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terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Micro e macro dosagens no uso terapêutico de cannabis e psicodélicos

A medicina moderna tem se dedicado ao estudo de tratamentos inovadores no campo da saúde mental, especialmente no uso terapêutico de cannabis e substâncias psicodélicas. Essa nova abordagem tem mostrado resultados promissores em uma gama de transtornos, incluindo estresse pós-traumático, dependência química, alcoolismo, depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo e fobia social, além de ser particularmente eficaz em pacientes autistas adultos e naqueles com doenças neurodegenerativas.

Um dos focos de estudo nos Estados Unidos é o uso do MDMA no tratamento do estresse pós-traumático e da depressão refratária, que não responde aos medicamentos da medicina tradicional. A FDA está em processo de avaliação para a aprovação dessa substância. Paralelamente, a psilocibina tem sido utilizada no tratamento da depressão e ansiedade, com resultados encorajadores. Essas terapias têm sido especialmente eficazes em pacientes que não retornaram em outros tratamentos, com aproximadamente 70% dos participantes superando o diagnóstico de estresse pós-traumático após o uso de psicodélicos.

“Os avanços no uso de cannabis e substâncias psicodélicas representam uma revolução no tratamento de transtornos mentais”, afirma a Dra. Maria Klien, psicóloga e especialista em cannabis medicinal, com formação e experiência em terapia assistida com psilocibina. “Podemos observar uma mudança paradigmática, onde opções consideradas alternativas anteriormente, estão se mostrando não apenas viáveis, mas muitas vezes mais eficazes do que as terapias tradicionais”, aponta a especialista.

Um aspecto inovador destes tratamentos é a utilização de macrodoses em sessões de terapia assistida, que mostram melhoras significativas em poucas sessões. Este método representa uma vantagem notável frente às terapias convencionais, com respostas rápidas e sustentadas. 

“O tratamento com cannabis e psicodélicos abre portas para uma abordagem mais holística e personalizada da saúde mental. Essas substâncias, quando utilizadas com acompanhamento terapêutico, podem oferecer alívio significativo para pacientes que há muito lutam com transtornos crônicos e resistentes”, observa a Dra. Maria Klien.

A psicóloga também observa que a ciência, em sua natureza empírica, está sempre em movimento, adaptando-se às novas descobertas e resultados de estudos. “Este momento representa uma mudança significativa na abordagem dos transtornos mentais, desafiando as verdades condicionais e abrindo espaço para novas metodologias de tratamento”, destaca.

Além disso, ela diz que a proibição dos psicodélicos levantam questões importantes sobre o mercado ilícito, que muitas vezes deixa os usuários incertos quanto à composição e dosagem das drogas. “Curiosamente, o álcool, legalizado e amplamente utilizado, é considerado mais perigoso do que muitos psicodélicos, o que abre um debate sobre a percepção de risco e dano associado a diferentes substâncias”, atesta a psicóloga.


Procedimentos da micro e macro dosagem

Os procedimentos terapêuticos envolvem consultas preparatórias, uma sessão de imersão com a substância ativa e sessões de integração pós-tratamento. Por exemplo, no caso da psilocibina, o efeito começa cerca de 30 minutos após a ingestão e pode durar até sete horas. Em contrapartida, o tratamento com microdoses, por ter menor concentração, regula neurotransmissores regulares sem alterar o estado natural de consciência.

A cannabis medicinal abrange um amplo espectro de tratamentos, beneficiando condições que vão desde a ansiedade e depressão até a epilepsia e insônia, além de outras doenças. “Respeitando o tempo de cada paciente, o mais seguro é começar com doses baixas e ir titulando ao longo do tratamento, até atingir a dose ideal”, explica a especialista.  

Esses avanços no tratamento de transtornos mentais ilustram a importância de manter uma perspectiva aberta e progressista na medicina. O potencial terapêutico do canabidiol e dos psicodélicos abre novas possibilidades para tratamentos mais eficazes e personalizados, marcando um passo significativo para entender e tratar eficientemente as doenças mentais.

“É vital que continuemos explorando essas novas fronteiras na medicina. O potencial para melhorar a qualidade de vida de milhares de pessoas com transtornos mentais é enorme, e estamos apenas começando a compreender o alcance dessas terapias”, conclui a Dra. Maria Klien.

 

Dra. Maria Klien - psicóloga, especialista e empresária no campo da cannabis medicinal, formada em terapia assistida. Especializada em transtornos de ansiedade e medo, onde combina terapias tradicionais com o uso de cannabis medicinal. Como empresária, trabalha para tornar a planta uma ferramenta acessível e eficaz para o bem-estar emocional.



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