Especialista comenta sobre a responsabilidade das empresas diante do tema
A campanha Setembro Amarelo ganha, a cada ano, mais
destaque no Brasil desde que foi lançada por aqui em 2014. O objetivo é
trazer a conscientização, desmistificação e a prevenção ao suicídio. São
inúmeros os fatores que levam a esse movimento e para falar sobre o tema dentro
das empresas, Rebeca Toyama, especialista em estratégia de carreira,
traz reflexões e dicas de cuidado com os colaboradores para conseguir
reconhecer sinais e sintomas.
De acordo com uma pesquisa realizada pela FMUSP,
que avaliou cerca de 2.117 participantes do Estudo Longitudinal de Saúde do
Adulto, acompanhados desde 2008 e avaliados periodicamente durante o ano de
2020, mostrou que a pandemia de COVID-19 não alterou de forma significativa a
ocorrência de transtornos mentais, porém continua alta, afetando mais de 20% da
população. Além disso, o estudo também mostrou que os níveis de sintomas de
ansiedade e depressão, apesar de se manterem estáveis, permanecem em patamares
elevados.
Já segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2020
o Brasil se consolidou o país mais ansioso do mundo, quase 20 milhões de
brasileiros sofrem de ansiedade, o que engloba também o transtorno
obsessivo-compulsivo, fobias, estresse pós-traumático e ataques de pânico. E a
depressão atinge cerca de 12 milhões de pessoas no país, que ocupa o segundo
lugar no ranking global.
Portanto, a saúde mental é um tema urgente dentro das empresas,
com o home office que ‘chegou sem pedir licença’, o uso constante de
aplicativos de mensagens instantâneas e reuniões virtuais e a diluição das
fronteiras entre a vida profissional e pessoal, além do contexto da crise
econômica que impactou muito a vida dos brasileiros.
Para a especialista, as empresas precisam redobrar
a atenção e o cuidado com os colaboradores. E ainda alerta que algumas
pesquisas já mostram os impactos esperados em decorrência das doenças mentais
por conta do trabalho em excesso.
“As empresas precisam olhar com cuidado e carinho
para os colaboradores, pois a depressão é uma das principais causas de
absenteísmo, e essa foi a doença mais incapacitante do mundo em 2020, segundo a
Organização Mundial de Saúde. E o presenteísmo é um dos fatores de maior
impacto na baixa produtividade e qualidade de uma equipe", alerta Rebeca
Toyama, especialista em estratégia de carreira.
De longe é mais difícil
Antes da pandemia, já se falava muito sobre a saúde
mental e situações que desencadeiam a depressão e a síndrome de burnout. Mesmo
assim, existe uma certa dificuldade para identificar os primeiros sinais e
sintomas mesmo com o profissional presencial, agora com parte da equipe remota,
acaba dificultando ainda mais esse processo.
Mas, Rebeca Toyama revela que os sintomas podem ser
identificados com uma observação do comportamento da pessoa em seu dia a dia,
assim como em suas ações. “Observar se o colaborador está se afastando das
pessoas de sua convivência, se houve diminuição na produtividade, redução do
autocuidado e faltas frequentes, são alertas importantes para se analisar”,
afirma.
As dificuldades ainda podem fazer com que muitas
empresas deixem de lado sua responsabilidade social e optem pela demissão do
colaborador. Mas muitas vêm investindo em programas de prevenção de doenças
mentais que identificam e acolhem os colaboradores que apresentem algum sinal
de transtorno mental, como por exemplo: stress, dificuldade de concentração,
falta de motivação, ansiedade e tristeza.
“Uma empresa consciente precisa fazer sua parte
investindo em programas de prevenção de doenças mentais e/ou programas de
bem-estar. O papel dos líderes neste momento também é essencial! Acolher e
apoiar o colaborador de forma humana, mostrando o quão é importante seu
trabalho para equipe, além de ajudar o núcleo entender esse momento sem perder
o foco e a motivação”, finaliza, Rebeca Toyama.
Para auxiliar gestores e empresas, a especialista
em estratégia de carreira, Rebeca Toyama aponta 5 principais
dicas:
- Cuidado
com a psicofobia: Crie espaços para que as pessoas possam falar sobre o tema de
forma segura e respeitosa;
- Prepare
os gestores para lidar com o tema: A maioria das graduações e pós-graduações não
ensinam lidar com esse desafio;
- Programas
de prevenção de doenças mentais e promoção de bem-estar devem ser encarados
como investimento
- Destacar
um profissional do RH, preferencialmente um psicólogo para ser um
ponto de acolhimento e escuta
- Inserir
na comunicação interna pautas relacionadas ao tema com o intuito de
desmistificar assuntos como: suicídio, depressão problemas com álcool de
drogas, burnout e luto.
Rebeca Toyama - fundadora da ACI que tem como
missão desenvolver competências dentro e fora das organizações para um futuro
sustentável. Especialista em educação corporativa, carreira e bem-estar
financeiro. Possui formações em administração, marketing e tecnologia.
Especialista e mestranda em psicologia. Atua há 20 anos como coach, mentora,
palestrante, empreendedora e professora. Colaboradora do livro Tratado de
psicologia transpessoal: perspectivas atuais em psicologia: Volume 2; Coaching
Aceleração de Resultados e Coaching para Executivos. Integra o corpo docente da
pós-graduação da ALUBRAT (Associação Luso-Brasileira de Transpessoal), da
Universidade Fenabrave e do Instituto Filantropia.
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