Fonoaudióloga da Audiba explica por que surdez altera processo de aprendizado e como diagnóstico precoce e tratamento adequado podem ajudar na redução dos danos
Problemas auditivos
não escolhem idade. Podem acontecer com adultos na meia idade, com idosos e
também com crianças ainda na primeira infância. E nesses casos, a negligência
ou a falta de informação podem resultar em consequências graves. Às vezes,
irreversíveis.
A boa notícia é que
existem possibilidades de tratamento da surdez que pode acometer os pequenos.
Feito logo após o nascimento do bebê, o teste da orelhinha mede os estímulos
sonoros recebidos pela criança de maneira rápida e indolor. Desde 2010, a
realização do exame se tornou obrigatório por lei em todas as maternidades do
país, inclusive nas do SUS (Sistema Único de Saúde).
"A perda auditiva
prejudica a aquisição e o desenvolvimento de linguagem, uma vez que a criança é
privada de ouvir sons", explica Marcia Bonetti, fonoaudióloga e técnica
responsável da Audiba, empresa de aparelhos auditivos de Curitiba, no Paraná.
"Com o atraso na fala, a expressão oral e a escrita também ficam
comprometidas, tornando comuns as trocas fonêmicas, dificuldades em formar
sílabas e frases", informa.
Marcia acrescenta que
o comprometimento pode prejudicar, como consequência, o desenvolvimento escolar
e social da criança. Uma criança que não ouve direito e, por consequência, se
desenvolve com problemas na fala pode, por exemplo, preferir o isolamento a
passar pelo constrangimento de ser mal entendido por outras crianças, ou até
virar motivo de piada.
Origens do problema
A surdez pode ter
origens diversas. Algumas doenças, se afetarem a gestante e não houver
tratamento adequado, podem resultar em problemas auditivos para o bebê.
Meningite, rubéola, diabetes, pressão alta, toxoplasmose, sífilis e herpes são
algumas delas. A surdez com origem nessas doenças é chamada de surdez de
percepção ou neurossensorial, porque resulta de uma lesão nas células nervosas
e sensoriais que levam o estímulo sonoro da cóclea (parte auditiva do ouvido interno)
ao cérebro. São raros os tratamentos para problemas que atingem a cóclea ou o
nervo auditivo.
Já a surdez por
condução é a que se baseia no bloqueio da passagem do som da orelha externa até
a interna, que pode ocorrer pelo rompimento do tímpano, excesso de cera,
infecção dos ossículos da orelha média ou algum material estranho no canal
auditivo. Medicamentos e cirurgia podem reverter o problema.
A surdez central
ocorre com o processo natural de envelhecimento. O sistema auditivo sofre
desgaste com o passar dos anos, assim como outros órgãos do corpo humano. O
modo como o ouvido é tratado ao longo da vida tem influência real nesse
processo. Neste caso, a adaptação a um aparelho auditivo pode conter a
progressão do problema, mantendo o córtex cerebral ativo ao continuar recebendo
estímulo sonoro. "Na maioria das vezes, os problemas auditivos são
possíveis tratamentos com medicamentos, cirurgia ou uso de aparelho
auditivo", reforça Marcia.
E nesses casos, é
fundamental que a criança passe por um exame, detectado qualquer sinal de um
eventual problema auditivo e, uma vez confirmado, seja acompanhado pela empresa
ou profissional que faz a adaptação ao uso da prótese. "O acompanhamento é
fundamental para que a adaptação seja bem sucedida", esclarece Marcia. "É
preciso acompanhar o paciente para fazer os ajustes necessários de acordo com
os exames, para saber se a resposta é positiva em relação à prótese, para a
higienização adequada, para o acompanhamento da pessoa que está fazendo uso do
aparelho", detalha.
Cinco sinais de que
uma criança pode ter problemas auditivos:
• Assiste a TV em um
volume mais alto que o normal;
• Pede, com
frequência, para que algo dito a ela seja repetido;
• Queda no rendimento
escolar, ou ainda relato de professor quanto à dificuldade em ouvir o que é
dito em sala de aula ou pelos colegas;
• Desatenção em boa
parte do tempo;
• Olhar com muita
atenção da criança aos pais enquanto eles falam, como se ela precisasse também
do estímulo visual (leitura labial) para compreender o que está sendo dito.
Assim, pais precisam
estar atentos ao comportamento da criança já nos primeiros meses de vida. E
procurar atendimento médico especializado caso notem esses ou outros sinais nos
filhos, que podem também reclamar de forma mais direta sobre algum problema na
audição.
Audiba
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