De acordo com o advogado Fábio F. Chaim, a disseminação de notícias falsas pode resultar em responsabilização civil e criminal
A disseminação de informações falsas tornou-se uma
preocupação significativa nas plataformas de mídia social, especialmente no
Instagram, não apenas impactando a qualidade da informação disponível, mas
também com a possibilidade de abalar profundamente o psicológico das pessoas
afetadas.
No fim de 2023, a página “CHOQUEI” foi responsável
pela divulgação de uma notícia falsa contendo prints de uma suposta conversa
entre a estudante Jéssica Canedo, de 22 anos, e o influenciador digital
Whindersson Nunes. No entanto, as imagens foram desmentidas pelos dois, que
afirmaram se tratar de um conteúdo falso. A página em questão, no entanto, não
se retratou e debochou da jovem mineira, que acabou tirando sua própria vida.
Responsabilidade das páginas
que espalham notícias falsas
De acordo com Fábio F. Chaim, advogado especialista
em Direito Criminal, as redes sociais se tornaram veículos poderosos na
propagação de informações, muitas vezes, desprovidas de veracidade. “Embora o
marco civil da internet isente essas plataformas da responsabilidade pelo
conteúdo produzido por seus usuários, existe a obrigação de retirada do
material mediante ordem judicial. O descumprimento dessa determinação pode
levar à responsabilização pelos danos decorrentes da demora na remoção”, revela.
Medidas tomadas pelas
plataformas para combater a propagação de fake news
Redes sociais como o Instagram adotam ferramentas
de moderação de conteúdo, incluindo alertas aos usuários no momento da postagem
e mecanismos de denúncia. “No entanto, a moderação automatizada por meio de
algoritmos pode ser burlada, destacando a necessidade de evolução dessas
ferramentas. A moderação mais eficaz envolve a análise humana do contexto das
postagens, evitando a censura indevida”, pontua.
Os desafios legais ao responsabilizar
perfis por disseminação de fake news
Segundo Chaim, as vítimas de fake news podem se
defender por meio de medidas judiciais nas esferas cível e criminal. “Ainda
assim, a identificação dos autores desses conteúdos falsos é um desafio. A
obtenção de elementos probatórios, como dados de contas falsas e endereços IP,
é mais ágil na esfera cível, mas pode subsidiar as investigações criminais”,
lamenta.
Identificar os responsáveis pela disseminação de
notícias falsas na internet requer uma investigação, muitas vezes, complexa.
“Os registros de ocorrência nem sempre garantem a investigação, dada a
prioridade a outros crimes. A colaboração entre esferas cível e criminal pode
fortalecer a busca por justiça, enquanto as vítimas devem estar cientes das limitações
legais e da necessidade de acompanhamento constante”, alerta.
A vítima deve registrar os fatos por meio de um
Boletim de Ocorrência e buscar assistência jurídica para dar início às medidas
necessárias. “O acompanhamento próximo do advogado é crucial para a
investigação, garantindo que o caso não fique estagnado”, aconselha.
Consequências legais para a
propagação de notícias falsas nas redes sociais
A responsabilização de páginas que reproduzem fake
news, capazes de abalar o psicológico das pessoas afetadas, apresenta desafios
legais significativos. Enquanto as redes sociais buscam mecanismos de moderação
mais eficazes, as vítimas precisam buscar amparo jurídico conscientes das
limitações do sistema legal. “A colaboração da esfera judiciária representa um
papel crucial na busca por justiça e responsabilização dos autores desses atos
danosos”, finaliza.
Fábio F. Chaim - atua na esfera criminal, representando os interesses de seus clientes, sejam eles investigados, acusados, vítimas, ou terceiros interessados. Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP (2011), é pós-graduado em Direito Penal Econômico – Fundação Getúlio Vargas – FGV (2018) e em Direito Penal Econômico pelo Instituto Brasileiro de Ciências Criminais. IBCCrim (2016). Possui também mestrado em Direito Penal – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP (2015).
Para mais informações, acesse o site, Instagram, Facebook, Linkedin ou canal no Youtube.
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