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terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Cultura do Cancelamento

A cultura do cancelamento visa boicotar, atacar e banir virtualmente pessoas, empresas e eventos que assumem comportamentos, ideais e opiniões considerados incorretos pela maioria. É, hoje, um fenômeno muito presente nas redes sociais. 

“O cancelamento na internet é o mais cruel de todos, pois uma figura é condenada pelo seu comportamento ou pela sua opinião sem haver oportunidade de defesa. Os ataques, em sua maioria, são raivosos e atingem diretamente o ego, o modo de agir e as conquistas da figura cancelada”, explica Ronan Mairesse, psicólogo e especialista em Comportamento Humano. 

 

O Big Brother Brasil e a cultura do cancelamento 

Nos últimos anos, inúmeros participantes do programa Big Brother Brasil enfrentaram – e alguns ainda enfrentam – o tribunal da internet. Pyong Lee (BBB 20), Hadson (BBB 20), Karol Conká (BBB 21), Lumena (BBB 21), Maria (BBB 22) e Rodrigo Mussi (BBB 22) são alguns dos nomes que foram julgados e condenados no mundo virtual.  

Segundo Miria Ribeiro, psicóloga, terapeuta familiar e palestrante, a cultura do cancelamento é forte no reality show, visto que o programa traz um contexto de exposição e competição muito grande. Isso, por sua vez, provoca uma identificação com pautas do cotidiano. “Os telespectadores ganham tanto ‘poder’ de julgar as ações do jogador que extrapolam isso para as ações do ser humano por trás do jogo”, acrescenta.  

 

Consequências do cancelamento

Se o cancelamento virtual pode prejudicar a vida de uma pessoa comum, imagina o que ele pode fazer com figuras que ganharam visibilidade na mídia, como é o caso dos atuais e ex-participantes do Big Brother Brasil?  

Ronan Mairesse comenta que o cancelamento é uma forma muito dura de justiça social. Por isso, a partir do momento em que um famoso sofre esse tipo de punição, ele fica estigmatizado e sempre à sombra do julgamento alheio.

“E, mesmo que ele aprenda, não cometa nenhum deslize e se torne o melhor ser humano do mundo, ele sempre será lembrado pelo seu erro. Ou seja, a pessoa que não souber lidar com a situação sofrerá para sempre com aquilo, podendo desenvolver depressão ou outras patologias graves”, aponta o psicólogo. 

 

Efeitos sobre as famílias 

Além de prejudicar a vida dessas pessoas, esse tipo de julgamento moderno também traz consequências aos familiares das vítimas. “O cancelamento provoca uma rotulação tão grande que a pressão social recai sobre aqueles que se relacionam com o indivíduo que foi cancelado, como se isso os tornassem aliados de algo que represente o motivo do cancelamento”, avalia Miria Ribeiro. 

Ronan Mairesse enfatiza que o desejo em proteger aquele que ama faz com que muitos familiares se envolvam voluntariamente nas polêmicas. Com isso, sofrem as consequências psicológicas dos ataques virtuais, como o desenvolvimento de depressão e da síndrome do pânico. 

Extensão do cancelamento pode ser menor para pessoas anônimas 

 

Diferenças marcantes entre os cancelamentos 

O cancelamento pode atingir qualquer pessoa que esteja conectada à internet, seja ela famosa ou anônima. Contudo, as consequências dos ataques podem ser diferentes para cada uma dessas pessoas. “Um anônimo não tem a extensão e a repercussão dos seus atos como é, fatalmente, o caso dos integrantes do BBB, o que facilita a sua reabilitação virtual e o não linchamento midiático”, declara Miria Ribeiro. Além disso, Ronan Mairesse acrescenta que, mesmo que ocorram repercussões diferentes, o sentimento de culpa, vergonha e injustiça fica enraizado em qualquer pessoa que seja “cancelada”.  

 

Psicoterapia como uma grande aliada 

Uma das melhores formas de reparar os danos causados pela cultura do cancelamento é por meio de tratamentos psicológicos. De acordo com Ronan Mairesse, a psicoterapia ajudará a pessoa “cancelada” a ressignificar o ocorrido, se conhecer melhor e resgatar a confiança perdida. Ainda, em alguns casos, o acompanhamento psiquiátrico, com o uso de medicamentos, também deverá ser realizado, conforme explica o profissional. 

 

Atitudes que evitam o cancelamento 

Apesar de a cultura atual permitir que o cancelamento seja praticado de forma rápida e sem muitas razões aparentes, com alguns cuidados simples é possível evitar os boicotes e os ataques virtuais. “Uma das maneiras mais importantes para evitar ser cancelado é desenvolver a assertividade na comunicação. Essa atitude ajudará a opinar e a falar de qualquer assunto com cuidado e respeito. Podemos dizer o que quisermos, desde que as palavras sejam ditas para as pessoas certas, no momento certo e da forma certa”, explica Ronan Mairesse.

Ainda segundo ele, é importante lembrar que existem regras que devem ser seguidas pelos usuários das redes sociais. “Um outro ponto é entender que a internet não é terra sem dono. Existe uma grande diferença entre opinar construtivamente e ofender. Quem ofende perde a razão e corre o risco de sofrer consequências jurídicas quanto ao ato”, afirma.  

 

É preciso refletir sobre o tema 

Com a cultura do cancelamento tomando conta das redes sociais, é cada vez mais necessário trazermos o tema para o debate. “Falar sobre a questão do cancelamento nos ajuda a refletir sobre o nosso comportamento de julgamento social e como ele adoece as pessoas de forma grave”, avalia Miria Ribeiro. A especialista ainda afirma que o diálogo permite uma análise sobre os nossos próprios defeitos e como também estamos suscetíveis a falhas.  


