Diagnóstico e tratamento corretos salvam vidas na fibrose cística
Você
já respirou fundo hoje e, verdadeiramente, sentiu o ar entrando e saindo dos
seus pulmões? Fazemos de modo tão automático, em meio a tantas atribulações da
vida, que mal lembramos que estamos respirando. A respiração exerce um papel
importantíssimo na nossa vida, na nossa saúde e nas nossas emoções. Em média,
um adulto em repouso respira de 12 a 20 vezes por minuto. Em quantas dessas
vezes você se deu conta de que está respirando? Via de regra, nos damos conta
quando sentimos dificuldade para tal. Ao praticar algum exercício físico de
grande intensidade, por exemplo, caso você não tenha condicionamento físico; ou
ainda quando nossas emoções se alteram. É também por meio da respiração que
conseguimos regular tais sensações, contribuir no controle de crises de
ansiedade e acalmar o coração.
Em
tempos pandêmicos, esse processo instintivo e de necessidade incontestável
ficou ainda mais em voga. A covid-19 nos lembrou do quão importante são os
nossos pulmões e, infelizmente, cessou o respirar de centenas de milhares de
pessoas mundo afora. Temos vivido dias difíceis, desafiadores e que tiram nosso
fôlego em decorrência deste gravíssimo problema mundial. Mas, dadas as
proporções e complexidades, outras milhares de pessoas também convivem
diariamente com situações de saúde que afetam sua respiração.
Uma
dessas situações é a fibrose cística (FC): doença genética e ainda sem cura,
ela pode desencadear pneumonia de repetição, tosse crônica, dificuldade para
ganhar peso e estatura, diarreia, pólipos nasais e um suor mais salgado que o
normal. Esses e outros sintomas surgem, pois, a secreção do organismo de quem
tem a doença é mais espessa do que o normal e, portanto, mais difícil de ser
eliminada.
É
possível descobrir se a pessoa tem FC já nos primeiros dias do bebê, através do
teste do pezinho - que deve ser realizado entre o terceiro e sétimo dia de
vida. Se esse exame vier alterado, é necessário fazer uma nova coleta e, na
sequência, o Teste do Suor. Esse teste, que por sua vez é considerado padrão
ouro para a confirmação do diagnóstico, também é indicado em situações onde a
pessoa apresenta sintomas ao longo da vida, e precisa confirmar ou descartar a
condição.
Foi
assim comigo, aos 23 anos de idade, quando enfim recebi meu diagnóstico para
fibrose cística - e eu hei de te convencer nas próximas linhas de que realmente
foi uma ótima notícia para mim. Através do Teste do Suor, eu pude descobrir que
de fato tinha a doença e, a partir daí, ganhar fôlego extra para continuar
vivendo.
A
respiração sempre foi meu grande sinal de alerta e motivo de preocupação sem
descanso para toda a minha família. Não me recordo, em quase 35 anos de vida,
um dia sequer sem ter sentido falta de ar, ou sem ter tido crises de tosse.
Contudo, desde que recebi meu diagnóstico, há quase 12 anos, as complicações
mais graves acontecem com bem menos frequência e a minha situação de saúde está
relativamente estabilizada. Antes disso eu tinha, em média, de quatro a cinco
pneumonias por ano. Aos 18 anos precisei tirar duas partes do pulmão direito,
depois precisei tirar a vesícula e, em seguida, parte do meu pâncreas parou de
funcionar. Isso sem falar da osteoporose, aspergilose, bronquiectasia e outras
incontáveis complicações, infecções, bactérias, além de idas e vindas de
hospital, centro cirúrgico e UTI.
Mas
se hoje te conto essa breve passagem respirando melhor, e com uma filha de
quase três anos correndo ao fundo, é graças à informação de qualidade, ao
diagnóstico correto e ao tratamento adequado.
Diagnóstico
que mudou minha vida, afinal, saber o que se tem pode mudar tudo. E neste
Setembro Roxo – Mês Nacional de Conscientização sobre Fibrose Cística, te faço
dois convites: respirar fundo para seguir em frente, e nos apoiar nesta
causa.
Setembro
foi escolhido pois no dia 5 assinala-se a passagem do Dia Nacional de Conscientização
da Fibrose Cística e dia 8 é o Dia Mundial de divulgação da doença. Durante
todo o mês, o Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose
Cística, organização social que fundei tão logo fui diagnosticada, juntamente
com voluntários e associações de assistência, promove nacionalmente diversas
campanhas de conscientização. Neste ano, queremos te lembrar sobre a
importância de respirar e também contar com seu apoio na continuidade desta
missão. A informação tem um impacto que não conseguimos mensurar e pode, sem
dúvidas, salvar muitas vidas.
Portanto,
leve adiante essa mensagem, compartilhe com sua rede o que é a fibrose cística,
e não esqueça: Respira fundo, pela frente tem muito mundo!
Sobre
a fibrose cística: Doença
genética, ainda sem cura, que torna a secreção mais espessa que o normal.
Sintomas: pneumonia de repetição, tosse
crônica, dificuldade para ganhar peso e estatura, diarreia, pólipos nasais,
suor mais salgado que o normal.
Diagnóstico: A triagem pode ser feita no
teste do pezinho, e sua confirmação se dá através do teste do suor, que pode
ser feito a qualquer tempo da vida. Pode também ser identificada em exames
genéticos.
Tratamento: Inclui, diariamente, inalações,
fisioterapia respiratória, dieta hipercalórica, atividade física, ingestão de
medicamentos como antibióticos, corticoides, suplementos vitamínicos e enzimas
digestivas.
Verônica Stasiak Bednarczuk de Oliveira -
psicóloga e especialista em Análise do Comportamento. Tem MBA em Políticas
Públicas e Direitos Sociais, está fazendo Mestrado na Universidade Federal do
Paraná e fundou o Unidos pela Vida quando recebeu seu diagnóstico para fibrose
cística aos 23 anos de idade. Também faz parte do Grupo Brasileiro de Estudos
em Fibrose Cística, é casada com Vinícius e mãe da Helena, de quase 3 anos.
Helena não tem fibrose cística.
www.unidospelavida.org.br
www.unidospelavida.org.br/setembroroxo2021
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