A medicina moderna tem se dedicado ao estudo de tratamentos inovadores no campo da saúde mental, especialmente no uso terapêutico de cannabis e substâncias psicodélicas. Essa nova abordagem tem mostrado resultados promissores em uma gama de transtornos, incluindo estresse pós-traumático, dependência química, alcoolismo, depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo e fobia social, além de ser particularmente eficaz em pacientes autistas adultos e naqueles com doenças neurodegenerativas.
Um dos focos de estudo nos Estados Unidos é o uso
do MDMA no tratamento do estresse pós-traumático e da depressão refratária, que
não responde aos medicamentos da medicina tradicional. A FDA está em processo
de avaliação para a aprovação dessa substância. Paralelamente, a psilocibina
tem sido utilizada no tratamento da depressão e ansiedade, com resultados
encorajadores. Essas terapias têm sido especialmente eficazes em pacientes que
não retornaram em outros tratamentos, com aproximadamente 70% dos participantes
superando o diagnóstico de estresse pós-traumático após o uso de psicodélicos.
“Os avanços no uso de cannabis e substâncias
psicodélicas representam uma revolução no tratamento de transtornos mentais”,
afirma a Dra. Maria Klien, psicóloga e especialista em cannabis medicinal, com
formação e experiência em terapia assistida com psilocibina. “Podemos observar
uma mudança paradigmática, onde opções consideradas alternativas anteriormente,
estão se mostrando não apenas viáveis, mas muitas vezes mais eficazes do que as
terapias tradicionais”, aponta a especialista.
Um aspecto inovador destes tratamentos é a
utilização de macrodoses em sessões de terapia assistida, que mostram melhoras
significativas em poucas sessões. Este método representa uma vantagem notável
frente às terapias convencionais, com respostas rápidas e sustentadas.
“O tratamento com cannabis e psicodélicos abre
portas para uma abordagem mais holística e personalizada da saúde mental. Essas
substâncias, quando utilizadas com acompanhamento terapêutico, podem oferecer
alívio significativo para pacientes que há muito lutam com transtornos crônicos
e resistentes”, observa a Dra. Maria Klien.
A psicóloga também observa que a ciência, em sua
natureza empírica, está sempre em movimento, adaptando-se às novas descobertas
e resultados de estudos. “Este momento representa uma mudança significativa na
abordagem dos transtornos mentais, desafiando as verdades condicionais e
abrindo espaço para novas metodologias de tratamento”, destaca.
Além disso, ela diz que a proibição dos
psicodélicos levantam questões importantes sobre o mercado ilícito, que muitas
vezes deixa os usuários incertos quanto à composição e dosagem das drogas.
“Curiosamente, o álcool, legalizado e amplamente utilizado, é considerado mais
perigoso do que muitos psicodélicos, o que abre um debate sobre a percepção de
risco e dano associado a diferentes substâncias”, atesta a psicóloga.
Procedimentos da micro e macro
dosagem
Os procedimentos terapêuticos envolvem consultas
preparatórias, uma sessão de imersão com a substância ativa e sessões de
integração pós-tratamento. Por exemplo, no caso da psilocibina, o efeito começa
cerca de 30 minutos após a ingestão e pode durar até sete horas. Em
contrapartida, o tratamento com microdoses, por ter menor concentração, regula
neurotransmissores regulares sem alterar o estado natural de consciência.
A cannabis medicinal abrange um amplo espectro de
tratamentos, beneficiando condições que vão desde a ansiedade e depressão até a
epilepsia e insônia, além de outras doenças. “Respeitando o tempo de cada
paciente, o mais seguro é começar com doses baixas e ir titulando ao longo do
tratamento, até atingir a dose ideal”, explica a especialista.
Esses avanços no tratamento de transtornos mentais
ilustram a importância de manter uma perspectiva aberta e progressista na
medicina. O potencial terapêutico do canabidiol e dos psicodélicos abre novas
possibilidades para tratamentos mais eficazes e personalizados, marcando um
passo significativo para entender e tratar eficientemente as doenças mentais.
“É vital que continuemos explorando essas novas
fronteiras na medicina. O potencial para melhorar a qualidade de vida de
milhares de pessoas com transtornos mentais é enorme, e estamos apenas
começando a compreender o alcance dessas terapias”, conclui a Dra. Maria Klien.
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