Tumor atinge principalmente crianças e adolescentes. Evolução na tecnologia dos equipamentos garante maior mobilidade e independência aos usuários
Osteossarcoma. O
nome, que por si só já assusta, designa um tipo de câncer agressivo que atinge
os ossos principalmente nas crianças e adolescentes. E em cerca de 30% dos
casos, a doença evolui de tal forma que é necessária a amputação de membros,
conforme da Revista Rede Câncer, publicação do Instituto Nacional do Câncer
(INCA). Neste sábado (4), Dia Mundial de Combate ao Câncer, nos casos em que
ocorre retirada de membros, o desenvolvimento de próteses com tecnologia cada
vez mais avançada permite que os pacientes retomem as atividades diárias com
mais segurança.
A fisioterapeuta
Stefanie Malinski, de 26 anos, que mora em Porto Alegre (RS), enfrentou a
doença em 2011, quando iniciou a quimioterapia. O câncer atingiu o joelho e a
tíbia esquerda (osso que compõe a canela). Os médicos, a princípio, realizaram uma
cirurgia que resultou na implantação de uma prótese interna, em uma tentativa
de evitar a amputação. Porém, a limitação nos movimentos e as dores tornaram a
decisão pela retirada do membro mais próxima.
"Foram seis
anos difíceis de limitação. Quando o médico me recomendou a amputação eu
concordei rapidamente e minha família me apoiou. Eu entendi que seria melhor
para mim considerando que as tecnologias disponíveis são avançadas e poderiam
me ajudar na mobilidade", explica a fisioterapeuta. Em abril de 2017 ela
realizou a cirurgia e, dois meses depois, fez sua primeira protetização
(processo de construção da prótese) na clínica da Ottobock de Porto Alegre,
empresa alemã referência na produção desses equipamentos.
O
acompanhamento pós-cirúrgico
Segundo o médico
fisiatra Dr. Victor Leite, especialista em reabilitação oncológica, esses
tumores são mais comuns em ossos longos, em especial nos membros inferiores,
como foi o caso de Stefanie. O médico aponta para dois grupos de pacientes:
aqueles que a cirurgia curou a doença e outros que precisam de assistência
maior, devido a possíveis complicações. “É indicado acompanhamento regular com
oncologista, nutricionista, fisiatra e fisioterapeuta. Tudo vai depender de
evolução de cada pessoa. Se lidamos com um paciente com perda de massa
muscular, por exemplo, as consultas são mais regulares. Se o quadro é mais
estável e não tem doenças com impacto mais significativo, as visitas aos
especialistas são menos regulares”, afirma.
Novo joelho,
mais independência
Em junho de 2022,
a fisioterapeuta, que já utilizava próteses havia cinco anos, foi convidada
pela Ottobock para a protetização de um novo joelho: o Dynion, lançado
oficialmente durante a ABOTEC, evento da Associação Brasileira de Ortopedia
Técnica, realizado em setembro do mesmo ano em Foz do Iguaçu. Stefanie realizou
testes e se adaptou bem ao novo equipamento. "Sinto mais segurança ao
caminhar, descer rampas e escadas, mesmo que a prótese antiga tenha sido
bastante importante para minha rotina. A tecnologia que uso agora é bastante
avançada e permite que eu realize as atividades sem preocupação com a
distribuição do peso corporal sobre a prótese", explica.
O joelho mecânico
que a fisioterapeuta utiliza possui um mecanismo hidráulico de rotação integrado.
Graças a essa tecnologia, os usuários podem lidar com velocidades diferentes na
hora de andar e com diversos tipos de solo. O equipamento ainda possui um modo
ciclismo, e o joelho ainda conta com uma trava manual, que fornece suporte para
que o usuário possa permanecer em áreas úmidas ou ficar de pé por um período
prolongado. O equipamento também é resistente à água.
Conforme o
especialista, a prótese é um mecanismo importante na reabilitação dos
pacientes, seja pelo ganho de independência, pela estética ou para o tratamento
de possíveis dores fantasmas (quando a pessoa sente sintomas como queimação e
pontadas no membro como se não houve ocorrido a amputação). “A presença da
prótese é um feedback interessante para reduzir a dor fantasma. Utilizar a recuperação
imagética cerebral, sentir a prótese no lugar do membro também tem um papel
importante”, diz.
Das clínicas
para as piscinas
O novo joelho utilizado por Stefanie também auxilia em uma atividade que ela começou a praticar após a cirurgia: a natação. Ela iniciou no esporte em 2019 e desde então tem aumentado seus treinos e participações em competições, até mesmo em nível nacional. Em 2021, por exemplo, participou do Campeonato Brasileiro de Natação e, em novembro de 2022, esteve em uma competição local em Fortaleza (CE). "É uma atividade para a qual tenho me preparado bastante e as próteses me auxiliam nos treinos. Vejo que paratletas estão cada vez mais preparados com o uso dessas tecnologias e isso me deixa animada para participar também”, comenta.
Para o médico fisiatra, a trajetória de pessoas como Stefanie pode ser classificada como uma ressignificação de vida após um processo traumático de perda do membro. Isso, segundo ele, é possível durante o tratamento e protetização. “Percebemos casos de pessoas que mudam seu estilo de vida e que passam a praticar esportes, algo que não faziam antes da cirurgia. Por isso a prótese é interessante e uma ferramenta ótima para recuperar funções e qualidade de vida”, diz.
Experiência
de quem usa e estuda
Stefanie já fazia
a faculdade de Fisioterapia antes de precisar da amputação, mas o uso da
prótese fez com que ela se interessasse mais pelas tecnologias e pela troca de
experiências com pessoas que precisam utilizar algum equipamento. Ainda que, na
rotina diária de trabalho, ela não atue diretamente com pessoas que utilizem
próteses, sempre que precisa realizar algum ajuste na clínica da Ottobock em
Porto Alegre ou quando é convidada para algum evento da empresa, a gaúcha faz
questão de compartilhar o que conhece com outros pacientes. "Acho
significativo e diferenciado para quem não conhece a teoria ouvir o que os
estudos dizem sobre o uso de próteses a partir de alguém que atua na
área", comenta.
Ottobock - referência mundial na reabilitação de pessoas amputadas ou com mobilidade reduzida por sua dedicação em desenvolver tecnologia e inovação a fim de retomar a qualidade de vida dos usuários.
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