Apesar da proibição da Anvisa, o "vape" continua a ser comercializado, representando riscos à saúde. Especialista explica os perigos associados ao seu uso
Embora o Brasil seja considerado o
país com políticas públicas mais avançadas no mundo em relação ao controle do
tabaco, a utilização de produtos derivados ainda é bastante preocupante. As
atenções se voltam principalmente para os Dispositivos Eletrônicos para Fumar
(DEFs), popularmente conhecidos como "vapes", cujas vendas foram proibidas desde 2009 pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), com veto mantido em 2024.
Considerado uma epidemia global pela Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, realizada pela
OMS, o tabagismo deve ser a causa da morte de 10 milhões de pessoas ao redor do
mundo. No Brasil, estima-se que a média seja de 200 mil mortes por ano devido
ao tabaco, sendo mais prevalente entre homens (15,9%), seguido por mulheres
(9,6%) e adolescentes (5,4%), de acordo com a plataforma Progress Hub, que monitora a implementação das propostas da
Convenção.
“Embora a comercialização seja
proibida, o cigarro eletrônico tem características atraentes, como cheiro e
sabores adocicados, mas os efeitos são iguais ou mais nocivos do que os do
cigarro comum. É preciso intensificar a fiscalização e ampliar as campanhas de
conscientização”, alerta o Dr. Ricardo Henrique Teixeira, médico pneumologista
credenciado Omint.
É importante ressaltar que as
substâncias incorporadas aos DEFs não são aprovadas nem controladas pela
Anvisa. Os equipamentos são oferecidos em vários modelos: cachimbo, charuto
eletrônico, dispositivos com tanque grande e médio, cigarro eletrônico
recarregável ou descartável. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), eles funcionam por
meio de uma bateria que pode aquecer tanto uma substância líquida quanto um
bastão de tabaco ou ervas secas.
Na rotina médica, o pneumologista
explica que há diversos sintomas associados à utilização do tabaco, seja da
forma tradicional, cigarro comum, ou por dispositivo eletrônico. “Os indícios
são muito variados e dependem se a pessoa tem alguma doença associada, como a
asma e a doença pulmonar crônica (DPOC). Mas, na prática, surgem irritações na
garganta, tosse, pigarro e falta de ar. Em casos mais graves, pode provocar
insuficiência respiratória, demandando intubação, com sequelas posteriores”.
Efeitos do
tabaco na saúde
O consumo de tabaco é reconhecido
como uma doença crônica e está inserido na Classificação Internacional de
Doenças (CID10) da OMS, devido ao impacto na saúde que sua utilização causa.
Além disso, ele é um fator de risco aumentado para inúmeras doenças, como
diversos tipos de câncer, distúrbios do aparelho respiratório,
cardiovasculares, patologias buco-dentais, úlceras gástricas, além de aumentar
o risco de impotência sexual no homem, infertilidade na mulher, menopausa
precoce e complicações na gravidez.
Ao parar de fumar, alguns benefícios
são imediatos: “há melhorias na função pulmonar, na expectoração, no paladar e
no olfato. Em um intervalo maior, entre 5 e 15 anos, os riscos das doenças
cardiovasculares diminuem e a probabilidade de desenvolver um tumor de pulmão
se aproxima da de uma pessoa não fumante”, explica Teixeira.
Ao considerar o período da
adolescência e início da juventude, é preciso levar em conta que o cérebro
ainda não está totalmente formado. “É uma fase que exige muita atenção em
relação aos vícios. Os adolescentes estão mais suscetíveis ao vício e têm maior
dificuldade em largá-lo”, recomenda o médico pneumologista credenciado Omint.
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