A Médica, Especialista em Tratamento da Dor pela AMB e Docente da Pós Graduação de Dor no Einstein-RJ, Dra. Amelie Falconi, Nos Esclarecer Pontos Importantes.
Os impactos causados pela pandemia, nós já
conhecemos e são muitos, mas ainda existem áreas que geram muitas dúvidas nas
pessoas e é pouco comentado: O aumento do número de casos de dores crônicas,
tanto em consultório quanto em hospitais e o impacto no Tratamento da Dor
nestes pacientes, devido a pandemia.
A Especialista em Tratamento da Dor, Dra. Amelie
Falconi, referência na área, diz que durante este tempo foram
observadas algumas situações entre os pacientes. Entre elas:
- Pacientes
com dor apresentaram exacerbação da dor já existente;
- Desenvolvimento
de dor crônica em pacientes que tiveram Covid19;
- Desenvolvimento
de dor crônica em pacientes que não foram contaminados.
Pacientes que não foram infectados apresentaram uma
maior prevalência de distúrbios do sono, estresse, sofrimento emocional,
interrupção das atividades físicas, redução da mobilidade e mudanças nas
relações familiares, impostas pelo home office e educação escolar dentro de
casa. Isso foram fatores que influenciaram no desenvolvimento de dores crônicas
na população – Explica a Dra. Amelie Falconi,
Além disso, os pacientes que se infectaram com
Covid19 cursam com uma incidência de dores ainda maior, especialmente cefaleias,
dores musculares e neuropatias. Não podemos nos esquecer da
importância dos procedimentos intervencionistas da dor nesse tempo, mesmo
agora, “quase” pós pandemia.
Dra. Ameli explica que os procedimentos
são minimamente invasivos, permitem uma alta rápida do ambiente hospitalar e
aliviam o sofrimento, evitando assim, que esses pacientes busquem os hospitais
para controle da dor e sejam expostos ao vírus. Além disso, os procedimentos
permitiram a alta precoce de pacientes que estavam internados por dores após a
infecção com COVID -19.
O campo da dor crônica é um dos mais atingidos pela
pandemia COVID-19, deixando muitos pacientes sobrecarregados com o sofrimento
causado pelas dores e o tratamento em curso atrasado – Ressalta
a Dra. Amelie Falconi.
Alguns Fatores De Risco Para O Desenvolvimento De Dor Crônica Em
- Os
pacientes que foram submetidos à muitos procedimentos dolorosos.
- Na
fase inicial, a covid acometeu a população mais idosa que, naturalmente,
tem a saúde mais frágil, muitas vezes com outras doenças, tornando-se
então, um grupo que já é alvo de dor crônica.
- Quando
os pacientes ficam imobilizados por muito tempo também é um fator de
risco, isso porque há uma perda de massa muscular, podendo desenvolver um
quadro de sarcopenia. Isso tudo leva a uma sobrecarga da estrutura
esquelético-muscular e consequentemente causa muita dor, tanto muscular
como articular.
- Pacientes
que na UTI, tiveram dificuldade de acesso à reabilitação, devido a grande
demanda dos profissionais de fisioterapia terem ficado sobrecarregados com
pacientes graves de ventilação mecânica.
Muito Se Fala Em Sequelas Respiratórias Associadas
Ao COVID-19. Existem Outras?
Existe uma Síndrome que se chama Síndrome
Pós-Terapia Intensiva, que se relaciona com várias disfunções físicas,
cognitivas e psicológicas, presente em vários pacientes após a alta da
UTI. A dor crônica costuma ser uma dessas disfunções. As estimativas de dor
crônica após uma internação no CTI variam entre 14-77% - Explica a
Dra. Amelie Falconi.
Levando isso em conta, além do grande número de
pacientes internados em UTIs pelo COVID-19, pode ser que essa doença se torne
mais um fator de risco para o desenvolvimento de dor crônica.
Dra. Amelie chama atenção para um fato
importante: Em virtude de outras prioridades, a dor acaba sendo um sintoma
frequentemente deixado para segundo plano nas UTIs. E se levarmos em conta que
nessa situação de pandemia ocorreu uma demanda ainda maior das equipes, o
problema se agravou.
Pacientes em UTI recebem muitos estímulos dolorosos
ao longo do dia como aspiração de vias aéreas, mudanças de decúbito, troca de
curativos, reposicionamento de tubo traqueal e outras intervenções. Além disso,
muitos pacientes sobreviventes de COVD-19 ficam um período de tempo em sedação,
imobilizados e em ventilação mecânica, causando fraqueza e fadiga, que sabemos,
possui uma grande associação com a dor crônica. E mesmo em pacientes não
internados em UTIS, sabemos que o COVID-19 está associado a diversos tipos de
dores, entre eles mialgia, artralgia, dor abdominal, cefaleias, dores no peito
e precisam ter um controle adequado dessas dores! – Conclui
a Dra. Amelie Falconi
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