Perder a visão pode significar uma grande mudança
no sentido da vida. Muitas pessoas entram em depressão e desacreditam da
possibilidade de retornar à sociedade com autoestima e autoconfiança. A visão é
a janela para o mundo. E quando tudo parece estar perdido, a Oculoplástica, uma
subespecialidade da oftalmologia, é que pode atuar com o que há de mais
avançado para o tratamento e reabilitação.
Qualquer pessoa que tenha perdido o olho por
acidente ou alguma doença pode ser tratada funcional e esteticamente com o uso
de próteses oculares. Cada vez mais procurado, esse
procedimento devolve à sociedade um cidadão mais confiante. A Organização
Mundial de Saúde (OMS) estima que 60% a 80% dos casos de cegueira são evitáveis
e/ou tratáveis e, no Brasil, há mais de 1,2 milhão de cegos. As principais
causas que levam à cegueira e à perda do olho são infecções congênitas,
catarata, retinopatia em bebês prematuros, glaucoma e tumores oculares. Além
das doenças, a perda visual pode acontecer em casos de acidentes de trânsito,
armas de fogo e até em atividades esportivas.
O processo de recuperação inicia-se com a cirurgia
para reposição do volume perdido, adequada para cada caso e com o objetivo
principal de tratar a falta do globo ocular ou os olhos cegos inestéticos e,
por vezes, dolorosos. As cirurgias mais comuns são: evisceração, remoção do
conteúdo ocular com preservação das camadas externas do olho; ou enucleação,
que é a remoção do globo ocular, geralmente nos casos tumorais.
Em ambas as situações, durante a cirurgia coloca-se
um implante esférico, devolvendo o volume perdido. Essa cirurgia é muito
importante para restabelecer estética à cavidade orbitária, em uma reconstrução
cirúrgica realizada por especialista que visa deixar a área preparada para a
adaptação a uma futura prótese ocular.
Há ainda casos em que procedimentos menos invasivos
podem ser realizados para diminuir a sensibilidade ocular, facilitando a
adaptação da prótese sobre o próprio olho atrófico. Para que o paciente volte a
levar uma vida normal após a cirurgia, arte e tecnologia unem-se como
alternativa para mudar a realidade de quem vive esse drama – e a prótese ocular
ou lente escleral pintada é confeccionada individualmente.
É este o trabalho do especialista em cirurgia
reconstrutiva e estética das pálpebras, via lacrimal e Órbita, que possibilita
que estes pacientes passem pela reabilitação funcional e estética da cavidade
anoftálmica. “Atualmente, podemos contar com procedimentos cirúrgicos que
devolvem o volume perdido, por meio de implantes orbitários ou a própria gordura
do paciente. Além disso, após 45 dias da cirurgia os pacientes estão aptos à
colocação de próteses oculares, ou lente escleral pintada, que imitam com
perfeição a íris humana, desde cores até detalhes das características do outro
olho”, relata Dr. André Borba.
A prótese ocular é uma forma de reabilitação
funcional e estética da face, impacta diretamente na aceitação pessoal e social
do paciente e não está longe do alcance do cidadão. Além disso, vale destacar
que no último mês, entrou em vigor a Lei 14.126/2021,
mais conhecida como "Lei Amália Barros", que viabiliza o
reconhecimento legal das pessoas com visão monocular na qualidade pessoa com
deficiência sensorial do tipo visual. Em outras palavras a nova lei reconhece o
amparo legal da pessoa com visão monocular para fins de direitos das pessoas
com deficiência.
Dr. André Borba - doutor em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP), pós-doutorando pela Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). Fellowship em Oculoplástica pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA/ EUA). Professor Assistente do Setor de Oculoplástica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Autor do livro Técnicas de Rejuvenescimento Facial com Toxina Botulínica e MD Codes TM, relator do livro Oculoplástica e Oncologia ocular, tema oficial do Conselho Brasileiro de Oftalmología 2021. Membro da Sociedade Brasileira e da Portuguesa de Medicina Estética, e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular (SBCPO), da Sociedad Panamericana de Oculoplastía (SOPANOP), e das sociedades norte-americana e europeia de cirurgia plástica Ocular e reconstrutiva. (ASOPRS e ESOPRS, nas siglas em inglês).
Nenhum comentário:
Postar um comentário