Substâncias químicas em pomadas modeladoras podem causar complicações oculares, informam oftalmologistas
Tem crescido o número de casos que associam graves prejuízos
oculares ao uso de pomadas capilares utilizadas para modelar e fixar penteados.
Os relatos apontam que algumas marcas têm provocado dor e irritação nos olhos,
pálpebras inchadas e dificuldade para enxergar, sintomas observados após a
lavagem dos cabelos onde foi utilizado o produto, ou depois do contato com a
água de piscina ou do mar.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem
investigado marcas e fabricantes relacionados às reações adversas, que já
levaram centenas de pessoas às unidades de pronto atendimento em diversos
estados do país.
Diante da repercussão desses casos, o Conselho Brasileiro de
Oftalmologia (CBO) alerta sobre os cuidados com o manuseio desses produtos e as
providências perante complicações envolvendo os olhos. Sérgio Kwitko, membro do
CBO e presidente da Sociedade Brasileira de Córnea, contribuiu na elaboração
dos pontos a seguir:
1) Os relatos que circulam em redes sociais e em ambientes
hospitalares associam reações, como cegueira temporária, irritação e sensação
de queimadura nos olhos, ao uso de pomadas modeladoras de diferentes marcas e
fabricantes, o que indica a necessidade de atenção por parte dos consumidores à
composição química desses produtos.
2) A metilcloroisotiazolinona (MCI) e a metilsotiazolinona (MI) -
ambos compostos químicos comumente utilizados na formulação de cosméticos dessa
natureza são uma ameaça à visão dos consumidores. Esses conservantes contêm
elementos tóxicos à pele e mucosas, podendo causar alergias e queimaduras nos
olhos e na pele, além de toxicidade pulmonar e neurotoxicidade.
3) Nos olhos, estes compostos químicos podem provocar blefarites
(inflamações das pálpebras), conjuntivites (inflamação da conjuntiva) e
ceratites (úlceras de córnea), bem como o grave comprometimento da visão.
4) O CBO orienta os consumidores a consultarem o rótulo dos
produtos cosméticos, sendo que, em caso de compra, observar que o seu uso não
seja feito nas proximidades dos olhos. Também se deve ficar atento à
possibilidade de o produto escorrer para os olhos quando em contato com a água
ou suor.
5) Em casos de reações oculares adversas, as pessoas afetadas
devem lavar imediatamente os olhos com soro fisiológico e procurar atendimento
médico com urgência, de preferência com oftalmologista.
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia ressalta que se mantém
atento aos problemas para a visão relacionados ao uso dessas e outras
substâncias e solicita aos órgãos responsáveis que obriguem as empresas
fabricantes a inserirem nas embalagens alertas claros e didáticos sobre os
riscos à saúde que o contato com esses produtos pode gerar.
CONSELHO
BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA
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