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A saúde é um dos pilares fundamentais da vida humana e desempenha um
papel crucial em nosso bem-estar geral. Por séculos, o Brasil tem buscado
soluções para suas profundas desigualdades sociais e dificuldades no acesso aos
serviços médicos básicos. E pensar em soluções para esses problemas significa
pensar em duas questões fundamentais: no conceito próprio de saúde e na sua
visão como direito fundamental.
Para responder a primeira pergunta, devemos
primeiro voltar no tempo. “Ser saudável é não estar doente”.
Durante gerações, foi com essa maneira simplista que se pensaram as políticas
sanitárias mundo afora. Especialmente no âmbito da classe trabalhadora, onde o
interesse maior era das empresas, já que funcionário doente significava
funcionário afastado das atividades laborais. Pensando nisso, as primeiras
políticas de garantia ao acesso à saúde contemplavam apenas empregados formais,
deixando de fora a grande massa miserável do país.
Com o tempo, a evolução do entendimento sobre saúde
levou a uma perspectiva mais integral, que considera a interconexão entre o
corpo, a mente e o ambiente. Essa mudança foi fundamental para a promoção da
mesma e prevenção de doenças na sociedade contemporânea. É um conceito amplo e
multifacetado, que abrange não apenas a ausência de patologias, mas também um
estado de completo bem-estar físico, mental e social. Essa visão integrada foi
formalmente reconhecida pela OMS em 1946 e continua a ser um princípio fundamental
na definição contemporânea de saúde.
E para responder a segunda pergunta, temos que
entender as intensas lutas sociais, especialmente do movimento sanitarista, que
estabeleceram a saúde como um direito de todos e dever do Estado, garantindo
acesso universal e igualitário aos seus serviços, e não apenas entre os
trabalhadores formais ou quem contribui com a previdência. O que antes era luxo
e privilégio, uma mercadoria, agora passou a ser visto como base para a
dignidade humana.
Entendendo o contexto histórico, vamos para o
questionamento final: onde estamos agora? Apesar de direito adquirido, a luta
pela saúde integral está longe do fim. Os maiores desafios envolvem questões
estruturais, econômicas e políticas, como o subfinanciamento, falta de
investimentos, desvalorização de profissionais, envelhecimento populacional,
privatização, descrédito e desmonte do SUS. Um exemplo da interferência
política aconteceu recentemente: Donald Trump anunciou o corte na ajuda
humanitária o que ameaça o agravamento da pandemia de HIV/AIDS.
Apesar do cenário sempre desafiador, seja de quem
faz ou de quem usa, é dever coletivo a vigilância das nossas instituições,
sobre especialmente a gestão pública, para que essa conquista, por tantas vezes
questionada e posta à prova, não se torne mais uma vez um sonho distante.
Marcelo Henrique Silva - médico com foco em grupos
vulneráveis, é autor de Sangue Neon,
romance vencedor do Prêmio Alta Literatura na categoria autor estreante.
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