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terça-feira, 29 de junho de 2021

Pandemia exige novas habilidades para administrar condomínios

 

Anh Nhi Đỗ Lê-Pixabay
Profissionalismo, aplicação das leis e habilidades de relacionamento são atributos mais requisitados para quem faz gestão condominial 

 

A pandemia do Coronavírus provocou mudanças em todos os lugares do planeta. Seja na economia, no trabalho, no comportamento e no relacionamento das pessoas que passaram a ficar mais tempo dentro de casa para estudar, fazer consultas médicas ou receber encomendas, quase tudo foi modificado.

 

Quem vive em condomínios e quem faz a gestão desses locais - onde residem dezenas de famílias e circulam inúmeras pessoas - também precisou se adequar às transformações geradas pela Covid-19.

 

“Foram incontáveis situações nunca vivenciadas. Foi preciso manter o discernimento, ampliar a comunicação, adaptar-se rapidamente às novas exigências e propor soluções para intermediar e facilitar o diálogo entre as partes que estavam em desacordo”, explica o presidente da Associação das Administradoras de Condomínios do Estado do Paraná (AACEP), Luiz Fernando Martins Alves; entidade que representa mais de mil condomínios em todas as regiões do Estado.


 

Mais aprendizados, menos conflitos


Entre as grandes mudanças enfrentadas na gestão dos condomínios em 2020, destaque para as habilidades em lidar com diferentes perfis e estilos de personalidade para se comunicar adequadamente com a multidão que ainda permanece mais tempo dentro de casa, mas não estava acostumada a isso.

 

Um indicador do IBGE mostrou que o número de trabalhadores em home office em 2020 chegou a 8,4 milhões de pessoas, contra apenas 3,8 milhões em 2018. Não por acaso, os campeões de reclamações - segundo o presidente da AACEP - foram o barulho [ruídos de móveis, cachorros e crianças], vazamentos de águas, carros mal estacionados nas garagens e pátios, realização de obras emergenciais ou internas, consumo exagerado de água, desconhecimento das regras do condomínio e reclamações por motivos fúteis.

 

Muito mais do que criar novas regras ou aplicar o Regimento Interno, o síndico e as administradoras tiveram que aprimorar seus conhecimentos na arte de mediar conflitos”, conta Débora Nunes Camaroski, advogada da CM Baiak, empresa especialista em gerir condomínios e associada à AACEP.

 

O bom entendimento entre o síndico e a administradora também foi decisivo para que ambos realizassem os trabalhos em sintonia e proporcionassem harmonia na gestão do local.


 

Sai o amadorismo, entra o profissionalismo


Outras atividades que integram o escopo do universo condominial também exigiram “jogo de cintura” para manter a boa convivência em 2020. A realização de assembleias virtuais, a interdição das áreas de lazer, o cuidado com as obras nas unidades e os intensos protocolos sanitários para evitar contaminação nas áreas comuns foram atividades frequentes ano passado.

 

Além disso, a gestão financeira, os aspectos jurídicos, a inadimplência, denúncias de violência doméstica, a prorrogação dos mandatos dos gestores, o uso da tecnologia para fazer assembleias e reuniões virtuais, os cuidados com festas de Natal, Ano Novo e Carnaval exigiram esforços extras.

 

A situação do Coronavírus comprovou que gerir um condomínio não é coisa para amadores. A busca por administradoras experientes, que conhecem as leis, sabe quais são os direitos e deveres de todos que residem em condomínios e conseguem se comunicar com diferentes estilos e perfis de moradores cresceu em 2020”, ressalta Martins Alves.

 

E a tendência é que a busca por profissionais do ramo continue em alta. Em Curitiba e Região Metropolitana, de acordo com estimativas da AACEP, existem cerca de 10 mil condomínios. No Brasil, tomando como base apenas as edificações verticais destinadas ao comércio e moradia, são pelo menos 440 mil condomínios. 


 

Parceria de verdade


Na hora de escolher uma administradora, tanto o presidente da AACEP quanto Débora Camaroski enfatizam alguns cuidados para não comprar gato por lebre.

 

“Esqueça a ideia de que esses trabalhos podem ser feitos por qualquer um, na tentativa simplória de reduzir custos. Uma administradora deve ter histórico de credibilidade, transparência na gestão, equipe capacitada para responder às questões jurídicas e contábeis, dar todo suporte ao síndico para que ele tenha tranquilidade na hora de prestar contas aos moradores”, ressalta Martins Alves.

 

“Além disso, é preciso cumprir prazos e as regras estabelecidas em contratos. E acredite: existem moradores que nem mesmo sabem o que pode ou não ser feito no condomínio onde residem”, destaca a advogada.

 

Outra recomendação da Associação das Administradoras refere-se à idoneidade e solidez de quem será o ‘braço direito e esquerdo’ do síndico, principalmente em situações delicadas. “Na hora da verdade, algumas empresas que ainda fazem trabalhos amadores, sem a capacidade técnica para resolver os problemas e sem os conhecimentos para dar segurança jurídica costumam deixar o síndico e os moradores a ver navios”, observa o presidente Luiz Fernando Martins Alves.


 

Entrosamento


Para o segundo semestre de 2021, os desafios continuam. “Os maiores obstáculos serão encontrar soluções inteligentes para que os condôminos se tornem aliados dos administradores e que as regras do Regimento Interno estejam enraizadas no comportamento local”, explica Débora.

 

Se por um lado os meses de pandemia já se caracterizaram com uma verdadeira escola repleta de aprendizados, novas lições ainda devem surgir. “Agora temos que evoluir na resolução dos problemas, nas reuniões e assembleias virtuais que devem permanecer, no uso de aplicativos que vem para facilitar as ações diárias e no diálogo com os moradores para que a boa convivência seja uma regra; não exceção”, destaca o presidente da AACEP.



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