Teste IGRA é capaz de identificar a doença em sua fase latente, possibilitando o tratamento precoce e evitando que a infecção se manifeste
Considerada a doença infecciosa que mais mata no mundo, a
tuberculose é um problema de saúde pública. Estima-se que 25% da população
mundial estejam infectados pelo bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis) em
sua forma latente, ou seja, sem apresentar sintomas, e apenas 10% são casos
ativos. Uma das maneiras mais efetivas de prevenir a transmissão e erradicar a
doença se dá pelo diagnóstico e tratamento precoces da tuberculose ativa e da
prevenção reativa da patologia, através do tratamento da infecção latente
(ILTB).
No Brasil, para
reforçar o combate a essa doença altamente contagiosa, o Ministério da Saúde
promoveu um pregão para aquisição de um exame inovador, que será
disponibilizado à população pelo SUS (Sistema Único de Saúde), para detecção da
tuberculose latente. A licitação foi vencida pela QIAGEN, multinacional alemã especialista
em tecnologia para diagnóstico molecular, que fornecerá ao órgão o teste IGRA
QuantiFERON-TB Gold Plus, considerado um exame referência e o mais utilizado no
mundo.
O método IGRA, ou
ensaio de liberação de Interferon-gama, está entre os mais precisos para
identificar a tuberculose em sua fase latente, analisados e recomendados pela
OMS (Organização Mundial da Saúde). Trata-se de um teste sensível, específico e
objetivo, realizado com uma pequena amostra de sangue, que apresenta resultado
rápido e seguro, com a precisão de testes laboratoriais. Outro benefício desse
exame é requerer apenas uma visita ao médico, sendo um processo mais ágil,
enquanto o método atualmente utilizado no SUS, o tuberculínico PPD, ocorre em
duas etapas: uma para aplicação do teste e outra para leitura e interpretação
do resultado.
A chegada dessa
tecnologia à rede pública de saúde amplia o diagnóstico da doença e beneficia a
população de alto risco, como HIV positivos, crianças contato de casos de
tuberculose ativa e candidatos a transplantes de células-tronco
hematopoiéticas. Os casos da infecção latente por tuberculose são considerados
como reservatórios do bacilo, e a qualquer momento, se o paciente tiver sua
imunidade afetada, pode vir a desenvolver a forma ativa, com sintomas.
"Disponibilizar
esse tipo de exame à população por meio do SUS é um importante passo para o
combate e erradicação de uma doença séria, que requer muita atenção. Fomos os
primeiros a chegar ao Brasil com essa tecnologia, a fomentar pesquisas e
apresentar soluções ao Programa Nacional de Controle de Tuberculose. Hoje,
todos os grandes laboratórios e hospitais do Brasil contam com o nosso produto
em seu portfólio e, agora, está disponível para a rede pública de saúde",
declara Paulo Gropp, vice-presidente da QIAGEN na América Latina.
Tuberculose ainda mata mais de 1 milhão de pessoas por ano
De acordo com dados
do Relatório Global da Tuberculose 2020, ao longo de 2019, a doença infectou
mais de 10 milhões de pessoas e levou a óbito mais de 1,2 milhão em todo o
mundo. No Brasil, considerado pela OMS como um dos 30 países que concentram 90%
dos casos, foram registrados 96 mil novos diagnósticos no mesmo período, sendo
6.700 fatais.
A organização ainda
destaca que é necessária a busca ativa e tratamento de ambos os tipos de
infecções por tuberculose (ativo e latente), para que haja uma redução
significativa no número de casos e na letalidade dessa enfermidade. Por se
tratar de uma doença tratável e curável, quanto antes for detectada, maiores são
os índices de sucesso do tratamento.
Covid-19 fez retroceder em 12 anos a erradicação da tuberculose
Estudos preliminares
compilados pela OMS, em mais de 80 países, apontam que 1,4 milhão de pessoas
receberam tratamento para tuberculose em 2020, o que corresponde a uma redução
de 21% em relação a 2019. O órgão analisa que, com a pandemia do novo
coronavírus, os compromissos assumidos por líderes globais, para eliminar a
doença como problema de saúde pública até 2030, estão em risco. Segundo
especialistas, a pandemia eliminou doze anos de progressos na luta global
contra a tuberculose.
Além disso, a
Covid-19 despertou um alerta entre profissionais da saúde e comunidade médica,
para os riscos de contaminação da população que já sofre com a tuberculose. Com
ambas as infecções afetando os pulmões, uma de forma viral e outra, bacteriana,
o quadro dos pacientes acometidos pela coinfecção pode ser muito mais grave e
fatal.
"Enfrentamos um
grande desafio com a Covid-19 e ele se torna ainda maior para pacientes
portadores de tuberculose, que, por si só, compromete a estrutura pulmonar,
deixando-a mais fragilizada e suscetível a complicações. É muito importante que
as pessoas que já tratam a tuberculose não parem o tratamento. Aos pacientes
que têm suspeita e ainda não fizeram exames para detectá-la, é recomendado
fazer o quanto antes, pois a tuberculose, quando diagnosticada precocemente,
tem grande chance de cura", explica o médico infectologista Dr. Marcos
Antonio Cyrillo, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
QIAGEN
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