Foto: reprodução das redes sociais oficiais da Barbie
Ginecologista
comenta estudo sobre representação feminina na medicina no universo da Barbie;
dados revelam que 63% das bonecas seriam pediatras
Um estudo publicado no British Medical Journal em dezembro de 2023 analisou 89 bonecas Barbies médicas e científicas. A pesquisa constatou que 63% das bonecas seriam pediatras e apenas 4% tratariam de adultos; e as que não eram pediatras pareciam não ter especialização. Além disso, cinquenta e nove por cento eram brancas.
Papel da mulher na medicina
Alexandra Ongaratto, médica ginecologista,
especializada em ginecologia endócrina e climatério, e Diretora Técnica do
primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil, o Instituto GRIS, explica que
“é importante que brinquedos reflitam a diversidade e as possibilidades de carreira
das mulheres. Por isso, é essencial que as bonecas representem uma variedade
mais ampla de atividades, incluindo carreiras que ainda são predominantemente
masculinas, como a medicina e a ciência”.
Alexandra também destaca a importância da segurança
dos equipamentos de proteção individual (EPIs) utilizados pelas bonecas
médicas. “É fundamental que as bonecas tragam os equipamentos de segurança para
as crianças aprenderem enquanto brincam. Os EPIs são necessários para proteger
os profissionais da saúde de infecções e outros riscos”.
O estudo sugere que ainda há espaço para muitas
melhorias, tanto no universo lúdico como no mundo real. “As opções de carreira
da Barbie aumentaram nas últimas décadas, mas ainda é preciso fazer mais para
promover a diversidade e a equidade. As fabricantes de brinquedos devem assumir
um papel de liderança nessa questão”, conclui Ongaratto.
Preconceito dentro da medicina
ainda é realidade para mulheres
Além de reforçar a visão tradicional do papel da
mulher, o estudo também evidencia o preconceito que mulheres ainda enfrentam
dentro da medicina, principalmente em especialidades nas quais são minoria.
De acordo com a pesquisa, apenas 4% das Barbies
médicas eram especialistas em áreas como cirurgia, oncologia ou cardiologia.
Essas especialidades são predominantemente exercidas por homens, e as mulheres
que atuam nelas frequentemente relatam enfrentar preconceitos e discriminação.
“O fato de a maioria das Barbies médicas serem
pediatras e de poucas representarem outras especialidades reforça a ideia de
que a medicina é uma profissão para homens. Isso pode desencorajar meninas a se
interessarem por carreiras médicas que ainda são predominantemente masculinas”,
afirma Alexandra Ongaratto. Ela cita que no Brasil, as mulheres simbolizam
cerca de 20% dos cirurgiões.
“Tal como em diversas outras profissões, algumas
mulheres cirurgiãs também relatam que são subestimadas e que precisam trabalhar
mais para provar sua competência. Elas também enfrentam barreiras para
avançarem na carreira”, diz Ongaratto.
Lançado em 2023 e com uma bilheteria de mais de US$ 1 bilhão, o filme Barbie traz uma mensagem positiva. De acordo com a médica, a linha de brinquedos da marca, no entanto, ainda precisa melhorar para refletir isso, uma vez que a boneca pode desempenhar um papel importante na quebra desses preconceitos. “É necessário que as bonecas explorem a diversidade das mulheres e das possibilidades de carreira delas. Isso pode ajudar a inspirar meninas a sonhar alto e a buscarem suas metas”, afirma.
Instituto GRIS
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