Segundo o INCA, o Brasil deve registrar até o final deste ano mais de 11,5 mil novos casos da doença; Entre crianças e adolescentes, este é o tipo de câncer mais prevalente
Dos tipos de
câncer que afetam o sangue, a leucemia é a mais conhecida. A idade de
acometimento varia de acordo com o subtipo de leucemia, que, em linhas gerais,
se divide em mielóide e linfóide, de acordo com a célula afetada. Em ambas as
categorias, ela pode ser qualificada com sendo aguda ou crônica, considerando a
velocidade de divisão dessas células e, portanto, a agilidade com a qual a
doença se desenvolve.
As Leucemias
Agudas podem ocorrer em todas as faixas etárias sendo que a LLA (Leucemia
Linfóide Aguda) tem maior incidência na infância e juventude. Já a Leucemia
Mielóide Aguda (LMA) é o tipo mais comum de Leucemia em adultos, correspondendo
a 80% dos casos neste grupo. A ocorrência de LMA aumenta com a faixa etária
(maior incidência acima de 65 anos). Segundo o Instituto Nacional do Câncer
(INCA), são estimados 11.540 novos casos a cada ano no Brasil - sendo o 10º
tipo de câncer mais frequente entre a população brasileira.
"A Leucemia é
desencadeada por mutações genéticas nas células hematopoiéticas, responsáveis
pela produção das células sanguíneas (glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas).
Estas mutações fazem com que a célula hematopoiética passe a produzir uma
grande quantidade de células anormais, que não conseguem amadurecer e
desempenhar sua função normalmente, ocupando a medula óssea e impedindo que
células normais sejam produzidas", explica a Dra. Mariana Oliveira,
oncohematologista da Oncoclínicas São Paulo.
Segundo a
especialista, a doença não se trata de uma condição hereditária, mas sim de
alterações genéticas adquiridas e que acabam por desencadear o surgimento do
câncer. "Infelizmente, não existe uma forma de prevenção. Porém, é
importante estar atento e procurar um médico sempre que tiver algum dos
sintomas. Assim, será possível fazer os exames diagnósticos com rapidez e
escolher o tratamento mais adequado para cada caso", destaca a Dra.
Mariana.
Fique atento
aos sintomas
Alguns fatores,
como a exposição a produtos químicos, principalmente os derivados de benzeno, e
à radiação em altos níveis, assim como algumas doenças genéticas como anemia de
Fanconi e outras que afetam o sangue, podem elevar o risco de incidência da
doença. Ainda assim, estes são apenas fatores que podem contribuir para o
surgimento da leucemia, mas não são regra. Diante disso, o principal conselho
da oncohematologista é que seja dada atenção aos sinais que podem ser indícios
da doença.
"Os sintomas
das leucemias agudas incluem palidez, cansaço e sonolência, uma das
consequências da queda na produção de glóbulos vermelhos (hemácias) e
consequente anemia. Manchas roxas que surgem aparentemente sem traumas,
pequenos pontos vermelhos na pele e/ou sangramentos mais intensos e prolongados
após ferimentos leves também podem surgir em decorrência da diminuição na
produção de plaquetas", comenta a médica.
A redução na
imunidade ocasionada pela baixa quantidade de glóbulos brancos faz ainda com
que a pessoa apresente infecções constantes e febre. "Dores ósseas e nas
juntas, que podem dificultar a capacidade de locomoção, e dores de cabeça e
vômitos são outros possíveis sintomas que não devem ser ignorados. Outro
indício da doença pode ser ainda a perda de peso", afirma.
A
oncohematologista da Oncoclínicas São Paulo frisa, contudo, que as leucemias
crônicas são comumente descobertas por alterações identificadas no hemograma -
exame de sangue que deve ser realizado periodicamente como parte da rotina, já
que dificilmente apresentarem alterações evidentes à saúde. "Apenas em
estágios mais avançados podem ocorrer sintomas similares aos casos
agudos", pontua.
Para fechar o
diagnóstico, é recomendada a coleta de medula óssea para exames específicos
(mielograma, biópsia, imunofenotipagem e cariótipo). Outros estudos
complementares podem ser então sugeridos, de acordo com a subclassificação a
ser estabelecida e análise de risco, para que seja assim definido o tratamento
a ser adotado.
Como funciona
o tratamento para leucemia?
Logo de cara,
quando se fala em leucemia, é quase inevitável pensar no transplante de medula
óssea. Mas, ela é muito mais ampla do que os casos que realmente necessitam
desse procedimento. Em muitos pacientes, o tratamento pode ser medicamentoso ao
longo de toda vida, ou ainda a partir da própria quimioterapia, capaz de
eliminar a doença.
"Isso
dependerá de cada caso. Como existem muitos tipos de leucócitos, temos também
diversos tipos de leucemias", explica Mariana. Podendo ser agudas
(leucemia linfóide aguda e leucemia mieloide aguda) ou crônicas (leucemia
linfocítica crônica e leucemia mieloide crônica), elas são definidas da
seguinte maneira:
- Leucemias
agudas: necessitam de internação, exames de
classificação e testes da medula óssea para a escolha da quimioterapia
adequada ao paciente. Geralmente, a multiplicação das células mutadas é
rápida e é mais comum em crianças.
- Leucemias
crônicas: possui um desenvolvimento lento e pode
acompanhar o paciente ao longo de toda a vida, sem maiores complicações.
Na maioria dos casos é mais comum em adultos e seu tratamento é realizado
com consultas de rotina e prescrição de remédios.
"Temos que
lembrar que os avanços nos tratamentos tiveram um salto importantíssimo. Um
deles é a terapia car-t cell, em que os linfócitos do tipo T são tratados em
laboratório para que possam analisar e reconhecer as células cancerosas,
eliminando-as", comenta.
Além disso, a leucemia possui altas chances de cura, podendo chegar em até 90%, no caso das crianças, e 50% em pessoas até 60 anos. "Apesar de não existir cura para alguns casos da doença, os tratamentos são eficazes para oferecer uma maior expectativa e qualidade de vida. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental para o controle da leucemia", finaliza a Dra. Mariana Oliveira.
Grupo Oncoclínicas
www.oncoclinicas.com
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