23/09 – Dia de Conscientização da Dermatite Atópica
A
dermatite atópica (DA) é uma doença inflamatória da pele, crônica, recidivante
e que acomete, principalmente, crianças e adolescentes com história familiar de
alergias respiratórias como rinite e asma ou quadros de eczema (dermatite).
Pode começar em qualquer idade, geralmente após os três a seis meses de vida,
mas tende à remissão antes da adolescência. Alguns trabalhos têm mostrado que
vem aumentando a incidência de quadros de dermatite atópica se iniciando na
vida adulta, mesmo após os 30-40 ou 50 anos.
O
principal sintoma é o prurido (coceira) muito intenso e que piora à noite e é
consequência, principalmente, da secura da pele, da perda de óleo e água e do
processo inflamatório característico da doença. A coceira persistente é uma das
mais importantes causas de comprometimento da qualidade de vida com mudanças do
comportamento (irritabilidade, mau humor, intolerância, isolamento) e
alterações da qualidade do sono.
O
Dr. Evandro Prado, Coordenador do Departamento Científico de Dermatite Atópica
da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI),
lista abaixo as principais dúvidas levadas pelos pacientes aos consultórios de
alergistas e imunologistas. Confira as respostas:
1- A
dermatite atópica é contagiosa?
Não
é contagiosa. A dermatite atópica é uma doença inflamatória da pele,
consequência de vários fatores como a genética e o ambiente.
2- Doutor,
ouvi dizer que o leite piora a DA. É verdade?
Nos
casos mais graves de dermatite atópica, principalmente nas crianças de baixa
idade, podemos ter agravamento do quadro por sensibilização a alguns alimentos.
Alergia para proteínas do leite de vaca podem ser um desses agravantes, mas são
necessários exames laboratoriais para confirmar essa possibilidade ou mesmo
relação causa e efeito, isto é, quando existe o relato de ingestão e piora da
dermatite. Não devemos submeter crianças com dermatite atópica com
uma dieta de exclusão sem ter certeza de que o alimento está relacionado à
doença.
3- Por
que uma pessoa com DA tem tantas infecções na pele?
As
infecções cutâneas, principalmente por bactérias, são frequentes. Os
estafilococos aureus são as bactérias que mais infectam a pele. Existem várias
explicações, mas a mais importante é a falta de defesa ao nível da pele em
algumas crianças. Eventualmente, infecções por fungos e vírus podem também
estar presentes.
4- O
que é o pijama molhado?
O
pijama molhado é uma alternativa interessante para os casos moderados/ graves.
Como fazer isso? Passar o hidratante à noite e, às vezes, associado ao
corticoide tópico, e vestir um pijama molhado que deve ficar até o dia seguinte
pela manhã. Importante: É recomendável usar um pijama seco por cima do pijama
molhado para diminuir a sensação de frio ou para dar algum aquecimento à pele.
Costuma melhorar muito, mas deve ser sempre uma conduta orientada pelo médico
que faz o acompanhamento do paciente.
5- Qual
hidratante é indicado para dermatite atópica?
Essa
é uma pergunta muito frequente. A maioria dos hidratantes têm a função de repor
o óleo e a água perdidos pela própria dermatite. Alguns irritam ou queimam a
pele e têm que ser substituídos. Os mais caros não são necessariamente os de
melhor resposta. Apenas o especialista, munido do histórico e exames do
paciente, poderá indicar o hidratante ideal para cada caso.
6- É
verdade que o paciente precisa ter cuidados diários com a pele? Quais são?
A
dermatite atópica é uma doença muito complexa. Cuidados gerais são muito
importantes. Como a pele está sempre irritada, pruriginosa e seca algumas
recomendações são muito importantes:
-
Usar roupas leves de algodão, evitar roupas colantes.
-
Banhos mornos são permitidos e podem ser múltiplos, desde que se use hidratante
logo após, com a pele ainda úmida.
-
Explicar como é a doença e o que é preciso para controlá-la (adesão) é
fundamental para o sucesso e a melhora do paciente.
7- Um
paciente com DA pode entrar em depressão? Por quê?
A dermatite atópica é uma doença que
compromete muito a qualidade de vida. O aspecto da pele e a intensa coceira
podem levar o paciente ao isolamento social, causando dificuldade de conviver
em grupo, acarretando um mau aproveitamento escolar ou no trabalho.
Irritabilidade, mau humor, agressividade são algumas alterações
comportamentais. A depressão e ansiedade podem acontecer principalmente nos
casos mais graves, quando o paciente percebe que o tratamento não está
melhorando o seu quadro.
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