Fonte: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude-mental-como-a-cultura-do-cancelamento-prejudica-a-vida-das-pessoas,e608cb92de9c4c7e7bfef9ac9f3cb608aakdgveg.html

Publicando também na Revista Ana Maria UOL e mais cinco sites de noticias
https://anamaria.uol.com.br/noticias/diversos/bbb-entenda-como-a-cultura-do-cancelamento-prejudica-a-vida-das-pessoas-12475.phtml

 

Neo Tarô: um novo caminho para o autoconhecimento

Guia escrito por Jerico Mandybur e cartas ilustradas por Daiana Ruiz ajudam o leitor a encontrar o amor-próprio e compreender o 'eu' interior


Para além da clássica leitura do baralho holístico, em Neo Tarô, kit lançado no Brasil pela VR Editora, a escritora, mística, fundadora e diretora editorial da Girlboss, Jerico Mandybur, redefine o significado do jogo de interpretações para o século XXI e apresenta uma alternativa moderna que vai ao encontro do autoconhecimento.

Com 78 cartas ilustradas por Daiana Ruiz e um guia para a leitura e compreensão, Jerico explica como esse instrumento de adivinhação, com séculos de tradição, pode ser usado como um estímulo para o autoquestionamento e amor-próprio, ou seja, uma espécie de espelho do subconsciente e uma ferramenta rumo à autodescoberta.

Para superarmos uma perda e permitirmos que ela nos transforme, precisamos antes sentir todo seu peso. Pode parecer esmagador e insuportável, como se nunca fossemos sair de baixo dos escombros, mas mesmo quando estamos de luto por algo ou alguém, ainda temos recursos emocionais suficientes para vermos que nem tudo está perdido, é possível construir muita coisa a partir do que nos resta. Reconheça e
aceite essa verdade para que você possa seguir em frente.

(Neo Tarô - leitura da carta V de Copas: os arcanos menores, p. 84)

Dividido por temas emocionais presentes no cotidiano – memórias, perdão, arrependimento, perda, luto, amor, decepção – para cada interpretação das cartas, a autora compartilha uma afirmação para o público realizar no momento da leitura. Jerico também apresenta tópicos de autocuidado para ser colocado em prática, que inclui meditação, terapia de respiração consciente, entre outros.

Repleta de insights interessantes e exercícios práticos, Neo Tarô traz uma abordagem verdadeiramente nova e inteligente na arte da adivinhação, já que o foco não é prever o futuro, mas, sim, estimular o jogador a iniciar a busca por mais autocuidado, reflexão, empoderamento e cura interior.

Divulgação | VR Editora



Ficha técnica:
Título
: Neo Tarô: uma nova abordagem do autocuidado, da cura & do empoderamento 
Editora: VR
Autora: Jerico Mandybur 
Ilustradora
: Daiana Ruiz 
Número de páginas
: 144 p. + deck com 78 cartas de tarô 
ISBN
: 978-85-507-0358-9 
Edição/ano
: 1ª ed. /2023 
Gênero: autoconhecimento, autocuidado, espiritualidade 
Formato:  14,5 x 19 cm 
Acabamento: box cartonado com livro brochura 
 Preço: R$ 159,90 
Onde comprar: E-commerce VR Editora


Sobre a autora:

Jerico Mandybur é diretora editorial e cofundadora da Girlboss, uma multiplataforma de conversa que redefine “sucesso” para as mulheres millennials e oferece uma nova visão do trabalho e do bem-estar. Como apresentadora do podcast de sucesso Self Service, ela entrevista regularmente um grupo diversificado de game changers – todos trabalhando em uma nova definição de autocuidado e espiritualidade. Como escritora, defensora do autocuidado, palestrante e líder queer no espaço da mídia feminina, ela foi retratada em veículos como Refinery29, The Guardian, Brit+Co, Bust Magazine e muito mais.

Instagram
jericomandybur.com  

Sobre a ilustradora:

Daiana Ruiz é artista visual, ilustradora, VJ e designer radicada em Buenos Aires, Argentina.  Seu trabalho é baseado em ilustração digital e animações em loop. Usando ferramentas atuais, ela traz para seu universo novos formatos como GIF e ilustração animada. Ultimamente, ela tem explorado novas técnicas, como pintura a tinta chinesa em grandes rolos de papel e tela. Ela se formou na Da Vinci School, em Derby, como designer multimídia. Participou de vários cursos e workshops com vários artistas e ilustradores como Daniel Leber, María Luque, Diana Aisenberg, Andrés Sobrino e Sebastián Bruno. Suas ilustrações e animações foram exibidas em Buenos Aires (Atocha Galería), Lille, na França (Espacé Le Carré), Turim, na Itália (The GIFFER Festival), entre outros. Ela também participou do evento Night Light, que aconteceu na Harvard University Graduate School of Design. Em 2017, foi convidada a expor seu trabalho em São Paulo, Brasil (FILE GIF, Centro Cultural Fiesp), Los Angeles, EUA (Media Art Lab), entre outros.

Instagram 

behance.net/daianaruiz 


Crianças e telas: tempo deve ser limitado a uma hora por dia e evitar sedentarismo

Exposição sedentária às telas piora as funções executivas das crianças, como lembrar, prestar atenção, regular emoções e comportamentos, além de atrasar a fala e deixar pais estressados

 

“Eu sei que errei e acabei liberando muito cedo o uso das telas”. Essa é a frase dos pais modernos que mais tem se repetido no consultório da fonoaudióloga e diretora da BabyKids Especialidades, Daniella Sales Brom. Ela tem recebido casais cada vez mais pais preocupados com o desenvolvimento das crianças e, alerta que, o tempo de tela pode ser um dos vilões para que as crianças demorem a desenvolver a fala e outras habilidades cruciais para o seu desenvolvimento. 

Muitos estudos já mostravam o impacto negativo do uso excessivo de eletrônicos e da falta de atividades físicas e ao ar livre. Mas, um artigo publicado no “The Journal of Pediatrics” provou que crianças pequenas fisicamente ativas que passam, no máximo, uma hora por dia em frente às telas têm melhor desempenho em funções como memória, atenção e controle das emoções. A pesquisa avaliou a influência desses fatores no desenvolvimento das “funções executivas” (capacidade de memória, planejamento, atenção, regulação de pensamentos, comportamentos e emoções). 

“O momento das refeições é quando os pais mais corridos usam muito as telas porque a criança come mais rápido e sem reclamar porque não presta atenção. Mas isso impacta diretamente no desenvolvimento da fala, no desempenho da fluência e na intenção do diálogo. A comunicação é uma via de mão dupla, mas com telas acaba sendo uma via de mão única e, quando a criança não desenvolve de maneira adequada essas habilidades de comunicação, interação social e das funções executivas na infância, pode ter impactos nas próximas fases da vida”, explica Daniella.

