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terça-feira, 29 de março de 2022

Reserva ovariana feminina: conheça seu estoque natural de folículos

Mulheres já nascem com número determinado de folículos, que vão diminuindo a cada ciclo menstrual. Há as que vivenciam a falência ovariana precoce, antes dos 40 anos. Conversar com o (a) ginecologista é fundamental para tirar dúvidas 


Você já ouviu falar em reserva ovariana? O termo é utilizado para definir a quantidade de folículos com potencial para ovular, presente nos ovários da mulher. Para mulheres que desejam engravidar, conhecer sua reserva ovariana é um primeiro passo para o sucesso na realização do sonho de ser mãe. No entanto, há mulheres que vivenciam a falência ovariana precoce, entre 30 e 40 anos.

De acordo com o ginecologista da clínica Origen, Rodrigo Hurtado, mestre e doutor em Saúde da Mulher e professor do Departamento de Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as mulheres geralmente nascem com uma quantidade que varia entre 1 milhão e 2 milhões de folículos. O número, no entanto, diminui até a puberdade, para cerca de 400 mil. E, a cada ciclo menstrual, os folículos disponíveis para crescer que não se desenvolvem, são eliminados, reduzindo, assim, a reserva.

“Diferentemente do homem, que produz espermatozoides ao longo de toda a vida, a mulher já nasce com seu estoque de folículos determinado, ou seja, ele é um finito. Com o passar dos anos, além da diminuição da quantidade, ocorrerá também uma mudança na qualidade dos óvulos. Essas mudanças são responsáveis pela diminuição da taxa de gravidez, aumento no risco de aborto e nascimento de crianças com alterações cromossômicas”, explica o médico.

Outras condições também podem levar à diminuição da reserva. Ainda que a mais comum se dê ao longo do processo de  envelhecimento, ela também pode ocorrer precocemente, sendo chamada de falência ovariana precoce (FOP), conhecida também como insuficiência ovariana primária ou menopausa precoce, caracterizada pela falência da função dos ovários antes dos 40 anos.


A FOP pode ser provocada por diferentes condições, como  distúrbios genéticos ou tratamentos para o câncer. “Os distúrbios genéticos geralmente estão relacionados ao cromossomo X. O mais comum é a Síndrome do cromossomo X frágil, caracterizada por alterações em parte do cromossomo X. Os tratamentos para o câncer (quimioterapia e radioterapia), por outro lado, da mesma forma que podem resultar em falência ovariana, tendem a comprometer a qualidade dos óvulos”, esclarece Hurtado. A FOP pode ser ainda idiopática, ou seja, ocorrer por causas desconhecidas.

Para conhecer melhor sua reserva ovariana, a mulher pode solicitar ao(à) seu (sua) médico(a) exames como a ultrassonografia transvaginal para a contagem dos folículos nos ovários; dosagem do hormônio antimülleriano; e FSH (folículo hormônio estimulante) associado ao estradiol (esses, no 2º ou 3º dias do ciclo menstrual). “Tirar essas e outras dúvidas sobre o ciclo reprodutivo com o (a) médico (a) que a acompanha é muito importante para a mulher. Assim, ela pode fazer escolhas, como ter filhos, com ideias já amadurecidas e informação sobre o seu corpo e seu funcionamento”, acrescenta o ginecologista. “É importante ressaltar que, quanto mais cedo a mulher tem informação sobre sua reserva ovariana, maior será a chance de conseguir engravidar quando iniciar as tentativas, uma vez que as estratégias vão ser direcionadas para cada tipo de pessoa. Individualização é primordial”.

Tratamento – A falência ovariana precoce pode vir acompanhada de sintomas como ressecamento e perda da elasticidade da vagina (que leva à dor ao ter relação sexual), irregularidades menstruais (ciclos mais longos ou mais curtos que o que vinha ocorrendo), sensação de calor no corpo às vezes com sudorese abundante, perda de libido e irritabilidade. O tratamento mais comum é a reposição hormonal, especialmente de estradiol, que tem potencial para reverter os sintomas e resultar numa melhor qualidade de vida.

Para preservar a fertilidade em antecipação ao declínio natural provocado pelo envelhecimento ou por tratamentos de câncer, os óvulos podem ser congelados. No primeiro caso, o procedimento é conhecido como preservação social da fertilidade. O segundo é chamado congelamento oncológico da fertilidade e é determinante para as pacientes que serão submetidas ao tratamento para o câncer: o congelamento deve ser feito antes do início.

Para congelar os óvulos, as pacientes recebem medicamentos hormonais com o objetivo de estimular o desenvolvimento de mais folículos, a estimulação ovariana. O desenvolvimento é acompanhado por exames de ultrassonografia, que indicam o momento ideal para que seja induzido o amadurecimento final dos óvulos. Após a indução, os óvulos maduros são coletados por punção folicular. Os óvulos são então identificados em laboratório e congelados. Quando há desejo da mulher em engravidar, seus óvulos são descongelados e usados no tratamento de reprodução assistida, via fertilização in vitro.

 

 

Clínica Origen de Medicina Reprodutiva

 

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