Rouquidão
persistente, pigarros constantes e diminuição da potência vocal podem indicar
pólipos, atrofias das cordas vocais e até câncer na garganta, alerta especialista do Hospital PaulistaShutterstock
A qualidade da voz
pode afetar, e muito, a forma como os idosos vivem. Sendo a principal
responsável pela comunicação oral, ela é fundamental para as interações sociais, conexões com a família,
atividades de lazer que utilizam a voz e, principalmente, para expressar
desejos, necessidades e sentimentos.
No Dia Internacional
do Idoso, celebrado em 1º de outubro, o Hospital Paulista de
Otorrinolaringologia chama a atenção para os sintomas que podem servir de
alerta para o mau-funcionamento vocal e tendem a ser confundidos com manias de uma
idade avançada.
Conforme o Dr. Rui
Imamura, otorrinolaringologista que atende no Centro Especializado em Laringe e
Voz do Hospital Paulista, a voz sofre, de fato, algumas alterações com o passar
dos anos, mas é necessário estar atento a possíveis sinais de um problema mais
grave.
Rouquidão progressiva,
pigarros constantes e diminuição da potência vocal podem identificar doenças e
lesões, como pólipos, edema de Reinke, atrofias das cordas vocais e até câncer
na laringe.
De acordo com o
médico, estudos sugerem que, após os 60 anos, cerca de 50% dos distúrbios
vocais no idoso podem representar doenças que, quando não são diagnosticadas,
tendem a evoluir, podendo prejudicar a saúde do idoso por obstrução
respiratória progressiva, aspiração e pneumonias e tumores malignos.
"Além disso, por
conta das situações envolvendo a falta de comunicação, o mau-funcionamento vocal pode levar à diminuição da autoestima,
isolamento social, ansiedade e depressão", destaca.
O especialista explica
que, apesar dos efeitos negativos que os distúrbios vocais causam à população
geriátrica, eles são frequentemente negligenciados e não relatados pelo próprio
idoso. Dessa forma, cabe aos familiares e cuidadores detectarem as alterações e
orientarem a busca por um diagnóstico e tratamento adequados.
Sintomas
Os principais sintomas
dos distúrbios da voz no idoso
manifestam-se em forma de rouquidão, fadiga ao falar, diminuição da potência vocal, dificuldade
no canto, aumento de secreção nas vias respiratórias, tosses e pigarros.
"A voz
frequentemente baixa, como se estivesse sempre dando algum conselho de
sabedoria, ou aquele pigarro excessivo do idoso que, de tão repetitivo, mais
parece um TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), não são manias da idade, mas
sim sinais de que algo não está bem com a saúde vocal", alerta o
especialista.
O pigarro crônico pode
estar associado tanto a problemas simples, como refluxos, como a mais graves,
como câncer. "O sintoma deve ser investigado, principalmente se associado
à rouquidão, dores ao engolir ou falta de ar."
Prevenção
Ter uma voz saudável
está diretamente ligada ao bom desempenho do organismo como um
todo. Por isso, Dr. Rui explica que hábitos como manter o corpo hidratado e
dormir bem, mantendo uma noite de sono reparadora, ajudam a conservar uma boa
saúde da voz.
Os cuidados com a
alimentação também são essenciais. "Pacientes que sofrem de refluxo
comumente apresentam rouquidão. Manter uma dieta saudável pode ajudar neste
controle", ressalta.
Segundo o
especialista, o uso de agentes nocivos como o cigarro e o álcool devem ser
evitados pois podem causar problemas sérios à voz, bem como ao
restante do organismo. Ambos são os principais fatores de risco para o câncer de laringe,
que tende a ocorrer a partir dos 60 anos de idade.
Tratamentos
O tratamento dos
problemas vocais pode envolver uso de medicações, fonoterapias ou até mesmo
cirurgia das cordas vocais. Segundo o médico, por meio do diagnóstico e
tratamento adequados, pelo menos 2 entre 3 pessoas acometidas por alguma doença
podem ter melhora da voz.
"Os distúrbios
vocais nos idosos não devem ser menosprezados jamais. Pelo contrário, eles
sempre precisam ser investigados. Quando notamos a diminuição da visão,
procuramos um oftalmologista. Com a voz deve ser feito o mesmo. À medida que um
sintoma se torna frequente, é necessário buscar um otorrinolaringologista",
finaliza o especialista.
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