A discussão sobre
a saúde mental dos atletas e as cobranças por uma alta performance, veio à
tona, novamente essa semana, após a norte-americana Simone Biles, declarar em
uma entrevista que sofre com TDAH e que aprendeu a não ter medo de ser julgada
por expor sua condição mental.
Quem não se lembra
que em 2021, em plena Olímpiada do Japão, a atleta abandonou a final por
equipes da ginástica artística, mesmo sendo uma das favoritas à medalha de
outro, deixando em aberto sua presença na decisão? Naquele momento, Biles
declarou: “Eu apenas não queria continuar. Não houve lesão, mas sim um pouco de
orgulho ferido por uma prova ruim e um tanto mais de cuidado com a minha saúde
mental”.
A declaração de
Biles só reforça que, não adianta estar 100% preparado fisicamente se a mente
não estar equilibrada e saudável. A saúde mental precisa estar em dia, do
contrário, a performance do atleta estará comprometida. Estamos lindando com
seres humanos e não máquinas preparadas apenas para conquistar títulos.
Em uma competição
é inevitável que a tensão e pressão atinjam níveis surreais para o atleta que
vem se preparando a alguns anos para conquistar resultados positivos e levar
medalhas para seu país. A grande questão é: será que estes atletas estão mesmo
sendo preparados de forma adequada para esse turbilhão emocional que vai da
euforia (quando a medalha chega) ou a frustração e tristeza (quando a medalha
não vem)? Estão preparados para as perdas?
O emocional
saudável do competidor também é fundamental para que, nos momentos mais
decisivos, este consiga se sentir seguro e preparado psicologicamente para
trabalhar questões internas que influenciam no seu alto rendimento e na
performance esperada por todos.
Neste rol de dores
emocionais entram: a insegurança, o estresse, a ansiedade, a frustração, o
pânico, a exaustão, os distúrbios alimentares, a insônia, as mudanças bruscas
de humor, falta de autoconfiança, falta de autocontrole, falta de concentração,
falta de motivação e a saudade pelo distanciamento da família, dos amigos e a
geração infinita de expectativas, além do medo do monstro impiedoso do
fracasso.
Claro que, não
podemos nos esquecer que, por sermos seres individuais, cada um irá reagir e
responder de forma individualizada a cada desafio que for surgindo. Inclusive,
alguns competidores até preferem vivenciar situações de pressão, por se
sentirem ainda mais motivados, enquanto outros entendem que, tanto a pressão
quanto a ansiedade, são grandes vilões do seu desempenho pessoal.
A performance
ideal do atleta, segundo especialistas do esporte e da saúde mental, passa por
uma equação que contemple motivação, autoconfiança, autocontrole, concentração,
foco e suporte emocional adequado para gerir emoções e administrar as
frustrações, comuns em um ambiente competitivo.
Por este motivo, a
preparação física deve andar de mãos dadas com a preparação mental, desde o
primeiro momento em que o indivíduo opta por participar de eventos esportivos,
para evitar adoecimentos psíquicos que suscitem sofrimento por ansiedade,
surgimento de distúrbios alimentares, transtornos depressivos, transtornos de
estresse pós-traumático, devastação da autoestima ou até mesmo pensamentos
suicidas.
Portanto, o
desabafo da ginasta Simone Biles sobre suas dores emocionais, não pode passar
despercebido. Que sirva de lição e exemplo para que outros percam o medo
encarar doenças psíquicas e buscar autocuidado e orientação médica.
A conexão mente e
físico e a valorização do modo de gerir emoções, estruturas mentais e
comportamentais, é a mola mestra para uma compreensão correta da prevenção do
adoecimento emocional do indivíduo, seja ele um competidor ou não.
Afinal, por trás
de cada atleta existe um indivíduo único que busca no esporte, a superação de
seus limites e a vitória como recompensa pelo seu desempenho, porém essa busca
deve ser melhor trabalhada considerando a saúde mental de cada
um.
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