Dra. Fernanda Weiler, cardiologista e especialista em Medicina do Estilo de Vida, explica como transtornos emocionais impactam a saúde do coração e como abordagens integradas podem ajudar na prevenção
A conexão entre corpo e mente é inegável, e quando
se trata da saúde cardiovascular, os impactos dos transtornos mentais são cada
vez mais evidentes. Estudos apontam que a depressão e a ansiedade não apenas
aumentam o risco de doenças cardíacas, como também podem dificultar sua
recuperação. No Brasil, cerca de 26% da população possui diagnóstico de
ansiedade, de acordo com levantamento do Covitel 2023 (Inquérito Telefônico de
Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de
Pandemia).
"A depressão e a ansiedade levam a uma série de
reações fisiológicas no organismo que impactam diretamente o coração. A
liberação de hormônios do estresse, como adrenalina e cortisol, durante os
períodos de crise de ansiedade, pode precipitar o surgimento de um infarto,
caso o paciente possua placas de entupimento das artérias do coração",
explica a Dra. Fernanda Weiler, cardiologista formada pela Universidade de
Brasília (UNB), membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia e certificada
internacionalmente em Medicina do Estilo de Vida pela Harvard Medical School
(EUA).
O impacto emocional no coração também se reflete
nos hábitos diários. "Pessoas com transtornos mentais, como a ansiedade,
têm três vezes mais chances de sofrer um ataque cardíaco ou acidente vascular
cerebral", pontua a especialista. Além disso, sintomas como
fadiga, insônia e alterações metabólicas são frequentes em pacientes com
transtornos mentais e são fatores que podem comprometer ainda mais a saúde do
coração.
Visando esse contexto, uma abordagem integrada se
faz necessária. "Não basta tratar apenas o coração, precisamos olhar
para o indivíduo como um todo. A Medicina do Estilo de Vida preconiza seis
pilares essenciais para uma boa saúde: alimentação equilibrada, atividade
física regular, gerenciamento do estresse, sono de qualidade, evitação de
substâncias tóxicas e boas relações interpessoais", enfatiza a
cardiologista. "Com uma abordagem multidisciplinar que inclua
psicólogos, psiquiatras e profissionais de saúde física, conseguimos reduzir
significativamente o impacto das doenças mentais na saúde cardiovascular."
Para a Dra. Fernanda, o caminho para um coração
saudável passa também pelo autocuidado e pelo conhecimento. "Entender
que a saúde emocional tem relação direta com o coração é um passo essencial
para prevenção. Pequenas mudanças diárias, como buscar espaços para
relaxamento, manter uma rotina de sono adequada e adotar uma alimentação mais
natural, podem fazer toda a diferença a longo prazo", finaliza
a especialista.
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