Crescimento da educação profissional e uso de inteligência de dados são algumas mudanças já em andamento
A pauta Educação é tida como prioritária pelo atual Governo
Federal brasileiro e, para avançar em aspectos importantes como a qualificação
profissional efetiva, as novas políticas devem obrigatoriamente passar pelo
protagonismo da tecnologia. A avaliação é do professor Francisco Borges, mestre
em Política Pública de Ensino e consultor da Fundação de Apoio à Tecnologia
(FAT).
Ele define seis tendências que devem se destacar nos
próximos meses para impactar positivamente todo o setor.
1 - Educação Híbrida
Borges defende um modelo com partes presenciais e partes
EAD, o que, segundo ele, é essencial para a melhor formação. "Enquanto
alguns grupos educacionais defendem a predominância do modelo à distância,
online, outros, já estabelecidos no mercado, desejam manter a tradição
presencial. Há interesses de ambos os lados, e o que de fato deveria pautar o
debate é quais são as carreiras que devem ter mais presencialidade; quais podem
ser por natureza mais remotas e digitais; quais recursos tecnológicos substituem
os tradicionais; fortalecendo a evolução tecnológica do setor, e assim por
diante", afirma.
2 - Educação Profissional abrangente
A educação profissional ainda pouco valorizada é um anseio
da sociedade, que pede por mudanças. Borges lembra que 96% dos alunos
vinculados a escolas públicas federais, estaduais (na sua maioria) e até
municipais se posicionaram indicando que desejam estudar educação profissional.
3 - Verticalização
O consultor da FAT acredita que a ampliação do acesso ao
Ensino Superior passa pela Verticalização da Educação. "Alunos que estudam
temas e conteúdo na educação profissional de nível médio poderão aproveitar
estes conteúdos e temas no ensino superior, em uma estratégia de alinhamento de
projetos pedagógicos por área e motivadora para o acesso à etapa mais
agregadora para o mercado", afirma.
4 - Inteligência de dados como ferramenta de
gestão
Para ele, o setor da educação também precisa entendê-la como
um serviço e considerar a demanda dos jovens que estudam. "Além de
entender as necessidades do mercado é preciso aplicá-las na proposta pedagógica
de acordo, também, com os desejos, percepções e aptidões dos indivíduos. Esse é
um dos caminhos para trazer viabilidade de emprego para os cidadãos. E a gestão
através de dados, de pesquisas, e observada em dashboards que monitoram tais
dados, acelera o entendimento das tendências e apresentam as correções de
processos necessárias. Inteligência pelos dados e menos empirismo", defende
Borges.
Neste contexto, grandes empresas apostam, hoje, justamente
no alinhamento entre tecnologias como a inteligência artificial e a educação
para estimular a requalificação profissional. Recentemente a edtech Beedoo
lançou uma solução focada em mudar a forma de treinamento, comunicação e
engajamento de equipes de Frontline. Chamado de “Bee.AI”, o sistema de
Inteligência Artificial criado utiliza mais de 15 informações diferentes dos
usuários para recomendar conteúdos de forma fluída e personalizada dentro da
plataforma.
O CEO da Beedoo, Daniel Lima, explica que a empresa criou um
algoritmo capaz de recomendar conteúdos personalizados para cada indivíduo,
levando em consideração diversos parâmetros e fazendo com que a trilha de
conhecimento criada seja mais precisa e adequada ao momento de cada usuário. O
algoritmo considera, por exemplo, os indicadores de desempenho que estão ruins
do usuário, os temas mais buscados na base de conhecimento, os assuntos do
momento mais importantes, as dúvidas mais recorrentes, os resultados dos testes
nos cursos, e até mesmo o humor do usuário.
5 - Parcerias e Integração
Francisco Borges vê com positividade o trabalho conjunto de
instituições de ensino de níveis médio e superior, tanto privadas quanto
públicas, se associando em contratos, editais e parcerias, para atender
clusters de alunos em suas necessidades e demandas de acordo com as regiões.
"Alinhado com o pacto educacional das redes Federal, Estaduais e
Municipais, incluo as Instituições Privadas nesta Associação para Eficiência e
Aumento da Qualidade", aponta.
6 - Reconhecimento facial
No último mês de janeiro, a cidade de Santarém, no Pará, foi
a primeira no estado a receber a instalação de um sistema de reconhecimento
facial para alunos em escolas públicas. Já o Governo de Goiás destinou, nos
últimos quatro anos, cerca de R$ 9,5 milhões para a implementação de um sistema
desta natureza em 143 instituições de ensino da rede estadual. O sistema é
utilizado para controle da frequência dos alunos e deve se tornar uma tendência
ainda mais forte como medida de segurança, em virtude de recentes casos de
invasões e violência em escolas. Em ambientes universitários, esse mecanismo
também já possui aplicação.
Fernando Guimarães, CEO da Stone Age,
empresa especializada na criação e implantação de soluções de apoio à tomada de
decisão baseadas em inteligência analítica avançada, faz uma ressalva sobre
este segundo caso. "Não se trata de uma tecnologia tão nova, mas seu uso
em instituições de ensino ainda é pouco comum. Por isso, é preciso lembrar que
é uma importante camada de autenticação, mas não deve ser a única no quesito
segurança. Corriqueiramente lidamos com muitas empresas em diversos setores que
utilizam essa tecnologia e dependo da aplicação pode haver maneiras simples de
burlar, dependendo do sistema, como a utilização de fotos de terceiros",
explica.
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