 

Crianças mais sedentárias e pais mais estressados 

A grande exposição das crianças às telas também inclui maior exposição aos anúncios de brinquedos e outros produtos de consumo, causando maior frequência de pedidos das crianças e negativa dos pais, que acabam se sentindo frustrados. Um estudo feito na Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, mostrou que quanto maior o tempo de exposição dos filhos às telas, mais irritados eram os pais. 

“Apesar de dar um pouco de descanso para os pais, o momento em que a criança está em frente às telas inclui um bombardeio sensorial com o barulho dos vídeos e a superestimulação de compra. Outra coisa que causa ansiedade e irritação nos pais é saber que precisam deixar a criança com o celular, ter que abrir mão de assistir noticiários ou outras coisas para deixar a criança assistir algo na TV em troca de momentos para si. Com mais tarefas em casa, e com pais mais envolvidos na educação das crianças, o estresse realmente aumenta”, finaliza Daniella.

 

João Lucas, autista de 4 anos, está sem telas 

Na casa do João Lucas, de 4 anos, os pais aceitaram o desafio de retirar as telas no final de 2022. Diagnosticado com autismo aos 2 anos, no meio da pandemia, ele sempre gostou de assistir desenhos e as telas eram aliadas para distrai-lo, enquanto o pai trabalhava e a mãe cuidava de tudo em casa. “O João Lucas sempre foi uma criança muito esperta, muito ativa, aliás hiperativa, e desde muito novo a gente colocava ele para assistir televisão, assistir desenhos e tudo. Como eu não tinha ninguém em casa para me ajudar, ele acabava ficando o tempo todo em frente à televisão”, explica a mãe Fabíola Costa. 

A primeira tentativa durou 15 dias e foi um desafio para os pais. Segundo Fabíola, sempre que o filho tinha uma crise de ansiedade ou se desregulava, eles acabavam cedendo. A essa altura, ele já estava na escola e iniciado a terapia, então o tempo de tela era menor, mas ainda em excesso. E, no final do ano passado, os pais decidiram se manter firmes e tirar o celular do pequeno, o que exigia também disciplina para ficarem longe do celular e dar exemplo. 

“Na primeira semana foi muito difícil porque ele buscava o celular nos bolsos porque a gente não tinha celular à vista, mas aos poucos ele foi entendendo que não podia e a gente não deixava nenhum pouquinho porque ele poderia não entender isso. Já estamos completando quase três meses sem telas de celular e só deixamos ele ficar entre 20 e 30 minutos na TV na hora do almoço e do jantar vendo um desenho que ele gosta muito”, conta Fabíola. 

A mãe diz que os benefícios foram enormes e João Lucas hoje não pede e nem pega mais os celulares, mesmo ao alcance dele e é uma criança completamente diferente. “Ele faz muito mais contato visual com todo mundo, presta mais atenção, está bem mais fora do espectro do que antes. Ele não se interessava por quase nada. Era sempre o mesmo brinquedo, não gostava de escrever ou desenhar, não prestava atenção na hora da história na escola. E hoje ele consegue se concentrar, assistir, entender e rir das histórias. Não tenho nem como explicar. Quando o médico neuropediatra falou para tirar a tela a gente resiste porque acha muito difícil, e realmente é, mas vale muito a pena. Tudo que eu percebi de mudanças nele foram apenas coisas boas. Se os pais soubessem de tudo isso não deixariam as crianças nas telas, ou deixariam menos, com horários combinados”, pontua Fabíola.

 

Como equilibrar o uso das telas na prática? 

Segundo orientações da Academia Americana de Pediatria, bebês com menos de dois anos não deveriam ter acesso aos eletrônicos (TVs, telas ou jogos de videogames e computadores); entre dois e cinco anos o tempo máximo de telas deve ser uma hora por dia, minimizando o uso deles sempre que possível. O prejuízo causado pelos joguinhos são frustração, irritabilidade e agitação e O vício nas telas também causa maior disposição à problemas de atenção e hiperatividade, sono, baixo rendimento escolar, obesidade e dificuldade de interação social. Nem os desenhos animados “educativos” têm benefícios para ganho de habilidades cognitivas e de linguagem. 

Em seus atendimentos, o que Daniella sugere para as famílias - principalmente crianças atípicas ou com interesse restrito, que ficam mais tempo ainda nas telas ou com dificuldades de interação ou comunicação - é que os pais criem um quadro de rotina com hora marcada. “As telas podem estar incluídas, mas é preciso outras atividades, como ler um livro ou brincar juntos. A família é que dá o exemplo. Então, quanto mais tempo os pais ficam no celular, mais eles dão a oportunidade para que essa criança também queira ficar”, explica a fonoaudióloga. 

Outro ponto bem interessante levantado por Daniella é que a criança gosta de viver no mundo real o que ela vive nas telas. “Se ela assiste alguma coisa sobre fazer bichinhos com massinha, tente fazer essa atividade com massinha com ela, envolva seu filho nas atividades de vida diária (AVDs), como o preparo de um bolo, leve a criança para a cozinha para que ela ajude nisso. Assim, a criança vai se acostumando a ter essa rotina fora das telas. Além disso, é sempre interessante incluir atividades físicas para ganho de habilidades motoras, além de estimular a interação social, melhorar o bem-estar, atividades de concentração e de relaxamento”, finaliza Daniella.


O acaso vai me proteger: Titãs e a neurociência

O título desse artigo é tirado do refrão de uma música dos Titãs que acho bem conhecida: “O acaso vai me proteger/Enquanto eu andar distraído”.

Parece uma coisa tola, não é mesmo? Andar distraído na cidade grande parece apenas uma boa forma de cair num buraco ou ser assaltado. Imagino que a frase tenha uma implicação mais profunda. Andar distraído pode ser uma forma de desligar nossa Mente Intencional, sempre preocupada com suas tarefas e preocupações. Um bom jeito de conhecer essa mente tagarela é tentando silenciá-la, numa Meditação, por exemplo. Isso torna o processo quase infernal, com um pensamento seguido de outro, numa barulheira sem fim.

