Ser feliz em seu ambiente de trabalho nunca foi um tema tão crucial. Isolados em nossas casas, relatos de desânimo, depressão e desgastes cresceram em níveis preocupantes – acendendo um alerta urgente em garantir que a rotina organizacional seja a mais leve e satisfatória possível. Mesmo diante de inúmeras interferências externas, construir um ambiente harmônico fará toda a diferença para a retenção, produtividade e destaque dos talentos. Mas, para isso, todos precisam trabalhar em conjunto nessa missão.
Atribuir a responsabilidade de criar um local de
trabalho feliz para apenas uma das partes é uma tarefa perigosa – afinal, nem
sempre essa insatisfação é gerada pelo lado da contratante. De fato, muitas
companhias que excedem nas cargas horárias atribuídas a seus profissionais,
aplicando cobranças intensas sem o devido reconhecimento, abrem portas para a
dispersão de seus times com prejuízos intensos em suas operações.
Mas, não podemos nos esquecer que somos seres
emotivos por natureza. Em um dia estressante, por motivos pessoais, um simples
olhar diferente dos superiores, ou um e-mail mal compreendido pode ser
suficiente para despertar sentimentos negativos e até a busca por outras
oportunidades. A linha de separação entre todos esses fatores vem se
estreitando cada vez mais, tornando desafiador encontrar soluções que reduzam
essas interferências e auxiliem na felicidade dos profissionais em trabalharem
para a marca.
Em um olhar prático, muitas empresas já compreendem
o efeito dominó positivo em se preocupar com a felicidade de seus times. Quando
contentes, cada profissional poderá não apenas ter uma melhor performance, como
também sempre buscar soluções inovadoras para o crescimento corporativo. Um
estudo da Harvard Business Review, comprovadamente, mostrou que organizações
com colaboradores satisfeitos são 31% mais produtivos, 85% mais eficientes e
300% mais inovadores – principalmente, quando incorporam tais ações em sua
cultura organizacional, transpassando esse reconhecimento desde o processo
seletivo.
A felicidade no trabalho precisa ser enxergada e
aplicada como uma preocupação genuína, e não como uma mera obrigação. Muito além
do que oferecer um salário maior ou benefícios complementares, ela se constrói
no relacionamento entre as equipes, na comunicação desenvolvida no dia a dia e
em práticas que saem do papel. Após um distanciamento intenso enfrentado
durante a pandemia, está mais do que na hora de todos se unirem em prol deste
ambiente, construindo experiências satisfatórias que ajudem a dissipar qualquer
estresse ou dificuldade que possa surgir.
Levando em consideração a migração de muitas
companhias para modelos 100% remoto ou híbrido, organizar momentos de
descontração presencialmente com times é uma medida obrigatória de ser colocada
em prática. As facilidades proporcionadas pelo trabalho à distância, por mais
benéficas que sejam, não devem excluir estes momentos de união e relacionamento
– capazes de fortalecer os laços internos e desenvolver uma comunicação muito
mais saudável e próxima entre todos.
Cada profissional deve se tornar o grande
protagonista desse processo, tanto por parte dos gestores quanto por si só. Todos
temos que compreender quais ambientes, trabalhos e cargos são adequados para
nossos perfis e anseios de carreira, analisando todos esses pontos antes de
aceitar qualquer oportunidade. Se não soubermos o que nos faz feliz, nenhuma
outra pessoa conseguirá responder essa questão por nós. Muito menos, uma
organização.
Muitos cargos específicos para a promoção dessa
felicidade já foram criados e colocados em prática em diversas companhias. Mas,
mesmo diante desta contribuição, o envolvimento coletivo de ambas as partes
fará uma diferença muito maior na conquista deste sentimento. Uma ação pautada
no autoconhecimento, como forma de atrair e reter cada vez mais profissionais
satisfeitos, deve fazer parte do propósito de todas as empresas.
Ricardo Haag - sócio da Wide, consultoria
boutique de recrutamento e seleção.
Wide
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