Em uma década, o
número de pessoas idosas em situação de pobreza cresceu em mais de 800 mil, e
em mais de 216 mil no caso da extrema pobreza. No RS, o movimento foi similar
ao ocorrido no país ao longo dos últimos anos.
Entre 2012 e 2022 o percentual de idosos passou de
7,72% para 10,49% da população brasileira, o que em termos absolutos significa
um aumento de 15,2 para 22,4 milhões. Acompanhando este movimento, a composição
etária da pobreza no Brasil vem se modificando. Se, em 2012, 2,9% da população
em situação de pobreza era composta por idosos, em 2022 esse percentual sobe
para 4,2%. Em termos absolutos, é um aumento de 2,0 para 2,8 milhões de idosos
vivendo abaixo da linha de pobreza. No que se refere à população extremamente
pobre, o percentual de idosos subiu de 1,4% para 3,1%, o que representa um
aumento absoluto de 216 mil idosos em situação de extrema pobreza em uma
década.
As informações constam no relatório Incidência
de Pobreza entre os Idosos: 2012-2022, produzido por pesquisadores
do PUCRS Data Social: Laboratório de desigualdades, pobreza e mercado de trabalho
(pucrs.br/datasocial). Os dados são provenientes da Pesquisa Nacional por
Amostras de Domicílios Contínua (PNADc), do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). O estudo trabalha com as linhas de US$6,85 PPC/dia para
pobreza e US$2,15 PPC/dia para a extrema pobreza, assim como definidas pelo
Banco Mundial. Em valores mensais de 2022, a linha de pobreza é de
aproximadamente R$636,52 per capita/mês e a linha de extrema pobreza é de
aproximadamente R$199,78 per capita/mês. Idosos que vivem em domicílios com
renda per capita abaixo desses valores estão em situação de pobreza e/ou de
pobreza extrema.
O recorte utilizado no estudo abrange pessoas com
65 anos ou mais de idade, sendo este valor baseado nos critérios de
aposentadoria (INSS) e do acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Segundo o professor Andre Salata, coordenador do PUCRS Data Social, “os dados
refletem o processo de transição demográfica pelo qual o país vem passando; e,
diante dele, novos desafios irão surgir, como o envelhecimento da pobreza, que
num futuro não tão distante irá demandar ajustes nas políticas sociais”.
O estudo também analisa a composição da renda dos
idosos. Entre jovens e adultos, a maior parte da renda tem como fonte o mercado
de trabalho. Já entre os idosos, no entanto, os rendimentos do INSS assumem
protagonismo, de modo que em sua ausência a renda deles sofreria uma queda de
59,8%. Na ausência da renda do INSS, a taxa de pobreza entre os idosos
aumentaria 53,4 pontos percentuais, e a extrema pobreza subiria 44 pontos
percentuais. Nesse aspecto, a situação dos idosos destoa bastante daquela
encontrada entre jovens e adultos, tanto para a pobreza quanto para a extrema
pobreza.
Segundo a professora Izete Bagolin, pesquisadora do
PUCRS Data Social e uma das autoras do estudo, “o envelhecimento da pobreza
também aumentará a importância e a necessidade de atenção às redes de proteção
aos idosos, pois estes dependem prioritariamente dos recursos provenientes da
aposentadoria ou do benefício de prestação continuada. Em função disso, além de
garantir o acesso a esses benefícios, será necessário garantir, também, que os valores
a serem pagos sejam capazes de viabilizar uma vida digna para um maior
contingente de idosos”.
Rio Grande do Sul
Também em relação à composição etária da pobreza,
observamos no Rio Grande do Sul movimento similar ao ocorrido no país ao longo
dos últimos anos. Em 2012, 2,6% da população em situação de pobreza no Rio
Grande do Sul era composta por idosos. Dez anos depois, em 2022, esse
percentual subiu para 4,5%. Em termos absolutos, isso significa que o número de
idosos em situação de pobreza chegou a 87,3 mil no ano de 2022 no Rio Grande do
Sul. Já em relação à extrema pobreza, a participação dos idosos cresceu de 3,6%
para 5% nos últimos 10 anos, fazendo o número de idosos gaúchos em situação de
extrema pobreza chegar a 15,3 mil.
Além disso, o estudo também destaca a evolução das
taxas de pobreza e de extrema pobreza entre os idosos no estado ao longo da
última década. É possível perceber que, durante a pandemia, o percentual de
idosos gaúchos em situação de pobreza aumentou significativamente, chegando ao
patamar de 6,9% em 2021. Apesar da queda em 2022, quando a taxa caiu para 5,7%,
o recuo não foi suficiente para colocá-la no mesmo patamar que encontrávamos
antes da pandemia.
Confira o estudo completo e
todos os dados em pucrs.br/datasocial/pobreza-entre-idosos-no-brasil/
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