Os budistas chamam essa Mente de Monkey Mind, a Mente Macaco, que fica pulando de galho em galho, de pensamento em pensamento. A Neurociência chama isso de Rede de Funcionamento Padrão – Default Mode Network. Diz o ditado popular que a mente desocupada é a oficina do Diabo. Pois aí está: a oficina do Diabo é a Rede de Funcionamento Padrão, que fica procurando sarna o tempo todo. O dinheiro vai dar? Esse artigo vai ficar uma porcaria? Os OVNIs derrubados nos Estados Unidos estavam tentando prevenir uma Guerra Nuclear iminente? Não para nunca. Um pensamento puxa o outro, tentando farejar o perigo. Sobretudo, o perigo inexistente. Andar distraído, vendo as pessoas passarem, sentindo a brisa e os barulhos das pessoas tocando suas vidas, pode ser um jeito de desligar o blá-blá-blá de nossos pensamentos. A oficina de angústia de nossas preocupações. Então andar distraído pode significar desligar as preocupações e isso é ótimo. Mas como o Acaso pode me proteger?

Talvez toda a história do pensamento e engenho humano seja uma tentativa de domar o Acaso. O Acaso não costuma ser nosso amigo. Nem a distração. Sistemas de proteção e segurança tentam evitar que que algo ruim aconteça. Tite tentou montar uma seleção na Copa do Mundo que fosse imune ao acaso: todo mundo em sua posição, todo mundo marcando, os mínimos espaços vigiados. Quando a Croácia fechou a entrada de suas laterais, o Brasil dependeu de um lampejo de Neymar para fazer um gol na prorrogação. O time achou que o jogo estava ganho, foi para cima no escanteio, Casemiro não derrubou o croata e pimba, lá veio o acaso, o contra-ataque e o gol dos caras. O acaso não nos protegeu quando estávamos distraídos. E mostrou ao obsessivo treinador que o acaso não pode ser controlado.

A mente preocupada gera um estreitamento de percepção. O medo faz que enxerguemos sempre o perigo e falta de opções de futuro. A mente sincronizada percebe o mundo de uma forma mais ampla e as ideias começam a aparecer. Basta ver a sua capacidade de ter boas ideias quando tem um chefe berrando nos seus ouvidos ou quando você está rindo numa mesa de bar. Alguém já se perguntou porque algumas de nossas melhores ideias aparecem no banho, ou caminhando na praia? A sincronização da mente em uma situação relaxada permite a criação de novas formas de abordar um problema, ou resolver uma dúvida. Berrar ou forçar a barra não cria uma solução mais criativa, que junte vários sistemas de saber e de percepções. Resumindo: o medo e a Adrenalina estreitam sua percepção, o relaxamento e o divertimento geram percepções mais ampliadas. O acaso passa a ser seu amigo, porque aparecem oportunidades que antes não eram percebidas. O Inglês tem um termo muito bacana para isso: Serendipity. A tradução para o Português, Serendipidade, não ajuda a entender o termo. Serendipity é a capacidade de enxergar coincidências felizes, como achar na prateleira um livro antigo com a solução de um problema, ou cruzar num Café com um antigo colega que te oferece um novo emprego. Em estado de relaxamento, estamos mais pertos dos acasos felizes, que Jung chamou de Sincronicidades.

Desligar das preocupações e dos medos pode fazer o Acaso trabalhar para você e isso é uma forma de proteção. Será que os Titãs, em sua poesia, sabiam Neurociência?

  

Marco Antonio Spinelli

 

O vício na tecnologia pode agravar casos de ansiedade e estresse

A psicóloga, Elisa Neiva Vieira, explica como o uso excessivo da tecnologia pode ser maléfico à saúde mental. 

 

O termo Nomofobia foi criado pela YouGov, instituição de pesquisa sediada no Reino Unido, a palavra tem origem da composição do inglês: no + mobile + phone + phobia. O estudo realizado pela instituição envolveu a participação de 2.163 pessoas, e comprovou que, cerca de 58% dos homens e 47% das mulheres sofrem com a Nomofobia, já os 9% restantes sentem-se estressados quando o telefone está desligado. A fobia é um dos tipos de transtorno de ansiedade, e sobre isso a psicóloga Elisa Neiva Vieira explica, “Os transtornos de ansiedade são um grupo de transtornos mentais que afetam milhões de pessoas em todo o mundo. Estes transtornos podem incluir sintomas como medo, preocupação excessiva, falta de concentração, dificuldade em dormir e outros”. 

O vício na tecnologia é um problema do primeiro mundo, que afeta cada vez mais pessoas nas sociedades industrializadas e não demonstra nenhum declínio ou desaceleração, independentemente da idade. A exemplo dessa problemática a OMS reconheceu a existência do “Gaming Disorder” (ou seja, o vício em jogos eletrônicos) como uma doença, a psicóloga Elisa Neiva comenta que, “os gamers (jogadores excessivos) têm dificuldade de moderação de acesso ao jogo, colocam o jogo à frente de todos os outros interesses, deixam de comer e dormir; por isso a importantância desse transtorno estar listado no Cid-11”  

A falta de controle sobre o tempo de tela pode ser extremamente prejudicial à saúde mental, segundo Elisa: “A Academia Americana de Pediatria recomenda que crianças de 2 a 5 anos não excedam 1 hora de tela por dia; crianças de 6 a 17 anos não excedam 2 horas de tela por dia; e adultos devem limitar seu tempo de tela a não  mais de 3 horas por dia”, mesmo assim, dados de um levantamento da empresa de estatística Statista (2016) mostram que a média diária gasta em celulares pelos brasileiros é de 4 horas e 48 minutos.

A psicóloga, especialista em Terapia Cognitiva Comportamental, afirma que o uso excessivo da tecnologia exige urgentemente a imposição de limites e controle, mas reforça: "Tarefa fácil nos tempos atuais? Não! Principalmente neste momento, pós pandemia, onde houve um aumento considerável do uso da tecnologia, que passou a fazer parte de nossas vidas em excesso, tornando seu uso muitas vezes indispensável”. Além disso, Elisa Vieira concorda que a tecnologia pode se demonstrar como uma faca de dois gumes, “por um lado, temos acesso rápido a recursos extremamente úteis, como grupos de suporte online, pesquisas e até mesmo terapia virtual.  Por outro lado, o que parece bom pode se transformar em uma fonte de estresse e ansiedade”.

