Segundo levantamento da OMS, 15% da população brasileira sofre com o problema e 1 em cada 5 casais precisa de ajuda especializada
A infertilidade é um problema que afeta muitas
pessoas no Brasil e no mundo todo. Segundo a OMS, 15% da população sofre com o
problema no país, e 1 em cada 5 casais necessitam de ajuda especializada para
conceber. Daí vem a importância de disseminar informações sobre um problema que
envolve uma parte tão importante do ser humano: a formação de novas vidas. Por
isso, junho foi designado como o Mês Mundial de Conscientização da
Infertilidade.
A necessidade de um período determinado para falar
sobre a condição vem da noção de tabu que ela ainda carrega em nossa sociedade,
principalmente para os casais que não conseguem engravidar, muitos encarando o
problema como uma falha pessoal. “Na clínica muitos de meus pacientes nem
chegam a comunicar suas próprias famílias que estão passando por um tratamento
do tipo,” comenta Fernando Prado, ginecologista e obstetra, especialista em
reprodução assistida.
Isso ainda quando o par afetado procura ajuda junto
à um médico, o que não é sempre o caso. “Existe um senso de constrangimento que
afeta a família, e já conheci muitos casais que demoraram para me procurar,
mesmo depois de anos tentando conceber, por conta disso,” explica.
Prado esclarece que dificilmente sem a ajuda de um
profissional, e a análise do material genético de ambos os parceiros, será possível
determinar qual é a raiz da infertilidade. O funcionamento dos órgãos de
reprodução é complexo e envolve diversos aspectos, tanto físicos quanto
emocionais. O parâmetro é que após um ano sem sucesso com a gravidez, é
necessário buscar um especialista que fará uma averiguação extensa da saúde do
casal.
Isso pode até surpreender muita gente, já que
existe também a preconcepção que a infertilidade é um problema que só afeta
mulheres, especialmente por conta da falta de informação que temos por vezes sobre
o órgão reprodutor feminino.
Mesmo mulheres tendo maior propensão a condições
que afetam a concepção, como síndrome do ovário policístico, endometriose ou
até mesmo sua idade, que afeta os níveis de fertilidade, segundo outro
levantamento da OMS, 40% dos casos de infertilidade no mundo, são ligados aos
homens.
“Em geral, homens têm menos zelo pela saúde do que
as mulheres,” complementa o especialista. “Fatores como peso e uma alimentação
desregrada, ingestão de bebidas alcoólicas e o consumo de tabaco são
fundamentais quando falamos de gravidez.”
Mesmo assim ele ainda frisa que é importante não
julgar quando há dificuldades para aumentar a família. “Claro, é um período de
estresse para os envolvidos, mas alegar culpa a qualquer um dos lados é
improdutivo. A união entre as partes é o mais importante num momento de
decisões importantes”, explica Prado.
Para ele é essencial ter paciência e manter a
tranquilidade. “Pode ser algo simples de se resolver, como um desequilíbrio
hormonal que quando corrigido possibilita a concepção,” ele complementa. “Ou
até um caso que necessite que os óvulos sejam fecundados em laboratório, um
processo mais longo, porém resolutivo da mesma maneira”, esclarece o
especialista.
Por isso é tão significativo que a conscientização
sobre a infertilidade exista em nossa sociedade, e por consequência sua
normalização. Existem diversas soluções disponíveis com o avanço da tecnologia
moderna, mesmo que pareça, por conta da carga emocional, algo sem saída. “Não
há nada de errado com a dificuldade de conceber, e é mais comum do que parece,
porque que muitas pessoas decidem não falar sobre suas experiências. Procurando
ajuda especializada, sua vida e a do seu parceiro serão bem menos cansativas,”
finaliza Prado.
Fernando
Prado - Médico ginecologista e obstetra, especialista em reprodução humana,
doutor pelo Imperial College London e pela Universidade Federal de São Paulo,
diretor técnico da Neo Vita e diretor do setor de embriologia do Labforlife.

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