Segundo dados do OCDE, 36% dos brasileiros, com idades entre 18 e 24 anos, não trabalham e nem estudam
O número de jovens que não trabalham e nem estudam é alto no Brasil. Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 2022, 36% das pessoas entre 18 e 24 anos estão nessa condição, colocando o país em segundo lugar no ranking mundial, atrás apenas da África do Sul nesta categoria.
A expressão "geração nem-nem" ganhou destaque nos últimos anos para descrever esse grupo de jovens, que enfrenta dificuldades em se inserir no mercado de trabalho e não conseguem prosseguir com seus estudos. Para o Mentor de Empresário, André Minucci, o número elevado se justifica por algumas características da sociedade brasileira.
“A medida que
houve um crescimento da exigência de formação e experiência, o mercado de
trabalho tornou-se mais restrito para aqueles que não têm uma educação formal
completa ou qualificação adicional. Também há falhas no sistema educacional e a
ausência de mecanismos de incentivo, o que leva à desistência dos estudos ou à
formação precária em boa parte da população”, analisa Minucci.
O mentor de empresários também diz que existe uma competição acirrada por vagas trabalho. Além disso, Minucci comenta a presença de dois tópicos importantes na geração nem-nem:
Crise econômica e social: as crises enfrentadas pelo Brasil desde o final dos anos 90 tiveram impacto significativo na perspectiva desses jovens. A instabilidade econômica e a insatisfação profissional são fatores que contribuíram para a falta de perspectiva.
· Dependência financeira e residencial: houve um aumento no número de jovens que são financeiramente
dependentes de suas famílias e residem com seus parentes, o que pode dificultar
a busca por independência e inserção no mercado de trabalho.
Medidas
para enfrentar o desafio
Um estudo do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) afirma que 73% da geração
nem-nem é formada por mulheres, tendo a gravidez precoce como principal causa.
Os dados da pesquisa também mostram que o Brasil tem 3 milhões de pessoas
desocupadas, que estão procurando emprego há mais de dois anos, e cerca de 5
milhões de desalentados — quem desistiu de procurar trabalho. Segundo o Ipea,
metade deles não completou o ensino fundamental, 25% estão na faixa etária de
18 a 24 anos.
“Os números
confirmam a necessidade de políticas públicas para ajudar os jovens a se
profissionalizarem e ingressarem no mercado de trabalho. As consequências da
geração nem-nem vão além do desemprego, incluem o aumento da diferença da
desigualdade social e afetam os problemas com a saúde mental. Muitos jovens se
sentem pressionados a conseguirem uma formação e um trabalho cada vez mais
cedo, o que os afetam psicologicamente”, diz Minucci.
O Mentor aponta
que a geração nem-nem representa um desafio para a sociedade e o país como um
todo. Para superar essa realidade, ele propõe a adoção de algumas medidas:
Investir na
educação e qualificação profissional: é essencial fortalecer o sistema
educacional e oferecer oportunidades de capacitação profissional, para que os
jovens adquiram habilidades relevantes para o mercado de trabalho atual.
· Incentivar o empreendedorismo: estimular o empreendedorismo pode ser uma alternativa para que jovens encontrem formas criativas de se inserir no mercado.
· Invista no aprimoramento da comunicação: uma alternativa essencial para os jovens se prepararem para o mercado de trabalho é desenvolver habilidades de comunicação para estabelecer conexões durante o momento crucial das entrevistas. Nesse contexto, um treinamento de comunicação é uma dica valiosa, pois os ajudará a aperfeiçoar suas capacidades de expressão, escuta ativa e empatia, proporcionando maior confiança e assertividade, fatores determinantes para alcançar sucesso nas oportunidades profissionais.
· Promover ações de inclusão social: políticas públicas que visem a inclusão social e a redução das desigualdades podem ajudar a abrir novas possibilidades para os jovens da geração nem-nem.
· Investir na saúde mental: por não conseguir concluir os estudos ou não achar emprego, é natural vir o desanimo e a pressão social. É importante buscar ajuda de psicólogos para orientar e ajudar em um momento que as oportunidades parecem escassas.
· Promover a busca por proposito: no cenário atual é necessário desenvolver uma geração de pensadores autônimos e criativos. Por isso, é importante ter uma educação mais prática e experimental. Viver novas experiências ajuda a se redescobrir e encontrar animo e um novo objetivo.
“A geração nem-nem
não deve ser vista como um grupo desmotivado ou acomodado, mas sim como uma
parcela da população que enfrenta desafios específicos. Investir em sua
capacitação e oportunidades pode ser um caminho para transformar essas
dificuldades em perspectivas de futuro promissor”, enfatiza Minucci.
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