Qualidade na educação é um conceito complexo que pode se modificar conforme o contexto, os valores, a cultura e a identidade de cada local. O assunto está sempre presente nas discussões sobre as políticas públicas da educação no país. Isso ocorre porque uma educação de qualidade é fundamental para promover mudanças significativas. Sabemos que sem ela não haverá condições de alcançar avanços fundamentais em nosso país.
É certo que a educação não vai resolver sozinha
todos os desafios do Brasil, mas para melhorar e qualificar a participação
cidadã e política, e promover uma sociedade mais saudável, reduzindo a pobreza
e as desigualdades sociais, o caminho passa, sem dúvida, pela educação. Para
proporcionar uma educação de qualidade para todos, há um amplo leque de
componentes envolvidos, tais como a formação do professor, a governança e a
gestão das escolas, as condições de trabalho e ensino, a infraestrutura, os
materiais didáticos, dentre outros.
Mas afinal, o que garante qualidade na Educação?
Para a Unesco (Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura) e a OCDE (Organização de Cooperação e
Desenvolvimento Econômico), a qualidade na educação envolve relações entre os
recursos materiais e humanos. Ela pode ser medida por meio do desempenho dos
alunos como, por exemplo, utilizando-se dos resultados apresentados pelo Ideb (Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica). O índice relaciona informações do
rendimento escolar e do desempenho dos estudantes, numa combinação entre o
fluxo (aprovação/reprovação) e a aprendizagem (proficiência em matemática e
português), demonstrando em valores de 0 a 10 como está o andamento dos
sistemas de ensino no Brasil, tanto em âmbito nacional quanto nas unidades da
federação, nos municípios e até mesmo nas escolas.
O último Ideb, divulgado em 2019, confirmou mais
uma vez uma tendência na educação brasileira: os índices são sempre melhores no
início do primeiro ciclo, vão perdendo força no final desse ciclo e ficam
praticamente estagnados no ensino médio. Os dados levam em conta todas as redes
de ensino, porém, é nas municipais que se concentram seis de cada dez alunos do
ensino fundamental em nosso país.
Os desafios da educação básica brasileira não são
conjunturais, são problemas de ordem complexa que exigem a implantação de
estratégias de médio e longo prazos. E é nesse sentido que o trabalho desenvolvido
pelos Arranjos de Desenvolvimento da Educação (ADEs) merece destaque,
representando uma alternativa que já apresenta resultados positivos na
implantação de programas que contribuem para que os municípios consigam superar
seus desafios e dar saltos de qualidade na educação.
No trabalho de cooperação intermunicipal, as metas
são estabelecidas em conjunto, elencando as prioridades comuns do território.
Por conta disso, as prefeituras ou outros cargos públicos podem ser renovados,
mas o programa continua em desenvolvimento. Relações partidárias tampouco se
envolvem nesse modelo de trabalho. A proposta é que o ambiente de debate nos
ADEs seja suprapartidário, respeitando diferenças e valorizando semelhanças.
No Brasil, já são 13 diferentes experiências de
Arranjos implantadas, que envolvem 225 municípios. Com baixo custo e grande
colaboração entre todos, esses territórios vêm alcançando resultados
significativos – e indicadores como o Ideb mostram a efetividade do trabalho.
Não há dúvidas de que alcançar a qualidade na educação para um número cada vez
maior de crianças e jovens é fator fundamental para tornar o Brasil um país
melhor para todos os seus cidadãos. Talvez, criar um contexto de independência
dos fatores políticos possa ser um tempero extra para garantir melhores
condições aos nossos alunos.
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