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quarta-feira, 7 de abril de 2021

Os desafios da agricultura do futuro

Estamos vivendo um novo momento da agricultura com as máquinas agrícolas se modernizando cada vez mais, ou seja, com máquinas autônomas que serão totalmente movidas a energia elétrica em um futuro bem próximo, construindo assim para diminuição da poluição.

Além das máquinas, nós temos muito mais tecnologia de todos os implementos para o preparo do solo a fim de que o agricultor tenha mais economicidade, eficiência, produtividade na distribuição dos fertilizantes e na deposição das sementes. Tudo isso aliado a uma agricultura de precisão que tem feito a diferença dentro daquilo que nós chamamos de agricultura 4.0 e a quarta revolução agrícola.

Essas tecnologias mudam a forma de como encaramos o processo de produção, abrindo novos mercados e gerando melhores produtos e oportunidades. Isso explica boa parte dos bons resultados colhidos pelo agronegócio brasileiro.

Além disso, a evolução 4.0 pressupõe vários benefícios entre eles os financeiros e esta é a alavanca que deve acelerar a adoção das novas tecnologias. Esta revolução propicia gestão de grande volume de dados e desenvolvimento de sistemas de informação de apoio à tomada de decisão, e também máquinas cada vez mais flexíveis, adaptáveis, autônomas e inteligentes, com leitura ambiental em tempo real e respostas imediatas. Tudo isto irá melhorar a eficiência dos processos, nas dimensões mecânica/eletrônica, agronômica e financeira, resultando em ganhos de produtividade e melhoria nos aspectos de sustentabilidade no campo. 

Apesar desse progresso, nós temos que entender que hoje no Brasil tem aproximadamente um 1,2 milhão de máquinas agrícolas e metade delas têm mais de 10 anos de idade e isso implica dizer que nós precisamos renovar o nosso parque o mais rápido possível. O agricultor hoje com mais renda, com condições de financiamentos que necessita pode modernizar esse parque o mais rápido possível para dar uma evolução tecnológica do que eles precisam.

Outro aspecto que impacta o avanço do agro 4.0 é a questão da conectividade no campo que é ainda o grande gargalo e pode ser solucionado com a liberação de redes Rede LPWAN (LoRa , SigFox, Ingenu, NB-IoT, LTE-M ), satélites, ampliadores de sinal e banda de 450 mhz e a  implementação de faixas privadas de 5G.

A falta de acesso à internet é uma restrição ao processo de envio de dados para nuvens. Mesmo o agricultor podendo armazenar os dados nas próprias máquinas e depois descarregar nos pontos de internet nas sedes das fazendas, porém ao optar por essa alternativa o produtor perde o benefício dos dados online em tempo real.

Para se ter uma ideia dessa realidade, o Censo Agropecuário de 2017, elaborado pelo Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que o Brasil tem 5,07 milhões de estabelecimentos rurais e 71,8% desses não têm acesso à internet (3,64 milhões de propriedades). Já estudo do AgroHUB mostrou que apenas 14% das propriedades rurais têm alguma cobertura para internet. Então fica o desafio para todos nós de como ampliar a conectividade no campo.

Outro grande desafio na modernização no campo para o uso adequado destas tecnologias é a capacitação ou educação na utilização de todas as ferramentas que estão disponíveis para os produtores. Esta capacitação é necessária em várias frentes, iniciando pelo gestor ou proprietário da fazenda que deve ter conhecimento das inovações e disposição para aplicá-la na propriedade. Os operadores de máquinas é outra frente que deve ser capacitada, e principalmente, os técnicos das ciências agronômicas que terão pela frente a análise dos dados gerados.

Para a indústria de máquinas agrícolas, mas especificamente, também há um grande desafio de levar estas tecnologias de ponta que estão muito concentradas nas grandes máquinas, para máquinas médias e pequenas e proporcionar ao pequeno e médio agricultor o uso destas novas tecnologias. O desafio é adaptar os softwares a custo competitivo para pequenas propriedades.

Com a digitalização nunca mais veremos o campo da mesma maneira. A transição 4.0 será gradual, e a velocidade de implantação vai depender não apenas da tecnologia, mas também de fatores econômicos e estratégicos de cada país e de cada organização, como custo brasil, educação e infraestrutura digital. O Brasil pode aproveitar essa oportunidade e pode liderar essa nova onda tecnológica, depende de nós.

 



João Marchesan - administrador de empresas, empresário e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos.


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