Estamos vivendo um novo momento da agricultura com as máquinas agrícolas se modernizando cada vez mais, ou seja, com máquinas autônomas que serão totalmente movidas a energia elétrica em um futuro bem próximo, construindo assim para diminuição da poluição.
Além das máquinas, nós temos muito mais tecnologia
de todos os implementos para o preparo do solo a fim de que o agricultor tenha
mais economicidade, eficiência, produtividade na distribuição dos fertilizantes
e na deposição das sementes. Tudo isso aliado a uma agricultura de precisão que
tem feito a diferença dentro daquilo que nós chamamos de agricultura 4.0 e a
quarta revolução agrícola.
Essas tecnologias mudam a forma de como encaramos o
processo de produção, abrindo novos mercados e gerando melhores produtos e
oportunidades. Isso explica boa parte dos bons resultados colhidos pelo
agronegócio brasileiro.
Além disso, a evolução 4.0 pressupõe vários benefícios entre eles os financeiros e esta é a alavanca que deve acelerar a adoção das novas tecnologias. Esta revolução propicia gestão de grande volume de dados e desenvolvimento de sistemas de informação de apoio à tomada de decisão, e também máquinas cada vez mais flexíveis, adaptáveis, autônomas e inteligentes, com leitura ambiental em tempo real e respostas imediatas. Tudo isto irá melhorar a eficiência dos processos, nas dimensões mecânica/eletrônica, agronômica e financeira, resultando em ganhos de produtividade e melhoria nos aspectos de sustentabilidade no campo.
Apesar desse progresso, nós temos que entender que
hoje no Brasil tem aproximadamente um 1,2 milhão de máquinas agrícolas e metade
delas têm mais de 10 anos de idade e isso implica dizer que nós precisamos
renovar o nosso parque o mais rápido possível. O agricultor hoje com mais
renda, com condições de financiamentos que necessita pode modernizar esse
parque o mais rápido possível para dar uma evolução tecnológica do que eles
precisam.
Outro aspecto que impacta o avanço do agro 4.0 é a
questão da conectividade no campo que é ainda o grande gargalo e pode ser
solucionado com a liberação de redes Rede LPWAN (LoRa , SigFox, Ingenu, NB-IoT,
LTE-M ), satélites, ampliadores de sinal e banda de 450 mhz e a
implementação de faixas privadas de 5G.
A falta de acesso à internet é uma restrição ao
processo de envio de dados para nuvens. Mesmo o agricultor podendo armazenar os
dados nas próprias máquinas e depois descarregar nos pontos de internet nas
sedes das fazendas, porém ao optar por essa alternativa o produtor perde o benefício
dos dados online em tempo real.
Para se ter uma ideia dessa realidade, o Censo
Agropecuário de 2017, elaborado pelo Instituto Brasileira de Geografia e
Estatística (IBGE), revelou que o Brasil tem 5,07 milhões de estabelecimentos
rurais e 71,8% desses não têm acesso à internet (3,64 milhões de propriedades).
Já estudo do AgroHUB mostrou que apenas 14% das propriedades rurais têm alguma
cobertura para internet. Então fica o desafio para todos nós de como ampliar a
conectividade no campo.
Outro grande desafio na modernização no campo para
o uso adequado destas tecnologias é a capacitação ou educação na utilização de
todas as ferramentas que estão disponíveis para os produtores. Esta capacitação
é necessária em várias frentes, iniciando pelo gestor ou proprietário da
fazenda que deve ter conhecimento das inovações e disposição para aplicá-la na
propriedade. Os operadores de máquinas é outra frente que deve ser capacitada,
e principalmente, os técnicos das ciências agronômicas que terão pela frente a
análise dos dados gerados.
Para a indústria de máquinas agrícolas, mas
especificamente, também há um grande desafio de levar estas tecnologias de
ponta que estão muito concentradas nas grandes máquinas, para máquinas médias e
pequenas e proporcionar ao pequeno e médio agricultor o uso destas novas
tecnologias. O desafio é adaptar os softwares a custo competitivo para pequenas
propriedades.
Com a digitalização nunca mais veremos o campo da
mesma maneira. A transição 4.0 será gradual, e a velocidade de implantação vai
depender não apenas da tecnologia, mas também de fatores econômicos e
estratégicos de cada país e de cada organização, como custo brasil, educação e
infraestrutura digital. O Brasil pode aproveitar essa oportunidade e pode
liderar essa nova onda tecnológica, depende de nós.
João Marchesan - administrador de empresas,
empresário e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ – Associação
Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos.
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