A adição aos smartphones e demais formas de tecnologias tem se tornado um grande problema para a saúde mental de diversas pessoas,  “estudos têm mostrado que as pessoas que passam mais tempo nas redes sociais são mais propensas a sofrer de ansiedade, depressão e outros problemas de saúde mental.  Isso ocorre porque a mídia social pode criar um senso de comparação e competição, o que pode levar a sentimentos de inadequação e insegurança”, cita Elisa. Para descrever a proporção deste vício tecnológico a psicóloga usa o exemplo do celular como uma ampliação do ser, “os smartphones parecem ser uma extensão do corpo, não há quem não esteja com ele em mãos em qualquer momento do dia. Desta forma, não rompemos vínculos e sustentamos a conectividade, até mesmo afetiva sem interrupção, o que acaba sendo um problema.

Elisa é também pioneira no estudo do  transtorno de ansiedade Mutismo Seletivo, e diretora do Instituto Mutismo Seletivo Brasil, com isso ela cita que uma das propriedades do recorrente aumento do uso das tecnologias no dia a dia acabaram sendo de certa forma benéficas a pacientes com esse transtorno, “Nos casos do Mutismo Seletivo - entendido como um transtorno de ansiedade no qual crianças adolescentes e até mesmo adultos não se comunicam em ambientes sociais, com exceção de seus lares onde se sentem confortáveis - o uso da tecnologia tem trazido grandes benefícios, surgindo como uma alternativa de comunicação, sendo transferido para o encontro presencial com grande êxito”.

Porém a especialista termina sua fala com um aviso: “O uso em excesso de qualquer tipo de tecnologia traz uma falsa sensação de realidade, além de aumentar o nível de ansiedade, contribuindo também para o desenvolvimento de outros transtornos, tais como transtornos do sono, aumento do estresse”. E frisa a importância do controle e da desconexão, “é importante estar ciente de como a tecnologia está afetando sua saúde mental.  Fazer pausas na tecnologia, estabelecer limites e limitar sua exposição à luz azul pode ajudar a reduzir a ansiedade.  Além disso, buscar ajuda profissional, se necessário, pode ser benéfico”.

 

Estudo da Unifesp alerta para os riscos da frequência de jovens nas chamadas festas “open bar”

Consumo liberado de bebida em festas está associado ao uso de maconha e transtornos psiquiátricos


Um estudo conduzido pelo Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) e que acaba de ser divulgado no International Journal of Drug Policy revelou os perigos que as chamadas festas “open bar”, aquelas em que se paga um valor fixo para acesso liberado e ilimitado ao consumo de álcool, representam aos jovens menores de 18 anos. Mesmo havendo legislação que proíba a venda de bebidas alcoólicas para adolescentes, infelizmente, há uma frequência considerável deles nesse tipo de evento, trazendo como riscos e consequências não apenas a intoxicação e problemas pelo uso de álcool, como também maior risco de consumir outras drogas e de ter sintomas psiquiátricos.

Para se chegar aos resultados, os pesquisadores, por meio de questionário anônimo aplicado em sala de aula, entrevistaram 5.213 estudantes do 8.º ano, em 73 escolas públicas brasileiras. No geral, a população estudantil era composta por adolescentes de 13 anos, sendo metade deles meninos e a maioria de classe socioeconômica C (média-baixa), residentes em São Paulo, Fortaleza e Eusébio (CE). Nesta amostra, o consumo excessivo de álcool foi relatado por 1 a cada 5 estudantes, 6% usaram tabaco e a mesma quantidade usou maconha. Além disso, quase 20% deles relataram frequentar festas “open bar”.

“Notamos muitas diferenças quando comparamos os adolescentes que frequentam festas ‘open bar’ com aqueles que não frequentam. Do ponto de vista sociodemográfico, encontramos mais meninas de melhor condição social frequentando estes eventos”, detalha Zila Sanchez, professora do Departamento de Medicina Preventiva da EPM/Unifesp e coordenadora do estudo. A média de idade foi de 13,5 anos. Entre os participantes do “open bar”, mais da metade relatou consumo excessivo de álcool no último ano, 20% usaram tabaco e/ou maconha. Além disso, 94,2% relataram exposição à propaganda de bebidas alcoólicas.

Todas as variáveis incluídas na análise multivariada, como idade, cidade, nível socioeconômico, uso de drogas, problemas com o uso de álcool, sintomas psiquiátricos e exposição à propaganda de álcool, permaneceram significativamente associadas à participação em eventos de “open bar”. De acordo com Mariana Guedes, pós-doutoranda que participou do estudo, “quando comparados aos adolescentes que não frequentaram esse tipo de festa, aqueles que frequentaram têm cinco vezes mais chances de se intoxicarem e de demostrar problemas pelo uso de álcool, e ainda demostraram ter o dobro de chances de consumir maconha e de ter sintomas psiquiátricos”.

Para Sanchez, o consumo excessivo de álcool e a embriaguez entre os jovens é uma preocupação de saúde pública, “uma vez que os jovens tendem a se envolver em consumo excessivo de álcool e comportamentos de risco mais do que outros grupos etários, e ainda são mais propensos a experimentar as consequências negativas de saúde, sociais e psicológicas do consumo prematuro”.

“É fundamental rever o controle sobre a proibição de venda de álcool a menores, assim como a implementação efetiva e monitorada da restrição de promoções e propagandas de bebidas alcoólicas no Brasil. Hoje, não há restrições quanto à venda de álcool a indivíduos embriagados, a idade do comprador não é verificada, os preços são bastante encorajadores e as políticas atuais permitem beber em locais públicos, e tudo isso facilita o consumo. O estudo, nesse sentido, não só reforça esse preocupante cenário como nos traz a urgência de maior rigor e melhor olhar da saúde pública para essa questão”, conclui a professora.

