Ministério da
Saúde recomenda adiar possíveis planos de gestaçãowww.freepik.com
O início da pandemia em 2020 interrompeu o
planejamento na vida de muitos brasileiros. Grande parte dos casais que
gostariam de aumentar a família no ano passado em especial, tiveram que adiar
seus planos com a esperança de que o clima de incerteza terminasse com a
chegada de 2021. Porém, ele permanece.
Com as novas variantes do coronavírus no Brasil, na
última semana o Ministério da Saúde aconselhou a população que, caso pudessem,
evitassem uma gestação no momento. “Tanto a gestação, quanto os primeiros meses
pós-parto são naturalmente períodos delicados, que podem ter seus riscos
agravados pelo vírus”, esclarece Doutor Fernando Prado, ginecologista e
obstetra especializado em reprodução assistida da Clínica Neo Vita.
O especialista explica que infecções respiratórias
podem ser mais sérias a partir do segundo trimestre de gestação, devido à
pressão aplicada pelo útero nos pulmões e a mulher também tem o sistema
imunológico mais sobrecarregado na gravidez. Além disso, os riscos de trombose,
que já são maiores durante a gravidez, duplicam com a doença.
A sobrecarga do sistema de saúde também deve ser
considerada. Segundo dados do Observatório Obstétrico da Covid-19, apenas 1 em
cada 5 mulheres gestantes com o vírus conseguiu acesso a UTI desde o começo da
pandemia no país. Até julho de 2020 o Brasil registrou 77% das mortes de
gestantes e puérperas pelo coronavírus no mundo, segundo estudo realizado por
instituições públicas e divulgado pelo periódico médico International Journal
of Gynecology and Obstetrics.
“O grande problema é a falta de dados que podemos
dar aos pacientes. Existem diversos estudos sendo realizados no momento sobre
como o vírus se comporta em relação à gestante e ao bebê, mas nada concreto”,
complementa o especialista.
De qualquer maneira, com os cuidados e
recomendações médicas sendo seguidos à risca, foi possível para muitas mulheres
terem seus bebês tranquilamente durante a pandemia. Mas, doutor Fernando Prado
acredita que não há nada de errado em não querer correr riscos em um momento
como este. “Se você está numa idade fértil, entre os 20 e 35 anos, não é errado
esperar que a situação se estabilize. Há opções para adiar a maternidade sem
prejudicar as chances futuras”, enfatiza.
Agora, para quem está se aproximando do fim deste
período ou não pode esperar, há sempre a possibilidade de congelar os óvulos
para pensar numa gravidez futura em um período menos conturbado, sem interferir
nos níveis de fertilidade existentes agora. Segundo o IBGE, a procura pelo
procedimento vem aumentando até antes da pandemia. Neste último ano, doutor
Prado informa que na clínica em que atua houve um aumento de 30% na busca pelo
congelamento de óvulos e embriões.
“No final, acredito que o mais importante é estar
confortável com a sua decisão. Por isso, converse com seu médico e família para
juntos considerarem todas as opções para que a melhor decisão seja tomada”,
finaliza.
Fernando
Prado - Médico ginecologista e obstetra, especialista em reprodução humana,
doutor pelo Imperial College London e pela Universidade Federal de São Paulo,
diretor técnico da Neo Vita e diretor do setor de embriologia do Labforlife.
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