É um erro esperar surgir a sede para se tomar líquidos. E essa prática é bem comum entre a população. Há inclusive pessoas que apenas ingerem bebidas quando a sede chega num nível muito alto. Para que o corpo esteja efetivamente hidratado, é necessário tomar entre 1,5 e 2,5 litros por dia, dependendo do peso corporal. E para que esse volume seja atingido, são necessários de 8 a 13 copos de 200 mls por dia, algo que o corpo não pede ao longo de um dia naturalmente pela sede.
De acordo com a coordenadora nacional de nutrição da Fresenius Medical Care, Raquel Carreiro da Silva, quando estamos com sede, pode ser um indicativo de que o organismo já esteja com o nível inadequado de hidratação. “Uma boa forma de identificar se o corpo está precisando de água é checar a coloração da urina, que deve ser sempre amarela clara e límpida. Quanto mais escura for a coloração da urina, maior é o sinal de que o corpo está mais desidratado”, lembra a nutricionista.
Verão pede maior ingestão hídrica
Beber mais água no verão ajuda a prevenir pedras nos rins e até
mesmo outras complicações renais. Cerca de 60% do peso corporal do ser humano é
formado por líquidos e por isso, a ingestão diária de água é fundamental para
manter o bom funcionamento do organismo.
“Água é saúde e um componente essencial para a manutenção da
vida. Ela atua na dissolução de vários compostos e influencia em diversos
processos químicos. Além disso, mantém a temperatura corporal equilibrada. Na transpiração,
por exemplo, sofremos uma perda de calor e precisamos reequilibrar o volume.
Vários fatores além da ingestão de água podem influenciar na
formação de cálculos renais, as “famosas pedras nos rins”, como fatores
genéticos, dieta inadequada, rica em sódio, açúcar, baixo consumo de frutas e
hortaliças e uso de suplementos alimentares e vitamínicos sem orientação
adequada. Mas uma boa hidratação ajuda a reduzir as chances de formação dos
cálculos renais, e facilita a excreção de toxinas pela urina.
“Manter-se muito bem hidratado é fundamental, e ainda mais para
quem já sofre com alguma problema de saúde. A hidratação contínua é importante
durante todo o ano, mas com a chegada do verão, é importante incrementar a
ingestão dos líquidos pois nos dias mais quentes é comum aumentar a
transpiração”, alerta Raquel.
Os dias de sol mais intenso exigem uma hidratação maior
sobretudo para quem fica por muito tempo exposto ao sol. Praticantes de
atividade física também precisam redobrar os cuidados e dependendo do tipo,
intensidade e duração do exercício, essa quantidade precisa ser maior ainda”,
afirma.
Não existe uma recomendação única em relação a necessidade de
água, que possa ser aplicada a todos e a quantidade ideal a ser ingerida varia
em relação ao sexo, peso, idade, presença de alguma doença e de fatores
ambientais. Mas, em média, para um indivíduo adulto saudável, essa quantidade é
em torno de 2,7 litros para mulheres e de 3,7 litros para homens”, explica.
Crianças, adolescentes e idosos são os mais sujeitos ao
risco de desidratação
Na infância e adolescência, o consumo de água costuma ser mais
baixo ainda e quando ingerem líquidos, muitos preferem a ingestão de bebidas
açucaradas e refrigerantes. Além disso, o maior consumo de doces e salgadinhos
por esse público é também um fator que promove maior necessidade no consumo de
água. “Por isso, é tão importante que os responsáveis fiquem de olho e busquem
alterar os hábitos das crianças, reduzindo doces e aumentando o de líquidos
saudáveis. Entre tomar suco e beber água e comer fruta, a segunda opção é a
melhor, mas o suco pode ser um bom aliado para crianças que rejeitam água. O
ideal é desde cedo não oferecer bebidas açucaradas, para que a criança não
deixe de aceitar bem a água”, reforça Raquel.
Já em pessoas idosas, pode ocorrer uma redução na sede. “Eles
não bebem a quantidade de água necessária porque acham que não estão
precisando. É outro público que merece atenção especial, afinal, a partir dos
40 anos, o rim perde 1% da sua capacidade. As doenças renais comumente aparecem
em pessoas mais idosas. São os que mais precisam se hidratar bem”, destaca.
Como aumentar o consumo de água?
Para muitas pessoas, manter o adequado consumo de água pode ser
uma tarefa difícil. Uma estratégia válida para essa situação é o consumo de
águas saborizadas ou aromatizadas, que são preparadas com frutas, ervas e
especiarias colocadas em infusão na água como limão, laranja, abacaxi,
gengibre, hortelã, manjericão, canela, entre outras. O importante é não adoçar
essas bebidas.
“E para quem tem dificuldade de beber volumes de água de uma só
vez ou para quem não tem tempo de levantar a todo instante, a dica é ter uma
garrafa de água sempre à mão. Isso facilita o consumo de pequenas quantidades
em vários momentos do dia e evita que o esquecimento impeça de se manter bem
hidratado. Usar uma garrafa ou copo que mantém a bebida gelada é outra boa
alternativa”, lembra Raquel.
Hidratação de pacientes renais crônicos
Pessoas que possuem doença renal crônica avançada e fazem
diálise podem ter que reduzir o volume de ingestão de líquido devido à perda da
capacidade dos rins de eliminar o excesso de líquido do organismo através da
urina. E com a chegada do verão, é recorrente
a dúvida sobre volume de líquidos que os pacientes em diálise pode ingerir ao
dia.
“Para controle do peso que o paciente acumula entre uma sessão de
diálise e outra, o volume de líquido ideal varia de acordo com a transpiração e
a diurese residual (urina). Para o paciente que está no estado de hidratação
normal, o fundamental é que ele sempre ganhe menos do que 4% do seu peso entre
as sessões de hemodiálise. Por exemplo, um paciente de 60Kg deve ganhar menos
do que 2,4Kg neste período. Para o paciente em diálise peritoneal, como é um
tratamento contínuo, o objetivo é regular a sua ingestão diária de líquidos
para manter o seu peso corporal sempre próximo ao seu peso em normohidratação.
Normalmente, a indicação diária é de 500ml mais o volume de urina de 24 horas.
Em caso de clima quente, ou o paciente ter tido febre e diarreia, a quantidade
de líquido pode aumentar, variando de 700ml a 1litro. O importante é sempre
consultar o nutricionista para saber sobre as necessidades individuais”,
explica a nutricionista.
Cuidados com alimentação do paciente renal
A
ingestão de líquido não se limita apenas ao consumo de água, mas inclui todos
os alimentos sólidos com o elemento em sua composição. O destaque vai,
principalmente, para as frutas, as verduras e os legumes, que podem conter até
90% de água. Apesar de não haver uma orientação específica para subtrair o
líquido contido nesse grupo, é recomendado o consumo equilibrado de alimentos
com os maiores percentuais de humidade para não exceder o volume diário
estabelecido.
“Os
alimentos líquidos congelados ou à temperatura ambiente, como o gelo, a
gelatina, as sopas, o sorvete, assim como a água ou outro veículo utilizado
para tomar medicamentos, são todos parte da recomendação hídrica e devem ser
descontados do volume total permitido para o consumo”, esclarece a nutricionista.
Dicas para renais crônicos controlarem a ingestão de líquidos:
· Evite alimentos muito salgados ou doces;
· Para promover mais saciedade, prefira bebidas e
frutas geladas;
· Reserve, na sua quantidade recomendada, o quanto
será destinado à
água.
Para maior controle, armazene em uma garrafa de uso pessoal.
Fresenius Medical Care
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