Começam as campanhas
de vacinação contra a raiva. A época foi escolhida em homenagem ao cientista
francês, Louis Pasteur, criador da primeira vacina contra a raiva, que morreu
em 27 de setembro de 1895. A iniciativa é da Aliança Global para o Controle da
Raiva, instituição com o objetivo de criar consciência, promover a prevenção e
o tratamento da doença em humanos e animais.
A raiva humana,
hidrofobia, no Brasil é uma doença endêmica. No Sul, praticamente desapareceu.
No Norte e Nordeste ainda são notificados casos transmitidos por animais
domésticos ou silvestres. Para ocorrer o contágio, além da mordida basta um
contato com a saliva do animal doente.
O cão e o gato são
os principais transmissores da doença nos ambientes urbanos. No rural, também
os morcegos. De acordo com os sintomas apresentados, a doença pode
manifestar-se de duas formas diferentes: raiva furiosa ou raiva muda. A melhor
forma de prevenção da hidrofobia é manter, em dia, a vacinação de animais. A
primeira dose deve ser aplicada aos três meses de idade e, depois, uma vez por
ano, todos os anos. A vacina é gratuita e oferecida pelos órgão públicos de
saúde.
Como temos
observado, há outra espécie dessa mesma doença que tem crescido e infelicitado
famílias, círculos de amizade, colegas de estudo e trabalho, vizinhos e por aí
vai o seu alcance. É a raiva emocional. E não há vacina, embora haja remédio.
Este tipo de raiva é um estado momentâneo de nervosismo intenso diante de
alguém que pode provocar ataques de agressividade verbal, ou até física. Esta
emoção nasce de um bloqueio, surge frente a um obstáculo insuperável. Em geral,
é causada pela verdade.
A reação do corpo, a
partir da raiva, é de desequilíbrio emocional. As consequências da raiva como
sentimento são: violência, agressão física ou verbal; sempre gerando péssima
conduta. A raiva acelera o cérebro de tal forma que perdemos o equilíbrio, e a
energia se espalha desordenadamente. Interessante observar que sem inteligência
emocional a raiva é destruidora, porém se administrada corretamente pode ser um
alerta sobre nosso mundo interno e algumas necessidades que estamos deixando de
lado.
Viver frustrações
faz parte da vida, como ganhar e perder. Quando ainda crianças, se não
entendemos e superamos normais decepções há o risco de sermos adultos
intempestivos, irritados, raivosos, violentos. Pessoas de "pavio
curto" que não hesitam em explodir quando são contrariadas nas suas
certezas - que são versões dos fatos, não a verdade.
Isso deixa bem claro
que, nesses casos, cabe amadurecer a capacidade de resistir às frustrações de
haver errado e aceitar ser, naturalmente, criticado por isso. Só assim o nível
de raiva tende a diminuir. Claro que há fatores geradores de compreensível
insatisfação: ter consciência de que não está preparado para exercer uma
determinada responsabilidade; estar cercado de pessoas incapazes; não saber
dialogar; ter preconceitos e discriminar pessoas contra as quais não há razões
para atacar; desejar ser amado por todos, mas não merecer tal reciprocidade. E
muitos outros motivos.
Pois é... Seja qual
for o tipo de raiva, é preciso - nesta época dedicada ao combate dela -,
conhecer os cuidados preventivos elementares: Não chegar perto de cães, gatos,
morcegos e pessoas desconhecidos, feridos ou que estejam se alimentando - mesmo
que tenham a aparência de mansos; Respeitar os espaços em que vivem mamíferos
silvestres e urbanos que podem ser reservatórios naturais de problemas; Não
apartar brigas entre animais, incluindo de familiares próximos e parceiros; Não
mexer com fêmeas e suas crias; e Utilizar guias curtas, coleiras e focinheiras
nos animais que demonstrem agressividade.
Qualquer semelhança
com certas personalidades públicas não é mera coincidência, é um responsável
alerta para prevenção e, quem sabe, até cura.
Ricardo Viveiros - jornalista, escritor e professor. Doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e autor de vários livros, entre os quais: "Justiça Seja Feita", "A Vila que Descobriu o Brasil", "Pelos Caminhos da Educação" e "O Poeta e o Passarinho".
Nenhum comentário:
Postar um comentário