Resolução publicada em Diário Oficial torna obrigatório o exame cariótipo na triagem de candidatos a doadores de gametas no tratamento de reprodução assistida. Medida é importante para saber se existe risco aumentado de alterações cromossômicas nos gametas
Com a publicação no dia 28 de dezembro de 2022 da Resolução RDC Nº 771, que dispõe sobre as Boas Práticas em Células Germinativas, Tecidos Germinativos e Embriões Humanos, para uso terapêutico, o Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Diretoria Colegiada tornam obrigatória a realização do exame cariótipo entre os candidatos para a triagem para doação de gametas. A Resolução traz os requisitos técnico-sanitários mínimos e aplica-se a todos os estabelecimentos, públicos ou privados, que realizem atividades com células germinativas, tecidos germinativos ou embriões humanos, para uso terapêutico em técnicas de Reprodução Humana Assistida (RHA), visando ao uso próprio ou doação.
A partir de agora ficou estabelecido que, para
poder doar gametas masculinos (espermatozoide) ou gametas femininos
(oócito/óvulo), o candidato deverá fazer o exame de cariótipo. O exame é uma
análise que existe há muito tempo, que na medicina reprodutiva ajuda a
identificar casos de infertilidade. Ele permite investigar também se, mesmo
sendo saudável e sem apresentar sintomas específicos, a pessoa tem alguma
alteração cromossômica que eleva o risco de gerar aneuploidias nos embriões que
sejam gerados a partir de seus gametas. Porém, antes da Resolução, o cariótipo
era opcional.
Larissa Antunes, bióloga e assessora genética da
Igenomix Brasil, explica que o cariótipo permite observar alterações
estruturais como deleção, duplicação, inversão ou translocação de cromossomos
que podem levar ao aumento de risco de aneuploidias. “Na maioria das vezes as
aneuploidias embrionárias são incompatíveis com a vida, mas também podem estar
relacionadas a síndromes, como por exemplo, síndrome de Down (trissomia do 21 –
cópia extra do cromossomo 21). Dentre os muitos outros exemplos estão a
síndrome de Klinefelter, que acomete homens, caracterizada por um cromossomo X
extra (XXY) e a síndrome de Turner, que ocorre em mulheres, conhecida como
“monossomia do X” (no par XX somente uma cópia do cromossomo X está presente)”.
exemplifica Larissa.
Quando há alterações no cariótipo, é preciso que a
pessoa conte com um aconselhamento
genético, para analisar as consequências da alteração específica
identificada e estratégias para planejamento familial. Uma das possibilidades
pode ser um tratamento de fertilização in vitro junto com avaliação
genética dos embriões do casal com o objetivo de selecionar os embriões sem
aneuploidias para transferência uterina.
O documento apresenta também os requisitos
específicos da triagem de doadores de sêmen; óvulos destinados a
criopreservação (congelamento) e de óvulos a fresco. Destaque para os cuidados
em biovigilância, que incluem evitar eventos adversos graves em qualquer etapa
do processo, desde a coleta até a transferência dos gametas, sem que haja
interferência na qualidade do embrião. “Também é previsto como evento adverso
grave a perda de material biológico ou nascimento de criança em virtude de
embriões de doador portador de doença genética grave ou potencialmente fatal”,
observa Larissa Antunes.
Igenomix - laboratório de biotecnologia que ajuda
no sucesso dos tratamentos de Reprodução Assistida, diagnóstico e prevenção de
Doenças Genéticas.
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