 

Volta às aulas: como lidar com as "panelinhas" entre alunos?

Unsplash
Dicas para que professores e educadores promovam atividades que estimulem a interação entre todos os estudantes e o acolhimento em sala de aula

 

A volta às aulas pode ser muito legal e divertida para algumas crianças por ser uma oportunidade de reencontrar os amigos, saber das novidades, conhecer os alunos novos e curtir brincadeiras. Porém, essa talvez não seja a realidade de todos os estudantes. Pode acontecer que alguns deles, em especial os novatos, não se sintam enturmados e acolhidos, situação que requer uma atenção especial de pais, responsáveis, professores, educadores  e equipe escolar.  

Um dos maiores desafios dos professores e educadores dentro da sala de aula é fazer com que todos os participantes da turma interajam e se conectem durante as atividades. Para criar um ambiente saudável e promover a integração da turma, principalmente dos alunos novos que podem por ventura se sentir deslocados e tímidos, é importante estimular o convívio e acolher a diversidade. 

Para isso, cabe aos responsáveis pelo ensino escolar pensar em alternativas como incentivar e propor atividades lúdicas de desenvolvimento e envolvimento entre ambas as partes. Além de lecionar de um jeito que deixe os estudantes mais à vontade para participar, é essencial incentivar brincadeiras e jogos que estimulem uma interação agradável e espontânea entre alunos, professores e auxiliares de sala.

Outro ponto de atenção é a formação das “panelinhas” e “grupinhos” em sala, o que pode causar inimizades ou fazer com que alguns estudantes possam se sentir rejeitados e até vivenciem alguma forma de bullying. Quando isso acontece, as crianças que ficaram de fora podem perder o interesse pelos estudos, chorar quando os pais os levam para escola e até apresentar queda no rendimento escolar. Então, é essencial que a equipe pedagógica crie atividades que reduzam o impacto negativo das panelinhas bem como orientem os familiares a estarem atentos a eventuais mudanças das crianças. 

Uma forma de evitar que isso aconteça é estimular a amizade nos intervalos, recreios, tempos livres e até fora do período escolar. Os professores podem, por exemplo, pedir atividades extracurriculares em grupo que devem ser cumpridas e realizadas em conjunto. Para melhorar a adaptação dos estudantes, também pode ser uma boa ideia realizar rodas de conversa, atividades ou apresentações que incluam a participação ou a presença dos pais. 

Todas essas alternativas trazem a leveza e a harmonia para a sala de aula, facilitam que a interação ocorra de um jeito mais descontraído e geram acolhimento para as crianças. Vale lembrar que as crianças passam muito tempo na escola e ainda estão em fase de desenvolvimento, então, todo esforço é válido para garantir que vivenciem boas experiências e cresçam com memórias de uma infância acolhedora.  

 

Helen Mavichian - psicoterapeuta especializada em crianças e adolescentes e Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. É graduada em Psicologia, com especialização em Psicopedagogia. Pesquisadora do Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Possui experiência na área de Psicologia, com ênfase em neuropsicologia e avaliação de leitura e escrita. https://helenpsicologa.com.br/

 

A filosofia da gratidão em busca da felicidade

Especialista em comportamento humano aponta que reconhecer o que temos de bom é fundamental para transformar a energia em uma frequência que emana positividade


As ondas são uma forma de energia que se propaga ao longo do tempo e do espaço, estando presentes no universo de muitas formas. Além das sonoras, eletromagnéticas e gravitacionais, existem aquelas que são emitidas pelas emoções humanas, capazes de propagar-se entre as pessoas, afetando a vida de todos ao redor.

De acordo com William Sanches, terapeuta, escritor e especialista em comportamento humano e programação neurolinguística, a frequência do desprezo, por exemplo, pode emitir ondas negativas. “Essa energia é causada pela nossa própria aversão em relação a tudo o que fazemos ou recebemos, e isso se propaga negativamente não só por todo o ambiente que está a nossa volta, mas também em todos os aspectos da vida”, relata.

Para Sanches, esse tipo de sentimento pode ser prejudicial em diversos sentidos. “Muitas pessoas pensam que não possuem nada, quando, na verdade, têm tudo o que precisam. Esses indivíduos não conseguem enxergar as coisas pelas quais deveriam agradecer, não sabem receber elogios ou comentários positivos, pois estão na vibração do desprezo, acreditando que não tem nada de valor a oferecer”, declara.

O especialista acredita que essa onda negativa só irá atrair mais negatividade. “A vibração do desprezo faz com que o universo devolva coisas que possuam essa mesma energia. Se reclamamos de tudo que recebemos, não existem razões para que o universo nos envie coisas melhores”, pontua.

Sanches acredita que as pessoas devem carregar a filosofia da gratidão em busca da prosperidade. “Sempre receberemos mais coisas boas se estivermos com uma vibração farta. Reconhecer o que temos de bom é fundamental para transformar nossa energia em uma frequência que emana positividade”, revela.

Segundo o escritor, o pensamento positivo não deve se limitar a cada indivíduo. “É importante ver coisas boas nos lugares, pessoas, utensílios, resultados e outros acontecimentos cotidianos. Tudo isso move a energia do universo até cada um de nós. Quem tem gratidão, terá ainda mais prosperidade na vida. Isso é o suficiente para que o universo devolva o que emanamos por sermos gratos. Agradecer pelos momentos de felicidade é caminho para se livrar da negatividade”, finaliza.

 


William Sanches - Terapeuta Transpessoal é Pós-graduado em Neurociências e Comportamento pela PUC-RS. Também cursou Letras, Pedagogia e é pós-graduado em Literaturas, Educação, Psicologia Positiva, Hipnose Clínica e Programação Neurolinguística. Estudou as Questões Sociais do Novo Milênio na Universidade de Coimbra, em Portugal.
www.williamsanches.com
@williamsanchesoficial

 

Por que as pessoas tendem a se autossabotar?

A vida é marcada por diversas crises e inúmeros desafios. É durante essas dificuldades que somos surpreendidos por um senso de estagnação, sem entender por que não progredimos. Atenção! Este pode ser um forte indício de autossabotagem. A tendência é pensar: "Mas, autossabotagem? Quem faria uma loucura dessas?", "como uma pessoa pode trabalhar contra ela mesma?".

