Anh Nhi Đỗ Lê-Pixabay |
A
pandemia do Coronavírus provocou mudanças em todos os lugares do planeta. Seja
na economia, no trabalho, no comportamento e no relacionamento das pessoas que
passaram a ficar mais tempo dentro de casa para estudar, fazer consultas
médicas ou receber encomendas, quase tudo foi modificado.
Quem vive
em condomínios e quem faz a gestão desses locais - onde residem dezenas de
famílias e circulam inúmeras pessoas - também precisou se adequar às
transformações geradas pela Covid-19.
“Foram
incontáveis situações nunca vivenciadas. Foi preciso manter o discernimento,
ampliar a comunicação, adaptar-se rapidamente às novas exigências e propor soluções
para intermediar e facilitar o diálogo entre as
partes que estavam em desacordo”, explica o presidente da Associação das
Administradoras de Condomínios do Estado do Paraná (AACEP), Luiz Fernando
Martins Alves; entidade que representa mais de mil condomínios em todas as
regiões do Estado.
Mais aprendizados, menos conflitos
Entre as grandes mudanças enfrentadas na gestão dos condomínios em
2020, destaque para as habilidades em lidar com diferentes perfis e estilos de
personalidade para se comunicar adequadamente com a multidão que ainda
permanece mais tempo dentro de casa, mas não estava acostumada a isso.
Um indicador do IBGE mostrou que o número de trabalhadores em home
office em 2020 chegou a 8,4 milhões de pessoas, contra apenas 3,8 milhões em 2018.
Não por acaso, os campeões de reclamações - segundo o presidente da AACEP -
foram o barulho [ruídos de móveis, cachorros e crianças], vazamentos de águas,
carros mal estacionados nas garagens e pátios, realização de obras emergenciais
ou internas, consumo exagerado de água, desconhecimento das regras do
condomínio e reclamações por motivos fúteis.
“Muito mais do que criar novas regras ou aplicar o Regimento Interno, o
síndico e as administradoras tiveram que aprimorar seus conhecimentos na
arte de mediar conflitos”, conta Débora Nunes Camaroski, advogada da CM Baiak,
empresa especialista em gerir condomínios e associada à AACEP.
O bom
entendimento entre o síndico e a administradora também foi decisivo para que
ambos realizassem os trabalhos em sintonia e proporcionassem harmonia na gestão
do local.
Sai o
amadorismo, entra o profissionalismo
Outras
atividades que integram o escopo do universo condominial também exigiram “jogo
de cintura” para manter a boa convivência em 2020. A realização
de assembleias virtuais, a
interdição das áreas de lazer, o
cuidado com as obras nas unidades e os
intensos protocolos sanitários para evitar contaminação nas áreas comuns foram
atividades frequentes ano passado.
Além disso, a gestão financeira, os aspectos jurídicos, a
inadimplência, denúncias de violência doméstica, a prorrogação
dos mandatos dos gestores, o uso da tecnologia para fazer assembleias e
reuniões virtuais, os cuidados com festas de Natal, Ano Novo e Carnaval
exigiram esforços extras.
“A situação do Coronavírus comprovou que gerir um condomínio não é coisa para amadores. A
busca por administradoras experientes, que conhecem as leis, sabe quais são os
direitos e deveres de todos que residem em condomínios e conseguem se comunicar
com diferentes estilos e perfis de moradores cresceu em 2020”, ressalta Martins
Alves.
E a
tendência é que a busca por profissionais do ramo continue em alta. Em Curitiba
e Região Metropolitana, de acordo com estimativas da AACEP, existem cerca de 10
mil condomínios. No Brasil, tomando como base apenas as edificações verticais
destinadas ao comércio e moradia, são pelo menos 440 mil condomínios.
Parceria
de verdade
Na hora
de escolher uma administradora, tanto o presidente da AACEP quanto Débora
Camaroski enfatizam alguns cuidados para não comprar gato por lebre.
“Esqueça
a ideia de que esses trabalhos podem ser feitos por qualquer um, na tentativa
simplória de reduzir custos. Uma administradora deve ter histórico de credibilidade,
transparência na gestão, equipe capacitada para responder às questões jurídicas
e contábeis, dar todo suporte ao síndico para que ele tenha tranquilidade na
hora de prestar contas aos moradores”, ressalta Martins Alves.
“Além
disso, é preciso cumprir prazos e as regras estabelecidas em contratos. E
acredite: existem moradores que nem mesmo sabem o que pode ou não ser feito no
condomínio onde residem”, destaca a advogada.
Outra
recomendação da Associação das Administradoras refere-se à idoneidade e solidez
de quem será o ‘braço direito e esquerdo’ do síndico, principalmente em
situações delicadas. “Na hora da verdade, algumas empresas que ainda fazem
trabalhos amadores, sem a capacidade técnica para resolver os problemas e sem
os conhecimentos para dar segurança jurídica costumam deixar o síndico e os
moradores a ver navios”, observa o presidente Luiz Fernando Martins Alves.
Entrosamento
Para o
segundo semestre de 2021, os desafios continuam. “Os maiores obstáculos serão
encontrar soluções inteligentes para que os condôminos se tornem aliados dos
administradores e que as regras do Regimento Interno estejam enraizadas no
comportamento local”, explica Débora.
Se por um
lado os meses de pandemia já se caracterizaram com uma verdadeira escola
repleta de aprendizados, novas lições ainda devem surgir. “Agora temos que
evoluir na resolução dos problemas, nas reuniões e assembleias virtuais que
devem permanecer, no uso de aplicativos que vem para facilitar as ações diárias
e no diálogo com os moradores para que a boa convivência seja uma regra; não
exceção”, destaca o presidente da AACEP.
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