O Brasil tornou-se palco, ao longo das últimas
décadas, das mais variadas e inacreditáveis formas de violência, sobretudo nos
grandes centros urbanos. A combinação explosiva entre desigualdades sociais,
políticas ineficazes e um quê de burocracia gerou uma crise na segurança
pública sem precedentes, cujo impacto é percebido em todos os setores da
sociedade. Isso faz com que a população cobre respostas inovadoras e, ao mesmo
tempo firmes. Foi o que senti ao participar, na capital do país, do 1° Simpósio
Internacional de Segurança Pública. O evento, que foi promovido pela Associação
Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), reuniu especialistas do
Brasil e do exterior e, também, profissionais que entendem os problemas
relacionados à segurança pública em sua raiz. As discussões demonstraram que a
tecnologia é a chave e o caminho para controlar e impedir a escalada da
violência no Brasil.
É isso mesmo. Por mais que a situação esteja cada
vez mais além do limite do suportável, a tecnologia torna perfeitamente
possível reverter esse quadro. Virar a mesa. Ganhar o jogo. Mas, para isso, é
preciso ter inteligência, sobretudo no planejamento para o uso desses recursos.
Tomando como exemplo o Rio de Janeiro (onde a violência não dá trégua, mesmo
com inciativas amplamente divulgadas, como as Unidades de Polícia Pacificadora
e a intervenção do Exército), a falta de inteligência dificulta iniciar
qualquer investigação. Existem recursos, mas falta estratégia. E, também,
união.
É verdade que cada estado faz o que pode e o que
está ao seu alcance para dar conta das demandas. E é correto dizer que existem,
sim, grandes e importantes ações para inibir a criminalidade (Big Data e
Inteligência Artificial não são mais realidades distantes ou coisa de ficção
científica). Embora alguns estados estejam mais adiantados que outros, todos
querem fazer algo – e isso é bom, porque há o senso comum de que sem inciativa,
os bandidos continuam a tomar conta da situação. Mas, no meu entendimento, é
preciso que o Governo Federal faça a sua parte, promovendo a integração de
todas as bases de inteligência para, enfim, chegarmos a um sistema único.
Infelizmente, os movimentos nesse sentido são
lentos, o que faz com que tenhamos a sensação de estar “tapando o sol com a
peneira”, já que ao inibir a violência em um determinado local, os criminosos
automaticamente migram para outras regiões. Tomando novamente o exemplo do Rio
de Janeiro, fica fácil entender a equação: sem uma base de dados integrada e
sem compartilhar as informações, as soluções temporárias e sem planejamento a
longo prazo fizeram com que a mancha criminal do Nordeste aumentasse
consideravelmente. Regiões onde nunca se ouviu falar em violência foram
dominadas com rapidez pelo problema.
O modelo atual de aquisição de equipamentos e
soluções é outro entrave para o controle da criminalidade, pois restringe – e
muito – a aquisição de novas e modernas tecnologias. Por isso, o Brasil
precisa, e com urgência, descobrir modelos mais avançados de negociação e
aquisição, que sejam adaptados à realidade brasileira e que tirem o sistema
atual da obsolescência. Nesse sentido, defendo o incentivo às parcerias
público-privadas, que já contam com vários cases de sucesso, inclusive na cidade
de São Paulo. E, também, investimentos substanciais em educação e em formação,
para que o uso dos equipamentos adquiridos (seja no modelo atual, ou via PPP)
aconteça em sua totalidade.
Vencer a violência e a criminalidade depende de
todos nós. Mas, como eu destaquei anteriormente, é preciso inteligência, união
de dados e planejamento. Com profissionais capacitados, ferramentas cada vez
mais intuitivas e integração das informações, teremos assertividade e poder
para vencer essa guerra.
Alexandre Nastro - country manager da ISS Brasil.