Não há como negar que o ESG ganhou popularidade nos
últimos anos. Entretanto, é preciso fazer uma pergunta: será que as
organizações compreenderam, de fato, a real importância dessa agenda? Isso é,
levando em conta o atual cenário em que estamos inseridos, marcado por
situações que vão desde conflitos entre nações, crises humanitárias e,
principalmente, as alterações climáticas que já mostram os seus impactos,
aplicar o conceito torna-se, ao mesmo tempo que uma necessidade, uma ação
desafiadora.
Atualmente, vemos uma maior conscientização das
organizações em prol de integrar a agenda nas estratégias dos negócios. Prova
disso, de acordo com um levantamento feito pela Bloomberg Intelligence, os
investimentos ESG já representam mais de um terço do total de ativos sob gestão
e podem alcançar US$ 53 trilhões até 2025.
Muitos desses investimentos se dão ao fato de que
organizações com boas pontuações em ESG tendem a mostrar uma imagem mais
positiva para o público. Além disso, com as mudanças climáticas se acentuando
de forma trágica, reforça-se a cobrança das empresas acerca das responsabilidades
ambientais, sociais e de governança em prol da causa.
Isso traz à tona obstáculos que as companhias
precisam ultrapassar não apenas para estarem em conformidade com os órgãos
regulatórios, mas também para gerarem oportunidades frente a atual realidade.
Diante disso, destaco aqui seis desafios para aplicação eficiente da agenda ESG
nas empresas:
#1 Atuar com múltiplas
possibilidades: embora o conceito seja altamente atrelado a causa
ambiental, o ESG vai muito além. Deste modo, mais do que reduzir a utilização
de materiais como, por exemplo, o papel, é preciso que a organização trabalhe
dentro do conceito de transformação digital, buscando exercer uma gestão com
transparência e compromisso com a verdade.
#2 Identificar as barreiras
internas e externas: o cenário que estamos
enfrentando exige desenvolvimento de soluções no curto prazo, mas que durem a
longo prazo. Certamente, essa não é uma tarefa fácil, ainda mais levando em
conta o sistema burocrático brasileiro. No entanto, isso não deve ser utilizado
como um motivo que impeça a inovação na organização, mas, uma vez identificado,
cabe a empresa a missão de buscar métodos e alternativas que viabilizem os
processos.
#3 Economia circular: complementando o primeiro tópico, a sustentabilidade é um pilar importante
na agenda ESG. Diante disso, as organizações têm a missão de implementarem um
modelo de negócio que desempenhe desde o melhor uso e reaproveitamento dos
recursos naturais, até a redução de poluentes como o CO2. Isso considerando
que, no Brasil, segundo o estudo The Global Sustainability Barometer, realizado
pela Kyndryl em colaboração com a Microsoft, para 60% das empresas, a demanda
dos clientes por produtos sustentáveis continua sendo o principal impulsionador
dos seus esforços de sustentabilidade.
#4 Uso da tecnologia: embora tenhamos cada vez mais a aplicação de uma gestão tecnológica, uma
coisa é fato: vivemos uma desigualdade digital. De acordo com dados da União
Internacional de Telecomunicações (UIT), cerca de 37% da população mundial está
desconectada da internet. Além disso, ainda segundo o relatório da Kyndryl,
apenas 33% das organizações aproveitam inovações tecnológicas para atingir
metas de sustentabilidade. Deste modo, para que, de fato, haja o princípio de
equidade, é essencial ultrapassar barreiras de acesso por meio da criação de
infraestruturas que potencializem o alcance a regiões de difícil acesso.
#5 Humanização: observa-se um verdadeiro alvoroço e receios quanto à possível
substituição de mão de obra devido à eficiência de tecnologias como a
Inteligência Artificial. Contudo, é preciso ter em mente que, mais do que
recursos, a presença humana é que ajuda a trazer resultados. No âmbito social,
é essencial humanizar a equipe a fim de gerar engajamento e oportunidades.
#6 Aplicar medidas em meio ao
movimento de transformação: não há um roteiro
fixo a ser seguido; é necessário implementar ações na prática. Além disso,
diversas empresas se encontram em diferentes estágios de maturidade em relação
ao tema. No Brasil, por exemplo, o estudo da Kyndryl mostrou que apenas 12%
integraram a sustentabilidade em suas estratégias e dados. Assim, as
organizações enfrentam o desafio de implementar ações em uma realidade em
constante mudança, integrando todo o aprendizado adquirido durante o processo com
agilidade e qualidade.
Todos os desafios têm um ponto em comum: para
superá-los, é preciso implementar boas práticas de gestão. A agenda ESG impacta
toda a organização, portanto, é necessário garantir que todas as áreas operem
em conformidade com esses princípios na execução de suas atividades. E, para
atingir esse objetivo, é necessário suporte na integração e execução dos
programas.
Quanto a isso, contar com o apoio da tecnologia é
fundamental, mas é crucial utilizá-la de forma correta, por meio de um sistema
de gestão que viabilize uma administração assertiva e integrada, alinhada aos
desafios enfrentados. Além disso, cabe enfatizar que essa não é, nem de longe,
uma tarefa fácil. Portanto, ter o auxílio de uma consultoria especializada é
uma abordagem eficiente, uma vez que um time de especialistas pode ajudar na
construção de um processo gerencial assertivo e na aplicação de metodologias
eficientes.
A tendência é que o ESG ganhe cada vez mais relevância e importância no mundo empresarial, especialmente considerando a crise climática que estamos enfrentando, com efeitos irreversíveis que exigem empenho tanto de órgãos governamentais quanto das organizações privadas. Mais do que uma sigla, é preciso enfatizar que o conceito visa implementar ações que integram sustentabilidade, governança e gestão, sempre com foco nas pessoas, que são e sempre serão o centro de todas as ações.
João Pires - executivo de vendas da SPS Group. Formado em Marketing e Gestão Comercial pela UMESP, possui mais de 15 anos de experiência em vendas complexas, apresentando soluções das mais avançadas tecnológicas para organizações de todos os setores da economia.
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