A autossabotagem acontece na tentativa de se autopreservar. Uma pessoa não se sabota com a intenção de se prejudicar, mas para escapar de situações e sentimentos desconfortáveis gerados nas situações da vida e trabalho. Ao invés de buscar expansão enfrentando a dor e os medos do crescimento, passa a se proteger da possível crítica, rejeição, perda, falta de reconhecimento, ou do medo de perder valor aos olhos do outro.

Mas afinal, como vencer a autossabotagem? Existem algumas habilidades que podem auxiliar nessa luta contra a estagnação. A primeira delas é conscientizar-se do personagem adotado para se autopreservar. Cada um de nós lida com o desafio de estar à altura, de se sentir capaz, de atender às expectativas e se sentir aceito, e é nesse momento que o medo atua levando as pessoas a criarem personagens com comportamentos contraproducentes. Alguns acionam o ego brigão, outros se escondem em uma caverna e tem aqueles que se promovem de maneira exagerada.

Todos esses personagens disfuncionais são gerados por medo; mas ao invés de fingir que o medo não existe, reconheça-o e ele ficará menor. Quando você dá nome ao seu "gigante pessoal", que está atuando em seu trabalho, relações, finanças, projeto ou equipe, ele perde força e deixa de intervir na sua verdadeira identidade, performance e potencial.

A segunda habilidade é reconhecer os próprios pontos fortes. Se de um lado o medo paralisa, vire a moeda e perceba a força desenvolvida para se defender dele. Isso é uma janela de oportunidade. Todas as vezes que pergunto às pessoas seus pontos fortes, elas entram em hesitação. É muito importante dar nome também a essas qualidades, pois elas irão atacar os gigantes gerados pela autopreservação.

O terceiro ponto de habilidade é ter cuidado com as narrativas que conta a si mesmo. Na intenção de se provar para os outros, a tendência é criar uma mentira sobre si e se esconder, buscando uma muleta para o seu valor pessoal. Estas narrativas podem sufocar seu potencial, pois fazem acreditar que nenhum esforço deve ser feito, que não vale a pena investir em si mesmo. Faça a seguinte indagação: esta ideia que alimento é um fato ou apenas uma interpretação do fato? Jogue fora as narrativas que não o fazem avançar!

William Shakespeare certa vez disse que “nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que muitas vezes poderíamos ganhar, pelo simples medo de arriscar”. Nos sabotamos para evitar a dor do crescimento, temos medo de arriscar. Mas nem só de clareza vive o homem, é preciso de coragem e impulso, por isso cito Campbell: "a caverna que você teme entrar detém o tesouro que você procura."

Seguindo estes passos práticos será possível driblar a autossabotagem. Então, dê nome ao gigante que o mantém no modo autopreservação, liste as suas forças para entrar na caverna que tanto evita e tome posse do tesouro que procura.

 

Eduardo Rodrigues - especialista em educação, capacitado em Desenvolvimento de Pessoas pela metodologia coaching nos institutos da ELC de Londres, ZOVAC Consulting Califórnia e Fuller Seminary em Pasadena, EUA. Autor do livro Chega de andar em círculos, tem 22 anos de experiência e conduziu treinamentos em mais de cinco países; foi responsável pelo crescimento de duas organizações e é coordenador de projetos na América Latina na Communitas International.

 

O papel fundamental das escolas para minimizar os danos causados pelo transtorno de ansiedade

O processo de formação integral do ser humano passa por diversas etapas e uma delas é a escolarização. O colégio é o primeiro ambiente em que a criança é inserida fora do convívio familiar e ele é responsável por contribuir para o progresso do ensino, do aprendizado e para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais. 

Com essa nova etapa, o estudante, que até então conhecia somente sua realidade pessoal, passa a experimentar outras vivências e preocupações. Uma delas é o transtorno de ansiedade, pois, com o aumento gradativo das responsabilidades alinhado às mudanças sociais, este transtorno se aproxima da realidade dos estudantes, interferindo diretamente nas atividades rotineiras, além de contribuir para a redução da sua produtividade e de seu aprendizado. 

Com a irrupção da pandemia de Covid-19, esse quadro tornou-se ainda mais grave. De acordo com mapeamento realizado pela Secretaria de Educação de São Paulo, atualmente, 69% dos estudantes avaliados relatam sintomas de ansiedade e depressão, o que representa um número superior a 443 mil jovens. Muitos fatores podem estar envolvidos na associação entre a Covid-19 e à saúde mental. Alguns exemplos são: a alteração de rotinas; o isolamento prolongado; a necessidade de adaptações constantes a situações de incertezas sobre a saúde pessoal, familiar ou de pessoas próximas; e o próprio curso da pandemia. De um modo geral, o distanciamento prolongado, certamente, interferiu nas etapas de desenvolvimento socioemocional das crianças e adolescentes, especialmente pela falta de interação no convívio escolar.
 

Impactos do transtorno de ansiedade para o desenvolvimento dos jovens 

O transtorno de ansiedade pode ser caracterizado de diversas formas e apresenta sintomas como a falta de ar, bem como sentimento de medo e de preocupação desproporcionais, sobretudo, em decorrência da antecipação inconsciente de situações que podem ou não acontecer. Com o aumento gradativo destes sintomas, o impacto sobre a rotina do jovem se torna cada vez maior. Consequentemente, dificuldades para se concentrar, queda de rendimento escolar e redução do nível de aprendizado passam a ser habituais no dia a dia do estudante. 

Além disso, a chamada ansiedade social, na qual o indivíduo teme sentir-se envergonhado, faz com que jovens evitem ser foco de atenção, deixando de realizar atividades simples e necessárias, como apresentação de trabalhos e conversas em rodas de amigos. Este tipo de prática pode ampliar o sentimento de exclusão e gerar consequências nocivas à saúde dos jovens, como o agravamento do transtorno ou, até mesmo, o desenvolvimento de outros, como a depressão.
 

