20 anos após o ataque às torres gêmeas, a palavra se tornou comum no vocabulário mundial. Mas seu significado remonta há muito tempo antes desses atentados acontecerem, explica neurocientista.
Na
semana em que recordam os 20 anos do atentado ao World Trade Center, certamente
os mais diversos programas de televisão, jornais e sites da internet irão
tratar sobre as razões e consequências daquele que é considerado o maior ataque
terrorista da história, que deixou cerca de três mil mortos. No entanto, usar
métodos violentos como forma de intimidar ou simplesmente afrontar uma nação
(ou um povo inimigo) não é algo recente. A história mostra que o terrorismo é
algo antigo, e sempre com efeitos devastadores.
De
início, conforme lembra o PhD, neurocientista, historiador e antropólogo Fabiano de Abreu, é
importante entender que a palavra “terrorismo” remonta à Revolução Francesa, ao
terror dos jacobinos e de suas guilhotinas. “Este fenômeno teve início ao final
do século XIX quando os anarquistas começaram a jogar bombas. Anos depois, esta
conduta se tornou comum após a Segunda Guerra Mundial, quando as nações visavam
obter resultados políticos através da criação de situações de pânico coletivo,
sendo que todas essas ações em comum tentam intimidar a sociedade civil”.
Voltando
no tempo, Fabiano ressalta que “já existia terrorismo na república romana até
fins do século XVIII, a chamada ‘guerra destrutiva’ ou ‘guerra punitiva’ Na
Grécia antiga, acontecia uma prática de assassinatos em países adversários, que
como dito acima, visava uma maneira de criar pânico naquela população”,
acrescenta.
Já
no século XIX, Abreu explica que a palavra “terrorismo” passou a denominar “o
movimento anarquista que buscava enfraquecer e destruir o poder estatal. Poucos
anos depois, o agravamento das relações mundiais deu lugar a este fenômeno como
conhecemos atualmente”.
“Se
por um lado o século XX teve a globalização como exemplo do fortalecimento das
relações comerciais e políticas entre as nações, por isso é preciso entender
que ao mesmo tempo atitudes violentas ganharam mais adeptos e incentivadores.
Atualmente, por exemplo, pode-se dizer que este processo ganhou mais adeptos ao
fundamentalismo religioso, e nisso se inclui o crescimento de pessoas com
ideais neo-anarquistas, sendo muitos deles vivendo no mundo islâmico que em
busca de sua Jihad Islâmica. Para conseguir seu objetivo, eles praticam atos
extremos de terror e violência, especialmente contra as mulheres”, complementa
o neurocientista.
Ao
mesmo tempo que ações violentas ganham mais adeptos, tornou-se necessário
entender e compreender a mente dessas pessoas e porque elas aceitaram essa
condição como uma espécie de meio de vida. Fabiano acredita que neste sentido,
“é preciso compreender que, primeiramente, o terrorismo não é algo novo,
todavia é extremamente prejudicial para quem sofre e para quem o pratica, pois
notadamente afeta diretamente o sistema nervoso de ambos”.
Foi
para entender o funcionamento cerebral de quem comete estes ataques contra
outras pessoas passou a ser estudado pela ciência. “Por meio da neuroanatomia,
é possível saber como se comportam aqueles que organizam os ataques, a maneira
que eles usam para influenciar as massas e traçar uma cronologia da evolução do
conhecimento neuroanatômico. Ainda assim, é preciso lembrar que, por mais que
os cérebros de qualquer pessoa seja anatômico igual, por outro é preciso
entender que portadores de transtorno de personalidade podem ser vítimas destes
transtornos e assim será possível entender como a mente deles justifica seus
atos”, destaca o neurocientista.
Para
conseguir este objetivo, uma das melhores ferramentas é a neurociência. Fabiano
explica que “ela é a parte da ciência que procura entender como o cérebro dá
lugar às atividades mentais, inclusive de aprendizado de capacidade boas e
ruins. É importante lembrar que o cérebro tem plasticidade neural o que lhe
permite aprender constantemente. Ou seja, é a propriedade que permite ao
Sistema Nervoso Central se desenvolver e responder a estímulos, sobretudo no
córtex pré-frontal. Enquanto isso, será possível também compreender a mente das
pessoas que investem nessas ações chamadas de terroristas, o que futuramente
poderá servir para pesquisas e facilitar com ainda mais facilidades os
criminosos que cometem estes crimes”, finaliza.
Créditos de: Divulgação
MF Press Global
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