Apesar do
arrefecimento em relação a dezembro, preços subiram 10,65% em 12 meses
Os
alimentos foram os principais responsáveis pelo aumento do custo de vida na
Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) em janeiro. No mês, o grupo de
alimentação e bebidas apresentou crescimento de 1,32%, impactando em 0,30 ponto
porcentual (p.p.) a variação geral. Os dados são da pesquisa Custo de Vida por
Classe Social (CVCS), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do
Estado de São Paulo (FecomercioSP). A variação de janeiro da CVCS (0,66%)
demonstra uma desaceleração em relação ao observado em dezembro (0,78%). No
entanto, os preços dos bens e serviços consumidos pela população da RMSP, em 12
meses, acumulam alta de 10,65%.
No mês passado, o aumento dos custos na produção e o excesso de chuvas
provocaram problemas de oferta, contribuindo para a escalada dos preços dos
alimentos. A inflação não ficou concentrada em produtos específicos, mas
espalhada pelo grupo: a alface obteve alta de 10,9%; o pão francês, de 2,6%; e,
as carnes, como o contrafilé, de 5,2%. O aumento é especialmente percebido
pelas famílias de menor renda. A variação mensal para a Classe A foi de 0,92%,
enquanto para as classes D e E, de 1,61% e 1,55%, respectivamente. O grupo de
alimentos e bebidas pesa quase 30% no custo de vida da classe E – o dobro da
classe A, de 15,65%.
Outras altas no mês
Além do grupo citado, outros segmentos exerceram pressões parecidas e
contribuíram para o aumento do CVCS. Os itens de artigos do lar subiram, em
média, 2,27%, influenciados pelas altas dos eletrodomésticos, eletrônicos e
móveis. Já a habitação cresceu 0,74%, puxada pelos serviços, como o de aluguel
residencial, que subiu 2,3% em janeiro. A energia elétrica teve alta de 0,5%,
porém, acumula aumento de 35,29% em 12 meses. No comércio, foram as tintas que
subiram (2,6%) – no entanto, têm menor peso no grupo.
A comunicação, que sempre cresce nesta época do ano por ser um serviço
reajustado anualmente, registrou alta de 1,37%, graças ao aumento médio de 4,1%
das TVs por assinatura com internet. O preço médio do serviço de telefonia
celular também subiu (0,9%). As demais elevações foram observadas em vestuário
(1,41%), saúde (0,52%), despesas pessoais (0,88%) e educação (0,15%).
Dentre os nove grupos que compõem o indicador, apenas os transportes obtiveram
decréscimo nas variações médias (0,70%). Nos serviços, a passagem aérea apontou
queda de 26,8%, em razão do aumento da oferta e da comparação com os preços
altos de dezembro. Já no comércio, o destaque ficou por conta do etanol, que
registrou recuo mensal de 3,5% – mas acumula, nos últimos 12 meses, 54,47% de
aumento.
O Índice de Preços no Varejo (IPV) apontou alta de 1,26%. Já o Índice de Preços
dos Serviços (IPS) avançou 0,02%. Para o IPV, a alta acumulada nos últimos 12
meses é de 14,95%; enquanto o IPS registra 6,23%.
Sem expectativa de redução
Na avaliação da FecomercioSP, o custo de vida continuará pressionado em São
Paulo em decorrência dos custos de produção, que seguem em alta. Por mais que a
demanda esteja arrefecendo, em virtude da inflação e dos juros altos, os
empresários não encontram espaço para reduzir o preço ao consumidor (caso dos
alimentos, que foram os vilões do mês e é o grupo mais custoso no orçamento das
famílias).
Nota metodológica
CVCS
O Custo de Vida por Classe Social (CVCS), formado pelo Índice de Preços de
Serviços (IPS) e pelo Índice de Preços do Varejo (IPV), utiliza informações da
Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE e contempla as cinco faixas de
renda familiar (A, B, C, D e E) para avaliar os pesos e os efeitos da alta de
preços na região metropolitana de São Paulo em 247 itens de consumo. A
estrutura de ponderação é fixa e baseada na participação dos itens de consumo
obtida pela POF de 2008/2009 para cada grupo de renda e para a média geral. O
IPS avalia 66 itens de serviços, e o IPV, 181 produtos de consumo.
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