Você já parou para pensar que, se não
fosse pela medicina, a população mundial morreria até hoje de uma simples dor
de dente? A cura de doenças e o próprio conceito do ‘que é ser saudável’
modificou-se durante anos até chegarmos aqui, no século XXI.
Em 1948, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu a definição de saúde
como ‘um estágio de bem-estar físico, mental e social e não só a ausência de
doenças ou enfermidades’ e esse conceito, sem dúvidas, mudou a forma como vemos
a saúde.
O conceito recebeu, ainda, uma mudança maior tendo em vista que os padrões e
tipos de doenças mudaram do século passado para cá. Se seguíssemos essa
premissa de 1948, milhões de pessoas de todas as idades seriam reprovadas por
não atingir um grau satisfatório em nível saudável, até porque a população está
cada vez mais velha e os problemas crônicos, deficiências e acidentes
permanecem presentes na rotina de um hospital.
Essa antiga definição ainda minimiza o papel da capacidade humana de lidar com
desafios físicos, emocionais e sociais. Com isso, ao entender que as pessoas
conseguem seguir com uma sensação de realização e bem-estar mesmo quando sofrem
de uma condição crônica e deficiência, levou de novo os pesquisadores a
buscarem novas definições.
Passamos também por uma série de mudanças tecnológicas e científicas. Os
profissionais passaram a se especializar em assuntos alternativos e com outras
especificidades da medicina. Hoje, o paciente entende que uma equipe
multidisciplinar, o bom atendimento médico, um diagnóstico precoce, a
prevenção, o apoio e contato com a família são importantes para qualquer fase
de um tratamento, independente do quadro e da gravidade dele.
Todas essas evoluções abrem espaço para o home care. Segundo o Censo Nead-Fipe
2019/2020 a geração de empregos para esse setor, cresceu. São cerca de 106 mil
profissionais empregados na atividade. E de acordo com o Núcleo Nacional das
Empresas de Serviços de Atenção Domiciliar (Nead), em 2018 eram 18 empresas
atuando nesse mercado, hoje, já são mais de 830. Com o avanço do entendimento
da população sobre a saúde, os convênios médicos e a própria saúde pública
passou a investir mais em tecnologias e formatos de atendimento.
Essa modalidade de atendimento, que prevê a continuidade de um tratamento no
domicílio do paciente, possui inúmeros benefícios para pacientes e hospitais. O
home care permite a desospitalização precoce, que impacta na redução da lotação
de hospitais, diminui riscos de infecção e reinternação de pacientes. Além
disso, o cuidado em casa pode acelerar o restabelecimento da saúde do paciente,
pela proximidade do contato com médicos e equipes multidisciplinares, qualidade
de serviço e pela proximidade com amigos e familiares.
Com a pandemia, vimos saltar a adesão ao home care em cerca de 40%, o que
mostra avanços em questão de confiabilidade desse tipo de serviço. Para o
futuro da saúde no Brasil, poderemos ver o setor apoiado cada vez mais em
tratamentos home care, ou seja, uma adesão ainda maior a essa modalidade e,
consequentemente, gerando mais empregos. Hoje, felizmente, também já vimos
outros benefícios nesse tipo de atendimento e veremos daqui para frente mais
investimentos de aparelhos, tecnologias, profissionais e estudos acerca do home
care no Brasil.
Ainda para o futuro do setor, veremos o modelo abraçando cada vez mais
pacientes de idades variadas e em todos os serviços, que vão desde a consulta
médica, atendimento semanal de um fisioterapeuta, até um paciente que precisa
de uma estrutura mais complexa, como é o caso de internação. Para garantir a
continuidade dos cuidados e a segurança dos pacientes, destacam-se também as
plataformas de telemedicina, que permitem o atendimento a distância por
videoconferência. Além da possibilidade de fazer uma teleconsulta, uma reunião
entre familiares do paciente por videoconferência, envio online de receitas e
exames e com o desenvolvimento da tecnologia 5G veremos mais agilidade e
qualidade dos aparelhos, inclusive aqueles que realizam monitoramento de sinais
vitais e alteração do quadro de saúde do paciente.
João Paulo Silveira - CEO e fundador da
Domicile Home Care, assistência médica em domicílio e é membro do Conselho
Fiscal Efetivo da Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de
São Paulo (FEHOESP). Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória pelo
Hospital das Clínicas Da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(HCFMUSP), já trabalhou em locais como o Grupo Hospitalar SOBAM/Hospital
Pitangueiras com assistência domiciliar e, antes disso, como fisioterapeuta da
UTI Geral do Hospital São Camilo. Além disso, possui curso de liderança 360 na
Faculdade Getúlio Vargas (FGV), MBA em administração hospitalar e sistemas de
saúde pela Fundação Getúlio Vargas.
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