Segundo
especialista do Hospital Santa Catarina - Paulista, a arritmia pode evoluir
para um quadro fatal quando associada à insuficiência respiratória ou infecções
em estágios avançados. Pessoas com histórico de infarto, hipertensão, hipertireoidismo grave ou anemia,
assim como aqueles que passam por estresse e tensão emocional em excesso são
mais suscetíveis à doença.
Entre os grupos de risco associados à
Covid-19, os cardiopatas ganham destaque, por isso, é indicado cuidado
redobrado com o coração em meio à pandemia. Segundo o Ministério da Saúde, no
Brasil, as complicações de origem cardiovascular seguem como a principal causa
de morte entre os brasileiros.
A prevalência destas doenças é mais
expressiva do que muitos imaginam. As arritmias cardíacas - que são um
desbalanço do coração -, por exemplo, afetam cerca de 20 milhões de brasileiros
e causam, anualmente, 320 mil mortes súbitas, segundo dados da Sociedade
Brasileira de Arritmias Cardíacas publicados em 2015. A presença desta, e
outras patologias que afetam o coração, podem fragilizar a saúde da pessoa
frente ao novo coronavírus e, por isso, a manutenção de hábitos que levam ao
bem-estar do órgão nunca foram tão importantes.
Além disso, mesmo para pacientes sem
histórico pré-existente associado à complicação, a infecção causada pelo
coronavírus pode incitar o surgimento das arritmias. Por isso, o monitoramento
de possíveis sequelas cardiológicas pós-COVID é de extrema relevância. Dados da
pesquisa "More
than 50 Long-term effects of COVID-19: a systematic review and meta-analysis", publicada em 2021 e conduzida por
especialistas do México, Suécia e EUA, identificou que as palpitações e o
aumento na frequência cardíaca estão entre as três sequelas cardiológicas
pós-COVID mais prevalentes.
O que é a arritmia cardíaca?
A arritmia cardíaca consiste em
qualquer alteração na frequência habitual dos batimentos cardíacos, conhecida
como ritmo sinusal. De acordo com o Dr. Nilton Carneiro, cardiologista do
Hospital Santa Catarina - Paulista, ao contrário do que muitos pensam, esta
complicação não se limita apenas a uma aceleração nos batimentos, pois também
pode ser configurada quando o ritmo é inferior ao compasso considerado regular.
Embora este valor varie ao longo do
dia, a frequência cardíaca normal se mantém entre 50 e 90 batimentos por minuto
(bpm). "A condição é separada em duas categorias, as bradicardias (padrão
abaixo do comum) e as taquicardias (padrão acima do comum). Para indivíduos com
características genéticas que facilitam a incidência desta complicação, alguns tipos
de arritmia podem se manifestar logo na infância. Mesmo assim, a idade avançada
segue entre os principais contribuintes, principalmente no caso da fibrilação
atrial, uma variante da complicação", completa.
Grupos de risco e sintomas
Segundo o especialista, além dos
idosos, existem outros grupos de risco que podem ser mais suscetíveis ao
desenvolvimento da condição. Entre estes estão aqueles com histórico de
infarto, hipertireoidismo grave ou anemia, hipertensos, pacientes com doenças
que acometem as válvulas cardíacas e obesos. Vale notar que indivíduos que
passam por estresse e tensão emocional exacerbadas, ou que fumam e consomem
álcool excessivamente, também se encontram em maior vulnerabilidade.
"Importante ressaltar que a comorbidade pode surgir como um sintoma
secundário e, possivelmente fatal, para pacientes com quadros graves
relacionados, por exemplo, a insuficiência respiratória ou infecções em
estágios avançados, que levam ao estresse metabólico", adiciona.
Existem sintomas mapeados que se
associam à complicação e podem indicar a necessidade de visitar um especialista
para prevenir o avanço a quadros mais graves, capazes de impactar a qualidade
de vida a longo prazo. Entre os principais sinais que podem prenunciar a
presença da condição estão a fadiga, dificuldade em respirar, dores no peito,
suor frio e a queda na pressão, que pode levar a tontura, enjoo, vertigem ou
desmaios. Vale notar que até mesmo sintomas psicológicos podem acompanhar a
manifestação da comorbidade e por isso, deve-se ter atenção ao equilíbrio
emocional, principalmente quando se trata da ansiedade exacerbada.
Como prevenir?
Em relação às medidas que podem
contribuir para impedir a manifestação da condição, o Dr. Carneiro aponta que a
prevenção das complicações que fazem parte dos grupos de risco está entre os
cuidados mais efetivos. "Um estilo de vida saudável, com boa alimentação e
uma rotina de exercícios, também é uma ação preventiva de alta relevância,
porém, mesmo assim, as consultas periódicas com um especialista são necessárias
para monitorar o bem-estar do coração e mapear, com antecedência, a incidência
de possíveis complicações", completa.
Vale ressaltar que, para pacientes com
esta condição, a prática de exercícios físicos deve ser dosada de acordo com a
gravidade do quadro e a disposição do indivíduo em questão. "Os diferentes
tipos de atividades físicas exigem níveis variados de esforço e performance,
portanto é importante consultar um cardiologista para avaliar qual esporte
seria o mais adequado, levando em conta o tipo de arritmia e outros fatores
físicos", finaliza. Outras medidas preventivas relevantes incluem a
redução no consumo de bebidas energéticas que podem incitar estas alterações na
frequência cardíaca, causando maior predisposição para desenvolver um quadro de
arritmia.
Para aqueles que tiveram COVID-19, é
preciso garantir um acompanhamento adequado e auxiliado por consultas com um
cardiologista, pois o surgimento de sintomas associados a complicações pode ser
tardio, mesmo para quem já foi curado da infecção por tempo considerável. O
Hospital Santa Catarina - Paulista, por exemplo, possui um ambulatório
pós-COVID que contempla diversas especialidades, entre elas a Cardiologia.
Hospital Santa Catarina
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