A importância de uma instituição de ensino qualificada 

É importante ressaltar que a escola tem o potencial de se apresentar como um local rico em promoção à saúde mental, pelo fato de ser um espaço de desenvolvimento de inúmeras habilidades de autoconhecimento e de relacionamentos interpessoais. Neste sentido, no ambiente escolar torna-se possível se identificar sinais que possam servir como alerta para intervenções precoces, ao abrir oportunidade de diálogos e encaminhamentos.

Para que isto seja possível, é fundamental que a instituição conte com uma equipe pedagógica qualificada, com conhecimento, atenta e em constante formação sobre o desenvolvimento integral do ser humano, para que possa auxiliar nos encaminhamentos necessários à superação destas dificuldades. 

Além disso, nesse momento, a família também precisa ser acolhida e apoiada nas dificuldades a serem enfrentadas. Juntamente com médicos e demais especialistas externos, que realizam o acompanhamento do estudante. Desta forma, é possível potencializar as ações necessárias ao desenvolvimento e superação dos problemas apresentados. 

Com o retorno às aulas presenciais, novas demandas e desafios surgiram, especialmente, no que se refere às relações interpessoais, uma vez que se reapropriar dos espaços coletivos tem sido um dos maiores desafios. Desta forma, o setor de Orientação Educacional, alinhado aos valores educativos institucionais, ganha ainda mais relevância, a fim de estabelecer a integração entre escola e família, oferecendo suporte à superação dos desafios e possibilitando o desenvolvimento integral do estudante, a partir de ações estratégicas como assembleias, momentos individualizados de escuta e diálogo, grupos de ajuda e de monitorias.
 


Viviane Grano Sulatto - Orientadora Educacional da rede de colégios Santa Marcelina, instituição que alia tradição à uma proposta educacional disruptiva e alinhada às principais tendências do mercado de educação.


TDAH na infância: Como as atividades artísticas podem influenciar positivamente no tratamento?

Manifestações do transtorno começam ainda nos primeiros anos de vida e atividades como dança, teatro e pintura podem ser a principal saída para redução dos sintomas, segundo especialista


O TDAH ou Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade, é uma das condições mais comuns do Brasil, com cerca de 2 milhões de casos por ano. Para ser ainda mais exato, ao menos 5% da população infantil do mundo é atingida pelo transtorno, de acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção. Mesmo que o TDAH não tenha cura comprovada, é possível realizar o tratamento através de medicamentos como a Ritalina, por exemplo. Acontece que, além de muitos pais evitarem o uso de remédios no caso de crianças e adolescentes, farmácias do país estão sofrendo com a carência de estoque nos últimos meses. Sendo assim, é preciso encarar a possibilidade de tentar outras soluções. 

Porém, antes de definir novas alternativas, é necessário entender qual a origem do problema. Segundo Nathalia Brandão, especialista em psicologia infantil e adolescente há 8 anos e uma das profissionais presentes na plataforma da Baby Concierge, face digital pioneira no universo materno infantil, o TDAH pode começar a se manifestar ainda na infância e, ser decorrente de uma linha hereditária: “O TDAH manifesta-se nos primeiros anos de vida e pode durar até o fim dela. Estudos apontam que é possível uma predisposição genética, considerando a semelhança do comportamento em outros familiares. Vale ressaltar também, que há chances de fatores ambientais influenciarem no diagnóstico e alguns estudos apontam que o uso excessivo de telas digitais pode justificar um possível diagnóstico, mas isso ainda não foi comprovado”. 

Visando contextualizar a condição, Nathalia realiza uma breve análise neurológica: “TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento multifatorial que, de acordo com uma teoria que acredito, não se trata de deficiência intelectual, mas da dificuldade em obter e manter o foco.” Ela também explicita os principais fatores influentes e sintomas da doença: “Pessoas com TDAH, costumam apresentar alterações na região frontal do cérebro, manifestando a redução da capacidade de atenção, dificuldade de seguir instruções, alteração no autocontrole, ansiedade, redução da capacidade de planejamento, dificuldade de memória, de manter-se parado fisicamente em um lugar e esperar sua vez para falar."

Em relação às formas de tratamento do TDAH, a psicóloga afirma que existe uma saída, exercitada com menos frequência do que deveria: as atividades artísticas podem ser uma das principais maneiras de reduzir os sintomas. “A arte é parceira na procura pelo controle e manejo dos comportamentos e emoções de uma criança ou adolescente. Atividades como essas estimulam os relacionamentos interpessoais, que podem vir a piorar ao longo dos anos devido ao transtorno, além de fortalecerem a criatividade. Praticando, é possível equilibrar os neurotransmissores importantes no cérebro, capazes de expressar sentimentos positivos ligados ao prazer e ao bem-estar”. 

Dentre as opções de programas artísticos, Nathalia ressalta a importância da movimentação do corpo e da mente: “A maneira mais benéfica de trabalhar os sintomas de TDAH de uma criança são atividades como dança, expressão corporal, teatro, música e especialmente a pintura. Aulas e afazeres como estes podem ser eficientes na busca pelo controle do comportamento.” Ela ainda oferece dicas de como convencer os pequenos a desenvolver as tarefas: “Sugiro que os pais participem sempre que possível e tornem algo leve e divertido, sem obrigatoriedade. Evitando que a criança seja pressionada, ela ficará mais satisfeita em realizar as atividades e assim, aumentar sua criatividade e imaginação”. 

Por fim, para reforçar a importância de um diagnóstico médico, a especialista afirma que a identificação incorreta do transtorno acontece com frequência: “É preciso analisar com cautela, pois, hoje vemos uma enxurrada de diagnósticos incorretos, que podem impactar negativamente no tratamento adequado aos sintomas. E, por mais que o diagnóstico seja clínico, caso se dê por uma equipe multidisciplinar, as chances de ser assertivo se tornam bem maiores”. Nathalia ainda explica a diferença entre o comportamento hiperativo e TDAH, além de estabelecer uma forma curiosa de separá-los: “Crianças hiperativas são agitadas e inquietas, o que pode ou não sinalizar um transtorno. Já o TDAH é caracterizado pela combinação da dificuldade de atenção com agitação motora e impulsividade. Para o diagnóstico é preciso também, que o mesmo comportamento aconteça em pelo menos dois ambientes diferentes”. 


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