatores que desencadeiam ou agravam a doença. O vitiligo não tem muitos sintomas físicos, e sim psíquicos.

 “Em alguns casos, os pacientes relatam sentir sensibilidade e coceira na área afetada.  Mas, a grande preocupação dos dermatologistas são os sintomas emocionais que os pacientes podem desenvolver em decorrência da doença. Eles precisam conversar com o médico e psicólogo para não deixar a dermatose virar o centro da sua vida, levar à baixa estima e retração social. A família tem papel fundamental na superação da doença, principalmente na infância”, comenta a dermatologista. 

Segundo Dr. Caio Castro, outro médico dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), apesar da doença ainda não ter cura, existem resultados excelentes e satisfatórios no tratamento do vitiligo, que visam controlar a doença, cessando o aumento das lesões (estabilização do quadro) e repigmentando a pele.

 “O tratamento é individualizado e pode ser realizado a partir da fototerapia com radiação ultravioleta B banda estreita (UVB-nb), fototerapia com ultravioleta A (PUVA), tecnologias como o laser, bem como técnicas cirúrgicas de transplante de melanócitos. Também existem medicamentos em fase de pesquisas e/ou estudos que devem surgir em médio prazo”, conta o médico.

A SBD também alerta para cuidado com medicamentos ditos milagrosos, fórmulas ditas naturais e receitas dadas por leigos. “Esses procedimentos podem levar à frustração e a reações adversas graves” pondera o médico Caio Castro. O dermatologista é o profissional mais indicado para realizar o diagnóstico e tratamento da doença. Além disso, é válido lembrar que o vitiligo não é contagioso. Busque um médico associado à SBD: http://www.sbd.org.br/associados/.


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